Falhas nos serviços de internet da Capital entram em discussão na Câmara Municipal de Porto Alegre

Falhas nos serviços de internet da Capital entram em discussão na Câmara Municipal de Porto Alegre

Vereadores ressaltaram a importância de que a população cadastre as reclamações no site do PROCON municipal

Vitória Miranda
Procuradas pelos vereadores, as provedoras de internet e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não compareceram à reunião.

Procuradas pelos vereadores, as provedoras de internet e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não compareceram à reunião.

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A Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara dos Vereadores de Porto Alegre, realizou uma reunião online nesta terça-feira, às 14h, na qual deu-se continuidade à discussão sobre os problemas na rede de internet da Capital e as dificuldades de contato dos consumidores com as empresas prestadoras do serviço.

A reunião, proposta pelo vereador Adeli Sell, contou com a presença de vereadores da comissão, Alvoni Medina, Fernanda Barth e Pedro Ruas, bem como de Bárbara Ramos, membro do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-RS), Rafael Gonçalves, presidente do Procon Porto Alegre, e também de representantes da comunidade, convidados pelos vereadores.

Segundo o vereador proponente, as provedoras de internet e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), responsável por regular as operadoras e mediar conflitos com os consumidores, foram convidados pela comissão para comparecer à reunião, mas não deram retorno. Ainda de acordo com o vereador, a comissão pretende fazer uma representação no Ministério Público Federal denunciando a omissão das operadoras.

O plano dos vereadores é encaminhar as reclamações dos moradores em relação aos serviços às operadoras e à Anatel. “Ficamos indignados com a ausência da Anatel (na reunião). São pessoas que recebem salários para defender a população em relação ao serviço de telecomunicações. Se não tivermos retorno sobre o que vamos mandar a eles, vamos fazer um auto agendamento, nós iremos na Anatel de qualquer maneira”, afirmou Sell.

“Por lei, sabe-se que um usuário que contrata uma internet de 100 MB, essa pessoa deve receber no mínimo 80% dessa velocidade em média. Hoje essa não é a realidade em Porto Alegre. No meu bairro, quando começa a chover sempre ficamos apreensivos, porque sabemos que pode faltar luz ou internet”, afirmou o analista de sistemas, Mario Jockymann, morador do bairro Bom Fim, convidado pelo vereador Adeli Sell.

A regra mencionada por Jockymann, estabelecida pela Anatel, é chamada uptiming e define que os usuários devem ter acesso a pelo menos 80% da taxa de transmissão do pacote que foi contratado. Mas, segundo ele, há tantas quedas suscetíveis em Porto Alegre que não é possível obter os benefícios.

“Sempre vai haver uma desculpa por problemas climáticos, falta de pessoal qualificado, mas a reposição nunca é respeitada. Toda vez que a internet cair, vou ter que acessar o site do Procon, abrir uma queixa contra a Anatel e eles acabam te vencendo no cansaço. A gente tem que provar toda hora que tava sem serviço e eu não tenho como tirar print da minha tela dizendo que estou sem internet, porque isso poderia ser falsificado. Não há um meio claro de como cobrar o uptiming”, reclamou Jockyman.

Conforme regulamentação da Anatel, após qualquer interferência no sinal, é possível ter a reposição dos serviços em até 48 horas. Mas isso não ocorre na maioria dos casos. Mesmo quando o prazo é respeitado, os usuários relataram indisponibilidade do serviço.

Barbara Ramos, representante do PROCON, salientou a importância de que os consumidores registrem os problemas no setor de reclamações do PROCON Digital.

Ramos destacou que o Procon tem o poder de reduzir o valor das faturas de quem teve o sinal interrompido por dias ou não obteve o atualização durante o mês.

Os registros também são importantes para que, em caso de acionamento judicial, as provedoras não possam alegar a ausência de notificações sobre o problema. Segundo Ramos, em Porto Alegre, por exemplo, não há reclamações protocoladas.

As demandas podem ser registradas no site da agência municipal ou no site do PROCON estadual. Segundo Ramos, o PROCON Digital tem uma área que permite ao consumidor negociar e conversar de forma mais fácil com todas as operadoras. No caso de Porto Alegre, os consumidores também podem se dirigir até a sede do PROCON municipal, que fica no segundo piso do Mercado Público.

Cláudio Pires Ferreira, advogado e membro do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Consumidor de Porto Alegre e presidente do Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor (FNECDC), esteve presente na reunião e afirmou que pretende protocolar uma ação civil na justiça estadual, a fim de denunciar as provedoras de internet do Estado. Segundo Ferreira, a ação está em fase de recolhimento de dados.

“Enquanto não forem penalizadas financeiramente, para estas empresas vai continuar valendo a pena descumprir os contratos de prestação de serviço. Se houver uma penalização financeira muito relevante, talvez elas mudem suas maneiras”, afirmou Ferreira. Ele também sugeriu que a Cedecondh levasse as reclamações da reunião de hoje para o Ministério Público das esferas estadual e federal.

O presidente do Procon Porto Alegre, Rafael Gonçalves, e a chefe de Divisão do Atendimento e Fiscalização do Procon RS, Bárbara Ramos, mostraram apoio à ideia de abrir uma ação pública contra a Anatel e propuseram levar as reclamações adiante em reuniões com a Claro/Net, Vivo/GVT e Oi/Telecom.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895