Grupos fazem atos em solidariedade à Santa de Casa de Pelotas

Grupos fazem atos em solidariedade à Santa de Casa de Pelotas

Caminhadas chamaram atenção para a situação do hospital, que fechou 59 leitos de SUS

Angélica Silveira

Funcionários, direção e usuários foram às ruas nesta quarta

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Dois atos ocorreram nesta quarta-feira em prol da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Pela manhã, colaboradores, integrantes da direção e comunidade em geral fizeram caminhada a fim de chamar atenção para a situação de crise financeira do hospital. A instituição tem dívidas com bancos (R$ 38 milhões), fornecedores (R$ 24 milhões), médicos (R$ 18 milhões), FGTS (R$ 3,5 milhões) e Receita Federal (R$ 5,5 milhões). Os salários dos funcionários são pagos de forma parcelada, mas dentro do mês.

Antes da caminhada da manhã, o provedor Lauro Melo fez votação com os participantes para decidir se sairia o ato, uma vez que uma manifestação à tarde seria no mesmo local e com similar objetivo. A atividade foi aprovada. Participaram mais de 100 pessoas, com cartazes e faixas. “Esta caminhada é um apelo de solidariedade para que as pessoas se sensibilizem com o déficit financeiro causado pela tabela defasada do SUS e pelos atrasos nos incentivos estaduais. Precisamos recuperar o hospital quanto antes. Mais de 1.100 funcionários dependem disso e mais de um milhão de pessoas da região dependem do hospital para atendimento”, disse Melo.

Estão fechados 40 leitos SUS de retaguarda ao Pronto-Socorro e 19 da Maternidade. A Secretaria Estadual da Saúde foi informada de que, caso a situação não seja alterada, em 1º de dezembro o setor de traumatologia, com 32 leitos SUS, também será suspenso. À tarde, o provedor participou de reunião com integrantes da pasta. “Na sexta-feira vamos oficializar uma proposta. Pediram uma planilha de custos, despesas e receitas. Temos um déficit mensal de R$ 170 mil. A nossa proposta, válida por um ano, para manter o setor é de que o déficit seja coberto e tenhamos aporte maior de recursos para pagar parte da dívida com bancos e renegociar com fornecedores”, explicou o provedor. Segundo ele, um terço da dívida com os bancos é oriunda do setor de traumatologia. Melo confirmou que nesta semana recebeu os incentivos estaduais referentes a junho, mas que os de julho seguem em atraso.

À tarde, em torno de 350 funcionários do hospital realizaram nova caminhada em direção à prefeitura na busca por auxílio ao hospital. “Os trabalhadores receberam 30% dos salários neste mês. Eles não têm roupa, os pacientes não têm papel higiênico. Há três meses o lixo hospitalar não é recolhido”, relatou a presidente do Sindisaúde, Bianca D’Carla. O provedor confirmou as situações, mas garantiu que ocorrem de forma pontual. “Queremos que reativem as estruturas, além dos salários. Pedimos providências da prefeitura para que o hospital não feche”, relatou Bianca.
Um grupo foi recebido pelo vice-prefeito Idemar Barz e entregou um documento com reivindicações. “Solicitamos que ele encaminhe para a Câmara um pedido de auditoria no hospital." Ela conta que o provedor do hospital convidou representantes do sindicato para uma reunião na manhã desta quinta-feira. “Vamos ver qual a proposta. Caso não tenhamos o pagamento na conta, entraremos em greve a partir das 13h”, garante Bianca. A Secretaria Estadual de Saúde foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta reportagem.



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