“Descobri que existem heróis”, diz escultor de obra que homenageia voluntários das enchentes em Porto Alegre
Instalação definitiva da escultura na orla 1 do Guaíba ocorreu nesta sexta-feira

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Foi instalada definitivamente no trecho 1 da orla do Guaíba, junto à Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira, a escultura Heróis Voluntários, produzida pelo artista Ricardo Cardoso, de 62 anos. A obra, a ser inaugurada na manhã da próxima quarta-feira, e por enquanto ainda com lonas, homenageia pessoas que atuaram nas enchentes de maio no Rio Grande do Sul, e está posta um dos locais onde os desabrigados eram recebidos. Cardoso e seus assistentes iniciaram os trabalhos por volta das 6h, removendo a estrutura de um estacionamento próximo onde ela estava provisoriamente.
“Faltam agora apenas o acabamento de jardinagem e a iluminação”, contou ele. A escultura, feita em ferro, mede seis metros de comprimento por dois metros de largura e quatro metros de altura. Ela retrata a silhueta de pessoas e animais sendo resgatados dentro de um barco em tamanho real chamado Fraternidade, que é erguido por outros indivíduos. A obra em si pesa 3,5 toneladas, e sua base, uma tonelada, sendo desenvolvida em uma metalúrgica do município de Nonoai por meio de uma parceria entre a Federasul e a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA).
“Para mim, isto é muito significativo. Me sinto muito honrado. Ficou melhor do que a encomenda. Estou no meu melhor momento artístico. Agora, com 62 anos, acabei descobrindo que realmente existem heróis. E essa obra é feita em homenagem a eles. Não apenas as pessoas que trabalharam efetivamente no resgate, como aqueles que organizaram grupos e fizeram doações”, prosseguiu Cardoso.
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A escultura também trouxe uma carga de emoção envolvida, porque, além de atuar com resgates durante a tormenta na região do 4º Distrito de Porto Alegre, o próprio escultor contou que foi resgatado há dez anos, após permanecer uma noite em um barco à deriva. “Isso me ajudou muito no desenvolvimento deste projeto, e o apoio das entidades foi significativo”, comentou. Este envolvimento fez com que ele procurasse ajuda psicológica, mas disse ter superado as adversidades.
A escultura, finalizada na semana passada e que viajou mais de 400 quilômetros de caminhão com uma grande faixa de homenagem, seria instalada originalmente na Praça Revolução Farroupilha, perto da entrada da Estação Mercado da Trensurb, no Centro Histórico, mas houve o consenso entre engenheiros de que o peso da peça poderia comprometer o solo e representar risco para o metrô, que fica embaixo do solo.
A obra tem ainda um marco na altura de 1,75 metro, simbolizando onde a água chegou naquele ponto de Porto Alegre. Mesmo movida para a orla 1, a referência à marca da água foi mantida. Ela contará também com um texto de 14 linhas, onde se lê: “À memória de nossa terra no seu momento de dor, superação e inspiração em maio de 2024, para que possamos aprender com o que aconteceu, agradecer e evoluir. Nosso muito obrigado a todos os brasileiros que nos estenderam as mãos!”