Hospital de Caxias do Sul realiza primeira transfusão de plasma de vacinados

Hospital de Caxias do Sul realiza primeira transfusão de plasma de vacinados

Projeto consiste em avaliar a eficácia do plasma de doadores imunizados para impedir a evolução de casos leves de Covid-19

Celso Sgorla

Izabel Pintos Cardoso, 18 anos, foi a primeira paciente sorteada no grupo de plasma

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Estudo inédito em território nacional, coordenado pelo Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, que utiliza o plasma de vacinados da Covid-19 em pacientes recém infectados pelo vírus, teve na noite desta quarta-feira, a primeira transfusão de plasma sendo realizada.

O projeto, que possui autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e da Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul e conta com destinação de verba por parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem por finalidade avaliar 360 voluntários, contaminados recentemente pela Covid-19, que se enquadrem nos critérios estabelecidos pelo estudo, sendo que 180 voluntários receberão plasma de vacinados e os outros 180 não receberão. A definição do grupo em que o voluntário cairá é feita por sorteio.

Com teste positivo para Covid-19, realizado na UBS Esplanada, Izabel Pintos Cardoso, 18 anos, foi a primeira paciente sorteada no grupo de plasma (até então todos os voluntários que se enquadravam haviam sido sorteados para o grupo controle, que não recebe plasma). Ao ser informada do estudo na UBS Esplanada, onde foi atendida, decidiu participar e se dirigiu ao Pronto-Atendimento Covid do Hospital Virvi Ramos para receber a transfusão. “Comecei com sintomas no domingo e procurei a UBS do bairro Esplanada. Lá, a equipe me informou que existia esse estudo do plasma. Decidi participar porque me parece algo positivo, porque tem muitas pessoas que são alérgicas e não podem tomar medicamentos e fazer vacinas. Além de ajudar a melhorar meu quadro, acredito que ao participar eu possa incentivar outras pessoas também”, salientou Izabel. Ela está em casa e disse que hoje (quinta-feira) está se sentido bem melhor.

O projeto consiste em avaliar a eficácia do plasma de doadores imunizados (esquema vacinal completo) administrado precocemente (até 72h do início dos sintomas da Covid-19), para impedir a evolução dos casos leves de Covid-19 para casos mais graves, que demandem atendimento médico em unidades de terapia intensiva.

O Hemocentro do Rio de Janeiro (HemoRio) é o responsável pelo recrutamento dos doadores de plasma de vacinados, coletas e testes de segurança, que quantificam os níveis de anticorpos neutralizantes e pelo envio das bolsas de plasma para serem transfundidas.

Inicialmente, fazem parte do estudo pacientes maiores de 18 anos que tenham diagnóstico positivo em estágio inicial (até 3 dias de sintomas), não vacinados ou com esquema vacinal incompleto, ou pacientes infectados recentemente (até 3 dias de sintomas) de 80 anos ou mais sem comorbidades (doenças pré-existentes) que fizeram duas doses de Coronavac há mais de seis meses.

O estudo é coordenado pelo Hospital Virvi Ramos, que tem a Dra. Andréa Dal Bó, infectologista e Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Virvi Ramos, como pesquisadora principal. Também fazem parte do grupo de pesquisadores o Prof. Dr. Fábio Klamt (UFRGS), Prof. Dr. Marcus Herbert Jones (PUCRS), Prof. Dr. Fernando Spilki (FEEVALE), Dr. Gabriel Amorim (UCS) e Dr. Luiz Amorim Filho (HemoRio).


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