Foi um dia atípico na rotina do vendedor de frutas Rodrigo Magnus, 49 anos. Acostumado a acordar cedo e vir de Sapucaia do Sul para Porto Alegre, onde trabalha no Terminal Parobé, ele hoje estava encerrando o expediente muito mais cedo que o habitual. Por conta das chuvas, já antes das 11 horas ele recolhia a mercadoria. "Estou apavorado. Em 20 anos trabalhando eu nunca vi isso", conta ele dando mais detalhes da manhã tensa de sexta-feira no centro histórico de Porto Alegre. "Tá todo mundo nervoso, vai inundar e estamos aqui pra tentar chegar em casa", conta ele que, pelo menos não está com a casa algada. "Pelo menos isso, não" , respira aliviado.
No terminal Parobé, os ônibus deram lugar aos carros que fazem o retorno pelo terminal para escapar da água que já entra na avenida Júlio de castilhos, interditada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Nas vias paralelas a água já avança também, obrigando comerciantes a fecharem lojas.
Como o camelódromo que está vazio. Ali, centenas de moradores fazem filas esperando os ônibus para voltarem para casa. Ao redor é um misto de comerciantes se preparando para ir embora enquanto algumas lanchonetes funcionam normalmente.
Não muito longe dali, no terminal Uruguai a doméstica Teresinha Rodrigues esperava nervosa o ônibus para ir para o trabalho. Moradora do Sarandi, ela esperava a mais de 30 minutos o ônibus morada Hipica, mas sem informações. "Eu fui ali no mercado achar algum fiscal e não achei nenhum. Ninguém sabe nada", conta a idosa de 69 anos que pelo menos também não teve a casa inundada.