Cidades

Fundo de empreendedores gaúchos reúne R$ 80 milhões para obras de reconstrução pós-enchente

Iniciativa do Instituto Ling, Instituto Cultural Floresta e Federasul foi abordada na retomada do evento Tá na Mesa, nesta quarta

Projeto tem inspiração em ponte construída no município de Nova Roma do Sul
Projeto tem inspiração em ponte construída no município de Nova Roma do Sul Foto : Júnior Lodi / Associação Amigos de Nova Roma do Sul / CP

A retomada do evento Tá na Mesa, da Federasul, abordou nesta quarta-feira a criação do Programa Reconstrói RS, iniciativa de destinação de recursos para as comunidades mais atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. O plano se resume em um fundo, cujos valores já somam R$ 80 milhões, a ser destinado a demandas indicadas pelas associações de Comércio e Indústria (ACIs) de municípios afetados pelas inundações. A iniciativa foi idealizada pelo Instituto Ling, que convidou a Federasul e o Instituto Cultural Floresta (ICF) para esta parceria.

Realizado em formato online, o encontro contou com as presenças do presidentes do Instituto Ling, William Ling, do Conselho do ICF, Claudio Goldsztein, e da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, além do diretor de Integração, Rafael Goelzer, e do vice-presidente de Micro e Pequenas Empresas, Douglas Ciechowicz, ambos da federação. “Tinha certeza de que o apelo dos gaúchos seria atendido, e realmente foi, a partir de nossa própria solidariedade e de pessoas de outros locais. Somos seres solidários, é da nossa natureza”, afirmou Ling. Conforme ele, apenas em Porto Alegre, a Prefeitura estima por volta de R$ 1 bilhão em ações de reconstrução de equipamentos públicos, como escolas, postos de saúde e praças.

O movimento, disse Ling, iniciou em Nova York, onde ele esteve há algumas semanas, e já ganhou adesões internacionais, o que deverá aumentar o valor disponível. Somente a família de Ling aportou R$ 50 milhões no projeto, com demais doações de companhias como as Lojas Renner, de Salim Mattar (fundador da Localiza) e de Jayme Garfinkel (controlador da Porto Seguro). “A inspiração para este programa foi a ação feita em Nova Roma do Sul, onde a comunidade reconstruiu a principal ponte do município em tempo recorde, e com valores menores do que o poder público aportaria”, prosseguiu ele. “Este é um modelo descentralizado, com protagonismo na ponta, onde realmente o recurso é necessário”.

A partir da ideia, houve o ingresso do ICF a partir de sua expertise como agente da promoção da segurança pública no Rio Grande do Sul. Goldsztein afirmou que a aquisição de antenas de internet da Starlink, que hoje ainda atendem a demandas de 40 municípios com problemas de comunicação, veio a partir da adesão e agilidade do instituto. Ele contou também sua própria experiência com resgates no bairro Arquipélago, na Capital. “Houve algumas dificuldades iniciais nos resgates, e pude perceber como a água acabou subindo muito rapidamente. Vimos, ao fim, como a iniciativa privada acabou viabilizando uma rapidez, por exemplo, na construção de bases de recebimento de pessoas e donativos em Porto Alegre que talvez o poder público não conseguiria em tão pouco tempo”, salientou ele.

Já Costa disse que a intenção da Federasul em aderir à parceria é seguir trabalhando pelo desenvolvimento gaúcho. “O projeto está bastante focado em obras de infraestrutura de grande impacto social e econômico. Com isso, atingimos a capacidade empreendedora de gerar empregos. Estamos também com foco centrado naquilo que acreditamos: trabalho, produção e geração de riquezas”, afirmou. A intenção do Reconstrói RS é tornar ágil a análise das demandas, que poderá ser feita em até 15 minutos pelos técnicos responsáveis. Todos os projetos deverão ter registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e cronograma físico-financeiro. Os proponentes ainda deverão fazer um aporte inicial, que poderá ser de 50%, um terço ou 20% do valor total da obra, dependendo do volume de recursos reunido pelos municípios.