Museu do Carvão, em Arroio dos Ratos, conclui etapa na recuperação de acervo danificado pela cheia
Secagem e desinfecção em larga escala marcam um avanço na preservação de cerca de 650 caixas de documentos
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Foi concluído na segunda quinzena de dezembro o processo de secagem e desinfecção de parte do acervo arquivístico do Museu do Carvão, na cidade de Arroio dos Ratos. Parte do acervo foi danificado pelas águas da enchente, comprometendo cerca de 650 caixas de documentos e 100 volumes de grandes formatos. Logo após a passagem do evento climático, o material foi congelado para conter a proliferação de micro-organismos.
No entanto, devido à presença de contaminantes na água das enchentes, o desafio não era apenas secar, mas também desinfetar o acervo. Estima-se que o total recuperado ultrapasse 700 mil folhas. O trabalho foi realizado sob contrato com a Secretaria de Estado da Cultura (SEDAC) e representa um marco na preservação de documentos atingidos por desastres climáticos.
Para que os resultados fossem positivos, foi utilizado o método de secagem com ventilação forçada, aquecimento controlado e desumidificação em recintos estanques. Além disso, contou com o uso de um gerador industrial de ozônio – equipamento importado e projetado para desinfecção de acervos e ambientes, ideal para situações como grandes enchentes ou infiltrações.
O trabalho foi desenvolvido pelo conservador-restaurador Stephan Schäfer em parceria com a Preservatech. Schäfer foi responsável pelo monitoramento da secagem com instrumentos científicos e a desinfecção foi monitorada e analisada pelo Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A desinfecção por ozônio, aplicada em baixa concentração e curto período, atingiu níveis de carga microbiana equivalentes aos documentos que não foram atingidos pela água. Ao final do processo, a umidade do papel foi estabilizada entre 4% e 8%, dentro dos parâmetros ideais de conservação, correspondentes a níveis de umidade relativa do ar entre 40% e 60%.
projeto compreendem a restauração, planificação e digitalização que serão executadas num laboratório montado especificamente para essa finalidade na Casa de Cultura Mário Quintana. No final do projeto estima-se que este acervo será praticamente 100% recuperado.