Comunidade faz manifestação em prol da Santa Casa de Pelotas

Comunidade faz manifestação em prol da Santa Casa de Pelotas

Hospital está com leitos do SUS fechados em razão da crise financeira

Angélica Silveira

Manifestantes expressaram solidariedade à instituição nesta sexta-feira

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Dezenas de pessoas, entre funcionários e comunidade em geral, pararam as atividades na manhã desta sexta-feira para participar de um ato em frente à Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. O objetivo foi protestar contra os atrasos nos repasses estaduais e a defasagem nos valores enviados pela União. “Queremos conscientizar a população sobre a situação que enfrentamos. É um momento de apelo, de solidariedade para um hospital, que tem 171 anos, se unindo à comunidade. Infelizmente a falta de recursos públicos está trazendo uma situação caótica”, lamenta o provedor Lauro Melo.
Foi feito um minuto de silêncio devido à situação do hospital, que permanece com os 19 leitos da Maternidade pelo Sistema Único de Saúde suspensos, assim como outros 32 que serviam de retaguarda ao Pronto-Socorro municipal. O atendimento do hospital é 80% pelo SUS. “São R$ 338 mil mensais do Estado que estão levando quase 60 dias para chegar ao hospital, o que faz com que os funcionários recebam os salários em três parcelas mensais”, diz o provedor.
As dívidas com os bancos chegam a R$ 38 milhões, com os fornecedores são de R$ 24 milhões e com os médicos ficam em R$ 18 milhões, além de R$ 5,3 milhões com a Receita Federal e de R$ 3,6 milhões com o FGTS, totalizando R$ 88,9 milhões. O déficit mensal do hospital é em torno de R$ 1,3 milhão. “Tínhamos conseguido fechar o ano passado em R$ 1,1 milhão, mas os atrasos estaduais aumentaram para R$ 1,3 milhão, e a tendência é seguir crescendo”, lamentou.
Melo destacou a medida provisória assinada nesta semana pelo presidente Michel Temer que prevê linha de crédito, com recursos do FGTS, aos hospitais filantrópicos. Segundo ele, a MP poderá significar um aporte de recursos para a instituição, reduzindo os juros de 22% para 8,5% por ano. “Para a Santa Casa, significa que a dívida bancária, que todo o mês é de R$ 1,1 milhão, cai para R$ 450 mil, ou seja, seriam em torno de R$ 650 mil mensais a mais, com mais R$ 7 milhões por ano”, projeta. Sobre os repasses de incentivos estaduais, a Secretaria da Saúde do Estado informou que segue em aberto o mês de junho.


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