Conferência em Porto Alegre discute possível aplicação no RS de soluções holandesas contra cheias
Governo do país europeu divulgou estudo recentemente voltado a Porto Alegre
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Dez técnicos do governo da Holanda e diversos outros do RS se reúnem até a próxima quinta-feira no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, para avaliar soluções relacionadas à proteção contra cheias na região metropolitana da Capital. A abertura da conferência, nesta terça, teve a presença do governador Eduardo Leite, do embaixador dos Países Baixos no Brasil, André Driessen, do prefeito Sebastião Melo e do representante brasileiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mogan Doyle, que falou virtualmente.
O workshop inicia um dia após o governo holandês divulgar os resultados de um estudo direcionado a Porto Alegre apontando a necessidade de diversas medidas de curto a médio prazo para evitar novas catástrofes climáticas. O documento em si está na mão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), que está realizando a revisão final antes de sua divulgação. Para Driessen, nenhum sistema de proteção seria suficiente para proteger a cidade da tragédia ocorrida.
“É muito fácil falar de falhas no sistema. Estamos aqui para pensar a resiliência futura do estado, porque esperamos que, no futuro, estes fenômenos poderão ocorrer com mais frequência, considerando os efeitos das mudanças climáticas e do El Niño, que reaparece a cada tantos anos. As enchentes no Rio Grande do Sul não tiveram precedentes. Por isso, temos que repensar este sistema, incrementar o nível de proteção e altura dos diques e bombas”, comentou o embaixador.
Na abertura, houve citação ao projeto Room for the River, implementado na Holanda a partir de 2007 com obras ao longo de diversos rios do país, como o Reno, o Mosa e o Waal, ao custo de aproximadamente 2,3 bilhões de euros, a fim de contribuir para a gestão hídrica e controle de cheias. Questionado se tal sistema poderia ser implementado no Rio Grande do Sul, Leite afirmou que o conhecimento técnico e experiência da Holanda são “muito bem-vindos”.
“Não se trata de copia e cola. Aqui pegamos exemplos, inspirações, analisamos tecnicamente se são aplicáveis aqui. O que vivenciamos teve uma extensão gigantesca, e há soluções técnicas que devem ser aplicadas a regiões como o Vale do Taquari, outras para a região metropolitana. São situações distintas. A experiência da Holanda em levar adiante projetos com seus impactos sociais e ambientais também nos ajuda a entender determinados pontos de conflito para que possamos tentar fazer essas entregas mais rápido”, destacou o governador.
Já Doyle prestou condolências às vítimas das chuvas no RS e disse que o BID doou mais de R$ 4 milhões ao RS, e tem R$ 4 bilhões disponíveis para novos contratos. “Tenho certeza de que esse evento vai ser muito produtivo. Vamos somar a experiência holandesa internacionalmente reconhecida na gestão hídrica com a capacitação e conhecimento aprofundado do local dos profissionais e acadêmicos brasileiros”, comentou o representante do banco no Brasil.