O streaming de transmissões de futebol marca uma nova era da comunicação esportiva. E para atrair o público jovem, alguns clubes de futebol brasileiros vêm optando por transmitir seus jogos através dessa plataforma. Para discutir as inovações tecnológicas aplicadas ao futebol, o South Summit Brazil 2023 reuniu nesta quinta-feira, no Cais Mauá, representantes de Palmeiras, Athletico Paranaense e Atlético Mineiro. E todos concordam em um ponto: o jornalismo esportivo precisa se reinventar para impedir a evolução do streaming.
O gerente de Futebol do Palmeiras, Cícero Souza, afirma que o clube busca cada vez mais produzir conteúdo para fidelizar o torcedor. E cita o exemplo do podcast criado pelo Palmeiras, que virou sucesso. Agora o clube está montando um auditório e colocando espaços estratégicos para comercializar produtos licenciados. “Existe muito espaço construído, mas à medida que o jornalismo esportivo não se reinventar, não se modernizar, a velocidade do streaming será cada vez maior”, ressalta.
Head de Inovação do Atlético Mineiro, Debora Saldanha, concorda com Souza e destaca que o torcedor quer participar ativamente do dia a dia dos clubes. “O streaming é o caminho pra todos os clubes”, afirma. Ela avalia que cada vez mais os torcedores querem ter contato com os atletas. “A comunicação tem que produzir melhores conteúdos e melhores formatos”, observa. Como parte das ações para buscar fãs e gerar engajamento, Débora reforça a importância da integração com o departamento de futebol para levar a cultura da inovação.
“Isso precisa ser trabalhado no futebol, inclusive com os atletas. Nos projetos que vamos fazer, seja envolvendo inovação dentro de campo, como dados de performance e saúde, ou fora de campo, que é mais para negócios e marketing, tentamos sempre envolver a diretoria de futebol e todos atletas para a gente entender o que eles precisam de solução, que é o papel da inovação, principalmente, entender quais os gargalos e dificuldades e como a gente pode buscar essa solução no mercado”, destaca.
Ela ressalta que a iniciativa serve também para apontar os caminhos para quem precisa tomar a decisão na ponta do processo. “Precisamos mostrar para eles que alguns projetos de inovação vão poder trazer a receita, os ganhos, ajudar de alguma forma os atletas, permitir a contratação de novos atletas e manter a saúde financeira do clube”, completa. CEO do Athletico Paranaense, Alexandre Mattos, afirma que a transmissão por streaming rende até R$ 40 milhões por ano. “É um canal fortíssimo de receita para o clube”, explica.
Mattos avalia que as inovações tecnológicas podem ser aplicadas tanto dentro quanto fora de campo, como a utilização de softwares para avaliar o desempenho dos atletas. Muitas vezes esquecem que trabalhamos com seres humanos. E o ser humano é complexo, tem sentimentos, necessidades, ambições, dificuldades. A inovação tecnológica, mental, cognitiva, seja ela qual for, vem agregar valor para a tomada de decisões diárias que existem no mundo do futebol e que são inúmeras. E são fundamentais”, conclui.