Incra/RS entrega alimentos e água a quilombolas gaúchos

Incra/RS entrega alimentos e água a quilombolas gaúchos

Foram 1.970 cestas entregues em 14 comunidades quilombolas

Correio do Povo

Parte das 90 cestas levadas pelo Incra precisou ser carregada à pé pela mata por conta de bloqueios

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A distribuição de alimentos e água pelo Incra à população quilombola do Rio Grande do Sul encerrou a primeira semana de atividades com 1.970 cestas entregues em 14 comunidades. Com o objetivo de garantir segurança nutricional frente às chuvas no estado, o trabalho tem parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Ministério da Igualdade Racial (MIR), Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e Conselho Estadual de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra (CODENE/RS).

O responsável pelo serviço de regularização de territórios quilombolas do Incra/RS, Sebastião Henrique Lima, explica que todas as 147 comunidades quilombolas gaúchas – das quais 112 possuem processo de regularização fundiária aberto junto ao instituto – solicitaram ajuda alimentar. “Algumas também pediram itens de higiene, limpeza e remédios”, informa.

O mapeamento apontou que 136 comunidades estão situadas em municípios declarados em estado de calamidade ou de emergência. Com base nestes dados, a expectativa é direcionar 20 mil cestas aos quilombolas. A distribuição iniciou entregando três unidades por família, mas a dinâmica pode mudar para conseguir levar mantimentos a mais comunidades mais rapidamente.

A primeira comunidade contemplada foi a Família Machado, localizada no bairro Sarandi, em Porto Alegre. O local oferece ponto de apoio a outros núcleos populacionais, como a Vila Respeito, e recebeu 650 cestas na segunda-feira (20). A ação contou com uma carreta disponibilizada pelo Incra/SC e deve ser ampliada pelo envio de toldos para a instalação de uma farmácia emergencial.

Também na região metropolitana, foram atendidos os territórios Luiz Ireno, Chácara das Rosas, Família Fidélix, Família Lemos, Família de Ouro, Mocambo, Família Flores, Família Silva, Vila Kédi e Alpes. No interior do estado, a ação percorreu as comunidades Unidos do Lajeado (em Lajeado e Cruzeiro do Sul), São Roque, em Arroio do Meio, e Costa da Lagoa, em Capivari do Sul.

Alívio

“Estamos vivendo de doações. Nos mercados nem tem alimentação e quando tem, é muito caro”, conta Eliana Luciane Voigtlander, presidente da Associação Vovô Teobaldo, da comunidade São Roque, em Arroio do Meio. As 30 famílias quilombolas dividem 11 hectares, onde plantações para consumo doméstico e residências foram afetadas. “Estamos juntando os troquinhos (moedas) para pagar gasolina.

Sem água nas torneiras, o abastecimento é feito por entidades e por doadores. Parte das 90 cestas levadas pelo Incra precisou ser carregada à pé pela mata porque a estrada interna foi bloqueada por um deslizamento de terra.

Já na Família Lemos, em Porto Alegre, os alimentos diminuíram os problemas da comunidade após ter passado uma semana com acesso somente de barco. “Não teve como trabalhar naquele período. As famílias foram para as casas de parentes e, quando voltaram, não tinham reservas” relata o morador Sandro Lemos.

Abrangência

A ação emergencial de entrega dos gêneros de primeira necessidade ocorre em paralelo à incumbência do Incra/RS de estabelecer uma programação no âmbito do Grupo de Trabalho (GT) Emergência Rio Grande do Sul. Instituído pela Portaria Incra nª 481, de 06/05/2024, o coletivo visa propor ações articuladas para garantir a regularidade dos serviços e preservar os direitos de todos os públicos do Incra.

No setor quilombola, a intenção é assegurar a execução de políticas públicas, em especial a inclusão no PNRA para acesso aos apoios concedidos ao público da reforma agrária. A regional gaúcha solicitou reforço temporário de servidores, viaturas e equipamentos de outras superintendências para viabilizar este objetivo.


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