Mais de 90% do município de Eldorado do Sul está alagado
A maior enchente da história da cidade elevou o nível do rio Jacuí para um metro e meio acima da cota de inundação; escolas e unidades de saúde foram fechadas

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Caos. Destruição. Calamidade. Palavras podem não ser suficientes para definir a situação do município de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, na manhã desta sexta-feira. Mais de 90% da cidade está debaixo d’água e 95% dos moradores foram afetados, de acordo com a Prefeitura. As únicas entradas ainda não inundadas eram o entorno do Centro Administrativo e o início da Estrada da Arrozeira, na direção da BR-290.
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Centenas de pessoas ainda aguardavam resgate, à medida que o tempo passava e o número de barcos escasseava. A maior enchente da história de Eldorado do Sul elevou o nível do rio Jacuí para 4,5m, um metro e meio acima da cota de inundação. Todas as escolas e unidades de saúde do município foram fechadas.
“É uma situação calamitosa. Estamos enfrentando mais uma vez uma enchente histórica. Nunca havíamos ficado isolados antes. Sabemos das dificuldades das pessoas, mas também há um sentimento de gratidão. É na crise que as pessoas se manifestam, e que você descobre o sentimento de humanidade”, afirmou o coordenador da Defesa Civil Municipal, João Ferreira. A situação adversa fez brotar a solidariedade, e a todo momento, barcos de moradores e do Corpo de Bombeiros circulavam pelas ruas.
Pessoas, algumas em lágrimas, faziam um verdadeiro êxodo para fora do município, estacionando os veículos na rodovia, gerando filas quilométricas. O representante comercial Jonathan Souza de Andrade aguardava o concerto do motor de seu barco para prosseguir com os resgates. “O irmão de minha namorada está lá ainda, esperando para ser resgatado, assim como alguns cachorros. Moro aqui há 24 anos, e ano passado foi terrível, mas isto aqui não tem explicação”, comentou ele.
Durante quatro horas, Cíntia usou um apito para chamar a atenção do resgate
Pessoas ajudaram a levar ao menos dois idosos com dificuldades para caminhar, entre eles um de 58 anos, cuja esposa relatou que havia tido seis paradas cardíacas, para dentro da Prefeitura, onde foi atendido por uma equipe do Samu. A aposentada Cíntia Rodrigues disse que, pela primeira vez, a água havia chegado ao segundo piso de sua casa. Ela conseguiu resgatar o filho, o marido e alguns animais. Diante da angústia de não ter sido resgatada, com a água subindo rapidamente, Cíntia contou que encontrou um apito, e ficou usando-o das 6h30 às 10h30, quando pôde finalmente ser localizada.
“Que Deus tenha misericórdia desta terra, e que a gente venha a sobreviver e se reerguer”, completou. São aceitas doações de água, alimentos não perecíveis, colchões, fraldas, materiais de limpeza e higiene, lençóis, cobertores e toalhas, e um Pix foi disponibilizado. A chave é o número celular (51) 98595-1493.