Moradores do bairro Guarujá, em Porto Alegre, se dizem esquecidos pelo poder público após as enchentes

Moradores do bairro Guarujá, em Porto Alegre, se dizem esquecidos pelo poder público após as enchentes

Alagamentos constantes na rua Jacipuia e êxodo de pessoas preocupam habitantes remanescentes da área

Felipe Faleiro

Ruas desertas, rua Jacipuia no bairro Guarujá.

publicidade

Moradores da rua Jacipuia, no bairro Guarujá, zona Sul de Porto Alegre, estão preocupados com a falta de ação da Prefeitura na via, atingida por alagamentos e mau cheiro do esgoto a cada ocorrência de chuva mais forte. Um extenso trecho da rua se tornou praticamente deserta depois das cheias de maio, após muitos vizinhos deixarem o local, e quem permaneceu, está indo embora ou adquiriu casas a preços muito abaixo do mercado. Os alagamentos são mesmo o maior fator de indignação. As enchentes históricas fizeram com que o trecho da Jacipuia mais próximo da orla permanecesse ao menos um mês a mais inundada do que o restante da cidade, dizem os habitantes.

“As razões são inalteradas. Este é um trecho que se encontra abaixo do nível do Guaíba, e isso sujeita os moradores a frequentes episódios de alagamentos, não apenas com as chuvas de maio. Temos apenas a promessa de que será contratado um estudo para a ampliação do sistema anticheias para a zona Sul”, diz o servidor Felipe Blaya Almeida Monteiro. De acordo com ele, o sentimento é de “esquecimento pelo poder público”. “A orla de Ipanema está em reconstrução, mas para o Guarujá não há absolutamente nada divulgado”. Machado disse que buscou entrar em contato com o Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática de Porto Alegre via e-mail, e “foi dito que aguardássemos uma solução”.

As marcas de maio continuam muito presentes nas residências, com as linhas horizontais de cor marrom paralelas ao solo demarcando onde a água chegou. Eles dizem que sua situação é muito similar à vivida por habitantes do bairro Ipanema, que no final do ano questionaram a utilidade de novo calçadão construído pela Prefeitura, e que, segundo eles, quando concluído, poderá gerar novas enchentes em locais onde por ora não há, com a alegação de que a água do arroio Capivara poderia ter vazão menor rumo ao Guaíba. A Administração nega que isso ocorrerá. Procurada sobre a demanda do Guarujá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) disse que medidas de redução de riscos estão sendo realizadas até uma solução definitiva para o local.

Ela deve passar pelo resultado de um estudo contratado em outubro para a ampliação do sistema de proteção contra cheias na zona Sul, abrangendo o trecho da avenida Diário de Notícias até o limite com Viamão. Ainda segundo a Prefeitura, “a empresa contratada deverá desenvolver a concepção do projeto com duas propostas de cenários para proteção dentro da nova cota de segurança, que posteriormente serão discutidas com a população”, assim como a previsão de áreas de amortecimento e localização de novas Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps), indicando alterações urbanísticas necessárias ao longo do potencial dique e a estimativa de custos.

Leia a nota completa da Smamus

A Prefeitura de Porto Alegre contratou em outubro estudos para a ampliação do sistema de proteção contra cheias na Zona Sul, abrangendo o trecho da avenida Diário de Notícias até o limite com Viamão, passando pelo Guarujá.

O objetivo é analisar a melhor solução para dar continuidade ao atual sistema de proteção por mais 50 quilômetros ao longo do Guaíba.

O contrato prevê a elaboração de estudo hidrológico para analisar todas as informações históricas de estatísticas de inundação da Capital e definir a nova cota de projeto e estudo hidrodinâmico para estabelecer a altura ideal da crista do dique.

Com base nesses estudos, a empresa contratada deverá desenvolver a concepção do projeto para sistema de proteção da Zona Sul, com duas propostas de cenários para proteção das áreas dentro da nova cota de segurança, que posteriormente serão discutidas com a população.

Além disso, o estudo deve prever áreas de amortecimento e localização de novas Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps), indicando alterações urbanísticas necessárias ao longo do potencial dique e a estimativa de custo para as intervenções.

Enquanto os estudos técnicos estão sendo desenvolvidos, medidas de redução de riscos são realizadas até uma solução definitiva para o local.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895