Donos de minimercados relatam queda na venda de produtos da cesta básica

Donos de minimercados relatam queda na venda de produtos da cesta básica

A redução nas vendas chega a 70% em um estabelecimento do bairro Sarandi

Paula Maia

Para compensar a queda nas vendas dos produtos da cesta básica, empreendedora aposta na comercialização de carnes e bebidas

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Donos de minimercados de bairros de Porto Alegre estão enfrentando uma queda nas vendas de produtos da cesta básica após a enchente de maio. Acredita-se que a redução na demanda seja resultado do acúmulo de itens doados durante o desastre.

A redução nas vendas dos produtos da cesta básica foi notada pelos sócios de um minimercado no Sarandi. Eliseu Lima e Mariana Krausen reportam uma queda de 70% nas vendas de itens como arroz, feijão e café, o que os levou a reduzir o tamanho das prateleiras desses produtos.

Eliseu observa que o recomeço está sendo desafiador, mas destaca que algumas empresas, principalmente as gaúchas, têm oferecido facilidades em negociações, mercadorias e bonificações. Além disso, eles ressaltam a ajuda de uma empresa multinacional de bebidas, também atingida pela enchente, que está contribuindo com maquinário e soluções para superar esse momento difícil.

Eliseu conta que logo na reabertura do local, na segunda quinzena de julho, teve um alto movimento na venda dos produtos da cesta básica, assim como os de material de limpeza, mas com o passar do tempo eles foram sentindo a queda.

Marli da Luz é residente da Vila Asa Branca, na zona Norte de Porto Alegre, há mais de 35 anos. Após a enchente devastadora de maio, que comprometeu totalmente sua casa e seu comércio, Marli, com o auxílio de seus filhos, conseguiu retomar a vida na residência e reabrir seu minimercado.

A reconstrução, no entanto, está sendo lenta. Marli também relata uma queda significativa nas vendas de produtos da cesta básica, pois muitos moradores ainda têm os itens recebidos como doação. Para compensar a diminuição nas vendas, ela tem investido na comercialização de bebidas e carnes.

Marli relembra o pânico e a perda sofridos após a enchente. Ela foi alertada para evacuar, pegou apenas a bolsa e saiu de pijama. A água alcançou três metros de altura. Ficou fora de casa por cerca de 30 dias e só retornou quando as águas baixaram.

Hoje, ela evita rever os vídeos da destruição e prefere se concentrar no presente, agradecendo diariamente o apoio de seus filhos. Apesar do medo de uma nova enchente, ela não deseja deixar o bairro. Sua maior preocupação atual é um bueiro na frente de seu estabelecimento, que está obstruído e acumula água, gerando um odor desagradável. Marli conta que fez reclamações ao Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) há mais de 20 dias, mas até o momento nenhuma ação foi tomada.

A falta de manutenção nos bueiros intensifica o receio de uma nova enchente. Marli também espera que soluções definitivas sejam tomadas no dique da zona Norte, para proteger o que foi reconstruído.
O Dmae informou que foi até o local nesta manhã de quarta-feira e que as equipes da autarquia atuarão nos próximos dias nas bocas-de-lobo da via.


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