Melo defende gestão compartilhada do sistema contra cheias e ajuda do governo federal para recuperação de Porto Alegre
Prefeito foi o convidado do Menu Poa, reunião empresarial promovida pela Associação Comercial da Capital
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Retomando seu calendário de eventos, a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), promoveu nesta terça-feira mais uma edição do Menu POA. O convidado da vez da tradicional reunião almoço realizada mensalmente no Palácio do Comércio foi o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.
O primeiro encontro após a cheia histórica que atingiu a Capital teve um roteiro um pouco diferente. Nesta oportunidade, os empresários Cléber Bevengnú, Cláudio Teitelbaum, Pedro Valério, Eduardo Fernandez e Paola Magnani fizeram perguntas a Melo sobre a difícil situação enfrentada pelo município e o trabalho necessário para sua recuperação.
Na abertura, a ACPA realizou o hasteamento da bandeira do Rio Grande do Sul no terraço do Palácio do Comércio, simbolizando a integração da entidade ao movimento RSNASCE. Conforme a presidente, Suzana Vellinho Englert, a Associação atuará ao longo dos próximos três anos na captação de recursos para a reconstrução de setores da economia.
“Este é um importante movimento de reconstrução da nossa Porto Alegre. Aproveito e peço que olhem de forma especial para os setores de turismo e eventos, muito impactados”, reforçou a dirigente, que ainda prometeu trabalhar para que os recursos captados cheguem a estes segmentos.
Suzana destacou também que o recuo da água do Guaíba “é apenas a primeira fase de um longo caminho” e defendeu o retorno imediato e integral dos impostos gerados pelo Estado para financiar a reconstrução das estruturas atingidas, além do repasse de outros recursos a fundo perdido.
Cléber Bevengnú, que mediou a sabatina, foi o primeiro a perguntar ao prefeito sobre crise climática e suas consequências. “Esta é a maior crise climática da história do Brasil. E o sistema de prevenção de cheias nasceu antes de muitas pessoas que estão aqui nesta reunião, então, a proteção começa lá atrás. A água chegou a 5,37 metros, e as casas de bombas têm em média quatro metros de altura; bom, tivemos um teste nunca antes ocorrido”, entende o prefeito, atribuindo as falhas do sistema a questões envolvendo antecessores e gestores do Estado e dos municípios.
“Desde que o Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) foi extinto no governo Collor (em 1990), como ficou a gestão de cheias no Estado? Qual a responsabilidade dos outros municípios, qual a do Estado? Será que a dragagem dos rios foi realizada? A manutenção dos diques das outras cidades foi feita? Porque a imprensa critica só a prefeitura de Porto Alegre? e as outras prefeituras? Será que a água entraria em Porto Alegre se o resto do Estado fizesse a sua parte? Não sou de terceirizar responsabilidades, nem é hora de apontar culpados, mas a prevenção de cheias deve ser realizada por todos”, defendeu Sebastião Melo.
O prefeito também respondeu questões enviadas pelos empresários que prestigiaram o encontro na plateia. A busca de recursos, a limpeza da cidade e a reabertura do aeroporto Salgado Filho e das estações de trem dominaram o restante do encontro.
“A rodoviária já está funcionando, o Mercado Público reabriu, as ruas já estão sendo liberadas. Sobre a Trensurb, tivemos reunião e propomos assumir a casa de bombas gerida por eles. Da nossa parte, vamos avaliar as comportas que atendem ao trem, e as que não forem necessárias, talvez sejam definitivamente fechadas”, revelou o Melo.
Contudo, a retomada do Aeroporto, na visão do administrador da Capital, depende diretamente do governo federal, que já se comprometeu a avaliar os danos e subsidiar as reformas necessárias à operação. “Não sou advogado da Fraport, mas a empresa vem sofrendo perdas desde a pandemia, portanto o reequilíbrio do contrato é necessário. O aeroporto é fundamental para nossa recuperação, e é para ontem, não podemos esperar até o fim do ano”, declarou.
Sebastião Melo voltou a citar o governo federal quando perguntado pelo custeio dos prejuízos sofridos pelo município. “Eu tenho participado de todas as vindas do presidente Lula ao Estado, O Rio Grande do Sul sempre ajudou o país, e qual é o sentido de sermos parte de uma federação? É quando um precisar, o outro abraçar, não é ajuda, é dever”, apontou.
No encerramento, o prefeito foi questionado sobre o futuro do sistema da prevenção contra cheias, a limpeza de Porto Alegre e auxílio para setores econômicos como turismo e eventos, além de apoio aos empresários do Quarto Distrito. “Nós precisamos de auxílio da Lei Rouanet, da Lei de Incentivo à Cultura, e rapidamente, nós não podemos perder nenhum negócio na cidade. Sobre a limpeza, não gostaria de dar prazo. Avançamos no Centro, no Praia de Belas, no Auxiliadora, já no Sarandi, que foi o último lugar em que a água baixou, estamos trabalhando, temos 1,5 mil pessoas trabalhando. Sobre as comportas, vamos recuperar, mas reforço, a prevenção de cheias deve ser algo compartilhado, o que se perdeu com a extinção do DNOS, e também deve ser feita com governança coletiva, com Estado e municípios”, finalizou Melo.