Como tradicional cervejaria do 4º Distrito busca se reerguer após enchente em Porto Alegre
Fundada em 2012, Alcapone teve prejuízo superior a R$ 1 milhão, e precisou jogar fora 30 mil garrafas prontas para venda
publicidade
Uma das cervejarias mais tradicionais de Porto Alegre, a Alcapone, no 4º Distrito, a exemplo de muitos empreendimentos da região, busca plena recuperação após as enchentes que devastaram o negócio. O negócio, fundado em 2012 pelo empresário Andrews Calcagnotto e outros dois sócios, e desde 2017 na zona Norte, registrou prejuízos superiores a R$ 1 milhão, estimou Calcagnotto, somente em perdas de maquinário e matéria-prima, sem contar a frustração no faturamento.
A produção mensal, que era de cerca de 40 mil litros mensais, reduziu por ora pela metade. Mas nada disto diminuiu o sentimento de resiliência do empreendedor, que comercializa as cervejas da marca para dez estados do Brasil, e que recebeu apoio de todas as partes, desde a logística até a produção, feita em parte no interior do estado. Quem vê, hoje, panelas e tanques fervilhando a todo vapor no interior da fábrica, não imagina que, há pouco menos de três meses, o local estava revirado, com água na altura do peito.
Na ocasião, tudo parecia perdido. “Colocamos algumas coisas para cima, na altura da cintura, pensando que a inundação chegaria na altura do joelho. Nunca imaginávamos outro cenário”, afirmou o empresário. Logo, as câmeras de monitoramento pararam de funcionar, fazendo com que a equipe não soubesse o que encontraria quando retornasse. “Tínhamos certo otimismo, mas quando desci na frente da fábrica me dei conta do que havia acontecido. Não havia nada de pé”.
O time adquiriu botes infláveis e Calcagnotto conta que ajudou em diversos resgates de pessoas. Dentro da cervejaria, quando a água baixou, foi possível ter uma ideia mais clara do prejuízo. A Alcapone precisou jogar fora 30 mil garrafas prontas para venda, assim como outras 15 mil vazias. Ao todo, o lixo acumulado lotou 15 caminhões. A equipe passou a atuar na limpeza, que já é delicada, dadas as características do produto, mesmo nos intervalos da produção regular. Com a passagem da enchente, houve reforço.
Nenhum dos cerca de 40 funcionários foi desligado, conta o empresário, e ao menos cinco deles foram diretamente afetados, recebendo ajuda da empresa. “Nos solidarizamos com eles, e podemos dizer que estamos fazendo eventos, alguns com milhares de pessoas, ainda para auxiliar este pessoal. Sempre fomos bem organizados neste ponto”. A loja virtual da marca foi suspensa, pois os pedidos não podiam ser entregues. Durante a tragédia da cheia, a cervejaria criou ainda um clube de assinaturas, com primeiras entregas previstas para agosto.
“Foi algo que nos ajudou muito”, relatou. Com a expertise de 12 anos de mercado, a diversificação de canais de contato foi um importante alento a fim de obter algum recurso, conta o sócio. Ainda agora, há trabalho a ser feito, já que algumas geladeiras e chopeiras da tradicional marca seguem em conserto e outros retornaram há poucas semanas, a exemplo de uma envasadora. “Há mais ou menos umas três semanas voltamos a produzir aqui e a envasar na semana passada”.
Após o mês de maio com faturamento zero e junho com 20% do que era estimado no começo do ano, chegou a hora da retomada. A intenção é buscar financiamentos governamentais para ajudar no retorno. O público pode ainda não ter voltado plenamente, mas a vontade da equipe da cervejaria sim. “Isto aqui é nossa vida. Vamos nos reerguer e trabalhar para isto. O 4º Distrito ainda está de luto, porém acreditamos que conseguiremos retornar com tudo”, afirma o sócio da Alcapone.