Com o apoio da comunidade, moradores da zona Norte tentam o recomeço depois da enchente

Com o apoio da comunidade, moradores da zona Norte tentam o recomeço depois da enchente

Prefeitura montou um posto avançado na Associação dos moradores da Vila Elizabeth e Parque com atendimento para serviços relacionados à enchente

Paula Maia

Moradores do Bairro Sarandi reconstroem casas e vidas pós enchente de maio de 2024. Domingos Tenedini, Presidente da AMVEP

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Domingos Tenedini está na sua segunda gestão como presidente da Associação dos Moradores da Vila Elizabeth e Parque (AMVEP), na zona Norte de Porto Alegre. Com o passar do tempo, ele viu o bairro crescer assim como associação, e hoje ele ajuda na reconstrução da casa do neto Jhonatan Tenedini, que ficou totalmente destruída durante a enchente de maio, enquanto a AMVEP também lida com os estragos gerados pelas águas.

O neto, que mora na Vila Asa Branca, afirma que a ajuda do avó está sendo fundamental e revela que se tivesse uma oportunidade mudaria de bairro, pois o medo de uma nova enchente é presente. Ele recebeu apenas o benefício federal, e diz que apesar das dificuldades, a família está conseguindo se reerguer graças a ajuda da comunidade e doações recebidas.

Domingos considera que a reconstrução da zona Norte será lenta e lembra com muita tristeza da enchente. Ele destaca que a sua grande preocupação é com o impacto do aterramento das áreas alagadiças na cidade, como o espaço que está localizado o dique da zona Norte e regiões do entorno, que antes funcionavam como esponjas naturais para absorver água.

Ele também menciona o crescimento de áreas urbanas e invasões em zonas de risco, afirmando que a prefeitura permitiu construções em áreas vulneráveis. Tenedini sugere que a prefeitura deveria ter agido para evitar essas construções e discute o problema da água que não tem para onde escoar devido à urbanização excessiva.

Domingos está ajudando na reconstrução da casa do neto Jhonatan, na Vila Asa Branca | Foto: Ricardo Giusti

"Aqui no Sarandi nós tínhamos 23 campos de futebol. Hoje nós temos três. Terminou tudo em cimento e asfalto, e para onde vai a água? O que chovia há 100 anos chove hoje. Todo mundo precisa de uma casa, precisa de uma moradia. Mas em área de risco é risco” disse.

João Gilberto é morador do bairro há 50 anos. Sua casa foi totalmente atingida. “Com água no teto”. E agora, aos 73 anos, ele tenta recomeçar. Já voltou para a residência e aos poucos está limpando e organizando o espaço, uma atividade que considera que vai levar tempo. “É uma coisa muito triste. Você anda na rua e vê tudo abandonado Os comércio tudo fechando. As pessoas não podem trabalhar”, lamenta.

Moradores do Bairro Sarandi reconstroem casas e Vidas pós enchente de maio de 2024. João Gilberto morador | Foto: Ricardo Giusti

Durante a enchente, a AMVEP serviu como base de apoio e entrega de donativos, agora uma parte do espaço está servindo de abrigo para o posto com serviços municipais relacionados à enchente. Entre os atendimentos estão o Registro Unificado, Cadastro Único, solicitações referentes ao IPTU e orientações sobre habitação. Além de atendimento das secretarias de Desenvolvimento Social (SMDS), Fazenda (SMF), Serviços Urbanos (Smsurb), Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e o Sine Municipal, com vagas de emprego.

Moradores do Bairro Sarandi reconstroem casas e Vidas pós enchente de maio de 2024. Orgãos da PMPA prestam assistencia ao moradores do bairro | Foto: Ricardo Giusti

O secretário de Governança Local e Coordenação Política em exercício, Douglas Gonçalves, disse que o posto avançado foi uma demanda da comunidade e que vai ficar no local até, pelo menos, o dia 26 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h30. Gonçalves também informou que, a partir da próxima sexta-feira, a CEEE Equatorial estará no local prestando atendimento.

Entre os serviços com mais demanda, Gonçalves destaca a procura para o Cadastro Único, e observa a importância do cidadão fazer a solicitação para a isenção do IPTU, nas áreas atingidas pela enchente, pois o benefício não é automático.


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