No Tá na Mesa, palestrantes destacam a importância de não esquecer a enchente de maio
A edição desta semana contou com a participação do engenheiro agrícola Antoniony Winkler e o professor do IPH Fernando Dornelles
publicidade
Na edição desta semana do "Tá na Mesa", realizado pela Federasul, o engenheiro agrícola Antoniony Winkler e o professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, discutiram sobre vulnerabilidade e ações de curto prazo no sistema de contenção de enchentes na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Winkler destacou que a região conta atualmente com 65 km de diques e 2,7 km do muro da Mauá, que inclui 14 comportas e 23 casas de bombas. Os diques têm a função de impedir a entrada das águas do Guaíba na cidade, enquanto as comportas facilitam o escoamento e as casas de bombas retiram o excesso de água do sistema quando ele está saturado.
O engenheiro agrícola, que é doutor em manejo e conservação do solo e da água e diretor da WR Assessoria Agrícola, apontou que, durante a enchente de maio, muitas casas de bombas ficaram colapsadas e, em um determinado momento, os níveis de água em Porto Alegre eram superior ao do Guaíba.
Ele sublinhou a importância de aumentar a resiliência e segurança do sistema, enfatizando que mesmo os sistemas de drenagem mais avançados têm chances de falhar. Winkler alertou que novos eventos de grandes chuvas podem ocorrer em um curto intervalo de tempo, devido a mudança climática.
Entre as soluções de curto prazo sugeridas por Winkler estão a elevação ou vedação das casas de bombas e a elevação da rede elétrica acima da cota de inundação prevista. Ele também ressaltou a necessidade de instalar geradores nas casas de bombas e estabelecer uma logística eficiente para seu abastecimento imediato.
O professor Dornelles observou que, entre os 34 municípios da Região Metropolitana, apenas quatro possuem sistemas de proteção contra cheias: Porto Alegre, que é banhada pelo Guaíba e recebe água de um terço do Estado; e Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, que são afetados pelo Rio dos Sinos.
Dornelles mencionou que, durante a última enchente, foram registrados 30 mil metros cúbicos por segundo de vazão no ponto do Gasômetro. Ele também discutiu o desassoreamento como uma alternativa, mas destacou que seu custo é muito alto e deve ser cuidadosamente avaliado em termos de benefícios.
O professor ressaltou que o esquecimento de eventos como o ocorrido em maio pode diminuir a percepção de risco, e enfatizou a necessidade de vigilância constante e manutenção para evitar futuros colapsos. Dornelles sugeriu a adoção de um plano de segurança inspirado no programa nacional de segurança de barragens, com um foco em diques e sistemas de bombeamento mais robustos.
No seu discurso, o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa, cumprimentou o presidente da República pelo anúncio do benefício voltado ao agronegócio gaúcho. “Inegavelmente é uma política pública extremamente benéfica que será capaz de impedir um enorme êxodo rural. Obrigada ao presidente Luis Inácio pela sensibilidade da resposta ao clamor de tantas pessoas do agronegócio”, afirmou Sousa.
O presidente da Federasul também destacou a necessidade de crédito facilitado para comércio, serviços e agroindústria, com juros compatíveis com a magnitude da crise enfrentada. "Precisamos resgatar todos os elos da cadeia produtiva. Essa engrenagem não pode ter uma peça que não foi recuperada”.
No final de sua fala, Sousa criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que, segundo ele, criou insegurança jurídica ao ameaçar milhões de usuários da plataforma X com multas diárias de R$ 50 mil. “Nós acreditamos nas garantias individuais cravadas em cláusulas pétreas na Constituição Federal”. Sousa também enfatizou que a crítica é essencial para a democracia e que a política se movimenta pela opinião pública.
Durante a vitrine da reunião-almoço, o diretor-executivo da Lamb Engenharia e Construção, Julio Bratz falou sobre a nova marca da empresa gaúcha que tem 38 anos de atuação no setor da construção civil e está lançando sua nova marca em um momento especial, no qual dobrou seu faturamento nos últimos três anos ao atingir uma alta anual de 30%. No mesmo período, foram construídos 100 mil metros quadrados pela companhia em diversos setores.
Além de novas obras em andamento, há reconstruções referentes às enchentes de maio, para empresas que foram atingidas. Recentemente, foi entregue a nova portaria da CMPC em Guaíba, feita inteiramente de madeira engenheirada, de maior apelo ambiental, sendo a primeira obra de grande porte do Estado com essa tecnologia.
Uma obra que está sendo entregue neste mês de setembro, já dentro da nova fase da Lamb, é o Centro de Assistência da Saúde da Unimed em Rio Grande, com a execução completa do empreendimento, inclusive as instalações hospitalares. É um prédio de quatro pavimentos em estrutura de concreto armado moldada in loco com laje nervurada.