Moradores das Ilhas e empresários do 4º Distrito temem retorno das enchentes

Moradores das Ilhas e empresários do 4º Distrito temem retorno das enchentes

A previsão de chuva deixa a população temerosa

Paula Maia
Cristina Cardoso saiu do terreno da sua casa na Ilha do Pavão de barco

Cristina Cardoso saiu do terreno da sua casa na Ilha do Pavão de barco

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Cristina Cardoso, moradora da Ilha do Pavão há 30 anos, começa a ver a água subindo no entorno da sua casa e teme uma nova enchente. O alta do Guaíba é devido as chuvas do final de semana do Rio Grande do Sul. Cristina contou que em enchentes anteriores, o segundo andar da casa nunca foi atingido. No entanto, a gravidade do episódio de maio fez com que ela saísse de barco de casa. Ela continua abrigada com amigos no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. Só vai voltar para a sua residência na Ilha após a retirada completa das marcas da enchente.

Mesmo com a ligação da água restabelecida recentemente, há incerteza quanto à sua continuidade, pois novas chuvas podem ameaçar a estabilidade da infraestrutura local.

Além da falta de água, a ausência de luz elétrica por mais de duas semanas complicou ainda mais a vida dos moradores. "A água começou a vir agora nos canos, mas os canos estão quebrados, e cada um quer que arrumar", ela explica, destacando que apenas caminhões-pipa estavam fornecendo água à ilha, um processo que está longe de atender a todas as necessidades.

A expectativa de Cristina é que a situação melhore em breve e que as pessoas possam retornar a suas casas de forma segura. Mas ela afirma que não descarta a possibilidade de sair da Ilha do Pavão, se tiver alguma ajuda do governo para isso. A dona de casa observa que muitas pessoas estão saindo dos abrigos e não têm casa para voltar e afirma que não quer passar por outra enchente novamente.

Moradora na Ilha do Pavão Cristina Cardozo em sua casa | Foto: Ricardo Giusti

Uma transportadora, localizada no 4º Distrito, em Porto Alegre, foi fortemente impactada pela enchente. O local foi invadido por 1,70 metros de água, danificando severamente mercadorias e equipamentos eletrônicos destinados a clientes diversos, incluindo hospitais e empresas.

Os prejuízos são incalculáveis, atingindo milhões de reais, conforme relatou Felipe Ferraz, funcionário da empresa. Embora parte dos danos seja coberta por seguros, a cobertura não é total, deixando a empresa com uma enorme carga financeira para lidar.

Abaixo lixo e entulhos na rua Conselheiro Travassos no 4° Distrito | Foto: Ricardo Giusti

Ferraz contou que os alagamentos na frente da empresa eram comuns e questiona a ação das autoridades para evitar os transtornos. "A gente entender que existe uma mudança climática é uma coisa, a gente entender que tem altos volumes esperados é outra coisa, mas a gente entender que uma comporta estoura, que casa de bomba não funciona, que limpeza está demorando mais de 40 dias para funcionar, isso é negligência, não tem outra explicação”, disse contando que até ontem a via estava totalmente bloqueada com os entulhos de diferentes empresas ocupando os dois lados das calçadas.
”Havia pilhas de entulhos de três metros. Começaram a limpar ontem a tarde. Contamos com a sorte. Se tivesse chovido, o que se esperava para o final de semana, talvez nem estivéssemos aqui nesse momento”, destacou observando que a possibilidade da empresa sair do bairro não está totalmente descartada.

A força-tarefa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) para limpar a cidade após a enchente chegou a 19 locais atendidos nesta terça-feira. Desde 6 de maio, quando o trabalho começou nos pontos de resgate, até a noite de segunda-feira, 17, foram retiradas 70.781 toneladas de resíduos das ruas, como restos de móveis estragados, raspagem de lodo acumulado e lixo de varrição.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895