Nível do Sinos segue baixando, mas previsão de chuva assusta moradores das regiões mais atingidas

Mesmo com as cidades do Vale do Sinos registrando um leve recuo das águas nos bairros mais afastados das áreas ribeirinhas, moradores dos municípios de Campo Bom, Sapiranga, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul seguem em alerta diante das previsões de chuva que ameaçam cair sobre as regiões durante todo o final de semana. Nesta sexta-feira, a régua junto à ponte da Barrinha, em Campo Bom, apontava que o Sinos estava na marca dos 6,80m, bem abaixo do extravasamento, aos 7,20m

Moradora do bairro Operária, Maria Eduarda dos Santos Martinela, que deixou a residência em 2 de maio e segue abrigada na casa da sogra, diz que não tem ideia de quando vai voltar para casa. “É um pesadelo que não acaba mais. Nunca pensei que passaria por uma situação destas, mas o importante é que estamos vivos. Quanto ao material, perdi tudo.” Campo Bom teve seis bairros atingidos: Barrinha, Porto Blos, Vila Rica, Operária, 25 de Julho e Mônaco, contabilizando 3,2 mil atingidos. O prefeito Luciano Orsi já decretou estado de calamidade pública

Em São Leopoldo, o Sinos estava na marca de 6,12m, baixando 1cm por hora. Segundo informou a Administração, o Gabinete de Crise está atuando na manutenção de alerta para qualquer risco de chuvas, com alerta máximo para as famílias residentes próxima aos arroios, em áreas alagadas e de ruas e avenidas que tem alagamentos pontuais. Atualmente, o Município contabiliza 12 mil desabrigados em 104 abrigos abertos na cidade. A maior cheia do Município afetou 180 mil pessoas.

A cidade de Sapiranga decretou estado de calamidade pública em decorrência dos estragos causados pela inundação. Hoje a cidade mantém 27 pessoas abrigadas no ginásio da Prefeitura e contabiliza mais 127 desalojadas. Os bairros mais devastados são Centenário, Centro, São Luiz, Porto Palmeira (ainda alagado) e a Zona Rural nas imediações do Morro Ferrabraz. A Defesa Civil segue em alerta em função do risco de nova enchente.

Em Sapucaia do Sul, a última aferição do Rio dos Sinos nesta sexta-feira apontou 6 metros, com tendência a reduzir ainda mais. Entretanto, 945 pessoas ainda seguem acolhidas em duas escolas do município, bem como salões comunitários, igrejas e associações. Quanto as pessoas que procuraram abrigos na casa de parentes e amigos, a Administração não tem como estimar. Janice Gonçalves Dias faz parte deste número indefinido.

Moradora do bairro Fortuna, ela disse que desta vez perdeu tudo. Abrigada na casa da prima, ela aceitou o convite de pernoitar com o marido e os dois filhos e acabou ficando no local até os dias de hoje. “Acho que desta vez teríamos morrido. A água subiu muito rápido e não deu tempo para nada. Salvamos algumas roupas e documentos. O resto ficou embaixo da água.”