“Não é possível que pessoas morem ali”, diz técnico do governo da Holanda que inspecionou ilhas de Porto Alegre
Coordenador de órgão consultivo diz ter ficado impressionado com o que viu na Capital
publicidade
Embora acostumado a lidar com grandes inundações pelo mundo, o assessor coordenador na Delta Commission, órgão consultivo sobre a gestão de água do governo da Holanda, Dolf Kern, ficou impressionado ao ver o impacto das enchentes de maio no Rio Grande do Sul. Ele está pela primeira vez na capital gaúcha para participar da Conferência de Cocriação: Repensar o Sistema de Proteção contra Enchentes no Delta Metropolitano de Porto Alegre, no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O encontro encerra nesta quinta-feira.
“É um desafio grande trabalhar aqui. O rio aqui é muito maior do que os da Holanda. Os efeitos também ainda são muito grandes, como o aeroporto, que ainda não está funcionando”, resumiu ele, que participou da visita de campo a lugares afetados pelas cheias no RS, como a região das ilhas de Porto Alegre. Para ele, as apresentações realizadas nos três dias do evento foram de alta qualidade. “Aqui vocês têm os conhecimentos técnicos necessários e pessoas que entendem muito bem o que aconteceu”, destacou ele.
Na opinião de Kern, um dos painelistas do evento, é preciso unir forças entre os governos para buscar soluções. “Quem vai pagar o quê, quem decide o quê, este é o grande desafio. O problema não é falta de conhecimento. Eu vejo que não é possível que pessoas vivam nestas ilhas. Mas elas vivem. E não se pode dizer que elas devem sair sem dar uma nova perspectiva. É nossa obrigação tentar resolver. Tecnicamente, não é um bom lugar para viver, e entendo que, socialmente, é necessária dar outra solução àquelas pessoas que vivem lá”.
O terceiro dia do encontro tem novas discussões a respeito das experiências do Brasil e Holanda no controle de cheias. Os pesquisadores holandeses que atuaram em Porto Alegre em junho sugeriram à Prefeitura algumas ações para evitar novas catástrofes climáticas na Capital, como a construção de um muro entre os armazéns do Cais Mauá e o Guaíba, de quatro metros de largura, mais sacos de areia no topo, em caso de emergências. Eles poderiam ser retirados para permitir, por exemplo, o trânsito de pessoas. O documento com as recomendações, oficialmente, não está disponível ao público.