Empresária enfrenta crise após enchente em Porto Alegre e considera deixar a cidade
A inundação afetou profundamente a sua família e a empresa de borracharia localizada no 4º Distrito

publicidade
Eluani Pelet vive uma situação dramática desde a enchente que atingiu Porto Alegre em maio. A inundação afetou profundamente a sua família e a empresa de borracharia localizada no 4º Distrito. Agora, ela pondera deixar a cidade, temendo novos alagamentos a cada previsão de chuva.
A tragédia impactou diretamente cinco imóveis da família, incluindo as residências de Eluani, seu irmão, sua sogra, sua mãe, além da borracharia familiar. “Temos parentes no Mato Grosso e estamos seriamente pensando em fechar a empresa e nos mudar para lá. São 24 anos de trabalho sem segurança em relação às comportas e os alagamentos. Toda vez que começa a chover, ocorre um alagamento, mas desta vez foi pior. A gente se recupera e a chuva vem novamente”, desabafou.
Durante a enchente, a água chegou a dois metros de altura dentro da borracharia da família. Resultando em prejuízos superiores a R$ 60 mil. Eluani foi a única da família que conseguiu receber o auxílio do governo federal, mas ainda busca maneiras de reerguer o negócio. “Você não sabe para onde correr. Precisa abrir a empresa para ter fluxo de caixa e sobreviver, mas não consegue. Você se inscreve nos programas do governo, mas demora uma eternidade para receber o valor. Recebi R$ 5.100. O que dá para comprar com isso? Você não sabe se compra uma cama, um roupeiro, um fogão. Não deu para nada. O valor é muito pouco”, afirmou, ressaltando que um empréstimo sem juros seria uma outra opção.
Com medo da chuva prevista para o último final de semana, Eluani levantou tudo o que pôde dentro do estabelecimento e retirou os carros por precaução. “Achei que ia alagar tudo. Estamos muito perto de um terreno de apoio onde estão descarregando lixo, e ninguém se animou a vir limpar. As bocas de lobo estão cheias de lama. Essa parte da Voluntários é crítica, porque tem comportas dos dois lados e as bombas não funcionam quando precisam. Já entrei em contato com os órgãos responsáveis sobre a limpeza das vias, mas as ações têm sido muito lentas. Eles precisam prestar mais atenção ao pessoal do 4º Distrito”, ressaltou.
De acordo com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) a força-tarefa para limpar a cidade após a enchente chegou a 15 locais atendidos nesta segunda-feira: São Geraldo, Humaitá, Navegantes, Anchieta, Vila Elizabeth (Sarandi), Avenida Beira Rio (Lami), Belém Novo, Avenida Heitor Vieira (Belém Novo), Avenida Guaíba (Assunção), Vila Icaraí (Cristal), Avenida Guaíba ( Ipanema ), Ipanema, Avenida Guarujá (Guarujá),Guarujá,Vila Dos Sargentos (Serraria).
Uma das casas de bombas, localizada perto da borracharia de Eluani pertence à Trensurb e estava com o acesso totalmente bloqueado. Nesta segunda-feira, foi iniciada a limpeza do local para desobstruir o acesso. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informou que, em parceria com a Associação Gaúcha de Empresas de Obras de Saneamento (Ageos), deu início a recuperação do acesso à casa de bombas da Trensurb. E que deverá ser utilizado caminhão sugador para a retirada da água do poço de bombas e verificar se há possibilidade de recuperar as estruturas.