Montanhas de lixo geram preocupação na zona Norte de Porto Alegre
MPF e MPRS alertam para risco de contaminação no entorno do Complexo Cultural do Porto Seco

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Porto Alegre soma áreas para descarte de resíduos após a enchente. Chamados de bota-espera, os locais acumulam o lixo recolhido que, depois, é direcionado para um aterro de inertes em Gravataí, na região Metropolitana.
Um desses espaços fica localizado na região do Complexo Cultural do Porto Seco, na zona Norte. Ocorre que, após visita na última quarta-feira, Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) expressaram preocupação com o amontoado de dejetos no terreno.
O principal receio é que pessoas acabem se contaminando, uma vez que a prefeitura cogita montar uma cidade provisória para até 10 mil desabrigados na região.
Além de vistoriar o local onde seriam montadas as barracas para desabrigados, o procurador regional dos Direitos do Cidadão no RS, Enrico Rodrigues de Freitas, e o promotor de Justiça Cláudio Ari Pinheiro, que integra o Centro de Apoio Operacional da Ordem Urbanística e Questões Fundiárias do MPRS, também verificaram a informação de que um terreno vizinho ao futuro abrigo tem sido usado como depósito de lixo.
Segundo informações trazidas a público nos últimos dias por parlamentares estaduais e federais do RS em suas redes sociais, móveis inutilizados pelas águas e outros entulhos são depositados no local, vizinho ao local pensado para a cidade provisória.
“A situação é grave, pois pode colocar em risco a saúde das pessoas que sejam instaladas no local, entre outras questões”, afirmou o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Enrico Rodrigues.
Em nota, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) destacou que a área na região do Porto Seco recebeu apenas materiais inertes, obedecendo aos regramentos e normativas dos órgão ambientais, e também em concordância com as orientações do Ministério Público. O órgão adiciona que está removendo os resíduos do espaço e destinando os materiais adequadamente para o aterro de inertes de Gravataí. O comunicado também enfatiza que a medida emergencial é essencial para agilizar a limpeza da cidadee que o bota-espera é uma solução para agilizar a logística.
Até esta segunda-feira, já foram recolhidas mais de 54 mil toneladas de resíduos após a enchente em Porto Alegre. São 22 grupos, com cerca de 800 garis que trabalham simultaneamente nas seções Centro, extremo-Sul, Norte, Sul e Leste, atuando nos serviços de limpeza dos bairros mais afetados, auxiliados por mais de 380 equipamentos, entre caminhões e retroescavadeiras.
Leia a nota do DMLU
A respeito do alerta sobre acúmulo de resíduos no Complexo Porto Seco, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), esclarece que o espaço funcionou como uma central provisória para o recebimento dos resíduos pós-enchente recolhidos na Zona Norte de Porto Alegre, chamado de Bota-espera. A área recebeu apenas materiais inertes, obedecendo aos regramentos e normativas dos órgão ambientais, e também em concordância com as orientações do Ministério Público. O DMLU está removendo os resíduos do espaço e destinando os materiais adequadamente para o aterro de inertes de Gravataí. Outros terrenos estão em estudo para a criação de pontos na região Norte, após o recuo das águas nas áreas alagadas na localidade. A medida emergencial é essencial para agilizar a limpeza da cidade. A prefeitura está empenhando esforços extraordinários na força-tarefa, que já retirou 54.752 toneladas de materiais pós-enchente. O Bota-espera é uma solução para agilizar a logística. Nos pontos próximos das regiões inundadas, caminhões pequenos descarregam os materiais retirados dos bairros para o envio ao aterro.