Interdição parcial de colégio estadual divide opiniões na Ilha da Pintada, em Porto Alegre

Interdição parcial de colégio estadual divide opiniões na Ilha da Pintada, em Porto Alegre

Secretaria Estadual da Educação (Seduc) estaria retomando atividades presenciais no local, mesmo após laudo indicar rachaduras após as enchentes

Felipe Faleiro

A EEEM Almirante Barroso, na Ilha da Pintada, enfrenta o problema da erosão do solo com o avanço do Rio Jacuí

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Pais de alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Almirante Barroso, na Ilha da Pintada, em Porto Alegre, estão preocupados com a retomada das aulas presenciais nesta quinta-feira mesmo após a publicação de um laudo na última terça-feira, assinado pelo engenheiro civil Júlio César Fredes da Silveira, fiscal de obras da Secretaria Estadual de Obras Públicas (SOP), interditando parcialmente o edifício após uma vistoria em razão dos danos causados pelas enchentes de maio.

A escola, que tinha 522 alunos em 2023, foi duramente atingida pela inundação e, ao retornar, estabeleceu aulas online para alunos cujos pais moram fora da ilha. No entanto, eles alegam que a escola estaria cancelando a medida, baseada no laudo que libera a outra parte. Até então, a Almirante Barroso havia confirmado que continuaria com o ensino remoto. Com a vistoria demandada, o engenheiro constatou que o segundo andar, onde está a sala dos professores, e o térreo do edifício logo abaixo estariam comprometidos, inclusive contendo pilares com rachaduras.

O laudo também indica a interdição de uma área da parede externa do prédio principal da escola até a beira do rio Jacuí. A situação divide opiniões, e a página da Almirante Barroso retirou do ar do Facebook uma publicação detalhando o conteúdo do documento, mas a reportagem teve acesso a ele. Questionada, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) encaminhou nota conjunta com a SOP, em que ambas afirmam estarem “acompanhando a situação”.

“Estamos verificando a melhor forma de acolhimento aos estudantes e retomada das atividades presenciais”, diz a nota. A secretaria não respondeu o motivo da exclusão do conteúdo do laudo na rede social. Ocorre que, além do que foi constatado no laudo, o solo está cedendo nos fundos do colégio em ritmo acelerado depois das últimas enchentes. “Queremos que a Seduc dê um jeito de fazer um muro de contenção. Cada vez que a água subir ou que houver uma chuva mais forte, vai erodir cada vez mais”, afirma a dona de casa Susi Andrade, mãe de um aluno do colégio.

Os pais ainda afirmam que teria sido proposta a realocação temporária na Escola Estadual Maria José Mabilde, também na Pintada. Segundo ela, que relata ter apoio de diversos outros pais, a força da correnteza na área pode ter comprometido as estruturas do colégio. Susi defende que as aulas online continuem ao menos até o final do ano. “Temos medo, porque o segundo piso da escola é enorme, e é o local onde têm mais alunos estudando. A gente não quer que as aulas retornem da forma que está”, salientou.

Sem se identificar, membros do colégio disseram que a estrutura do colégio não foi comprometida, e que já há uma manutenção em andamento. A pescadora Carla Graziele de Ávila é mãe de uma aluna de 14 anos que está no 9º ano do Ensino Fundamental, e ainda tem três sobrinhas no mesmo colégio. De acordo com ela, que tem uma opinião diferente, o problema não é necessariamente com a interdição do prédio da escola, mas os fundos.

“Não queremos que interdite parcialmente, nem nada. Estamos confiando nos engenheiros técnicos de que a escola está estruturalmente bem, e vemos que realmente está. Desde que estudei aqui, o colégio nunca teve problemas, a não ser agora, nas enchentes”, observou ela. O muro de contenção também é defendido pela mãe, outra parte dos pais e funcionários da escola. “Queremos um muro para dar mais segurança a alunos, professores, funcionários e todos os que vêm acessá-la. Precisamos desta escola, e que o poder público faça alguma coisa. Não queremos que ela feche, porque, se fechar, acaba a ilha”, comentou ela.


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