Parcerias culturais espalham geladeiras com livros pelas cidades da Região Metropolitana

Parcerias culturais espalham geladeiras com livros pelas cidades da Região Metropolitana

Canoas, Esteio e Nova Santa Rita já contam com a Geloteca

Fernanda Bassôa

São Leopoldo e Novo Hamburgo, em breve, também receberão os equipamentos

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Geladeiras descartadas transformadas em bibliotecas móveis, recheadas de livros para estimular a leitura entre as comunidades que vivem na periferia. Esse é o foco do projeto Gelotecas, desenvolvido pelo produtor cultural e rapper, Adriano de Souza Peixoto, 38 anos, o “Dplay” que vive no bairro Guajuviras, em Canoas, e que em apenas dois meses de projeto já instalou nove geladeiras em três cidades da Região Metropolitana. São cinco geladeiras em Canoas, três em Esteio e uma em Nova Santa Rita. Neste sábado, a décima Geloteca será implantada no calçadão de Sapucaia do Sul e cidades como São Leopoldo e Novo Hamburgo, em breve, também receberão os equipamentos.

O rapper Dplay conta que a ideia surgiu a partir de um descarte, feito por um amigo, do eletrodoméstico que não tinha mais conserto. “Então chamei um amigo que faz grafite e fiz contato com um outro parceiro que já trabalhava com o empréstimo de livros em uma praça aqui em Canoas. Em uma semana a ideia viralizou, mobilizando adultos e crianças a buscarem, e também doarem, histórias distribuídas entre as prateleiras do equipamento instalado ao ar livre. “A segunda geladeira, que ficou tão legal e atraente quanto a primeira, foi furtada. Isso virou assunto principal nas redes e plataformas digitais. Fizemos questão de divulgar que nosso projeto, nosso bem social para toda a comunidade, havia sido roubado e que era injusto. Foi nesse momento que o projeto alavancou. Recebemos doações de geladeiras e livros de várias cidades da região. Isso fortaleceu nossa ideia. Agora, a meta é colocar pelo menos 10 Gelotecas em cada uma das cidades.”

Dplay vê a iniciativa como uma forma de incentivar a leitura e proporcionar acesso à cultura junto as comunidades mais vulneráveis, criando o hábito de viajar nas páginas de obras literárias. “O projeto também une o grafite, o que dá uma visibilidade maior aos artistas envolvidos. Além disso, muda o ambiente visual, dá mais cor e alegria ao bairro. Num momento que precisamos ficar em casa e muito ainda não tem acesso à internet, a Geloteca é uma forma de suprir o tempo ocioso de crianças, jovens e também adultos.”

Na cidade de Esteio, em parceria com a Associação da Casa da Cultura Hip Hop, estão sendo estudados os locais onde os equipamentos serão instalados. O coordenador de autogestão e sustentabilidade da Associação, Rafael Diogo dos Santos, diz que a ideia vem para contribuir positivamente na forma de levar informação, cultura e entretenimento junto as mais variadas comunidades da cidade. “Espalhar o gosto pela leitura e o interesse à literatura especialmente para aquelas famílias que estão pressionadas por uma série de necessidades e dificuldade tendo em vista o confinamento causado pelo novo coronavírus. A leitura também acolhe”, conclui.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895