A Polícia Federal (PF) detalhou o plano estratégico de segurança para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que transformará Belém (PA) no centro da diplomacia global entre 10 e 21 de novembro. Com uma expectativa recorde de 181 delegações internacionais, a operação foca não apenas na proteção de autoridades, mas também na garantia do direito à livre manifestação, um diferencial desta edição.
O volume de visitantes é sem precedentes. Segundo a Secretaria Extraordinária da COP30, ligada ao governo federal, 132 delegações já possuem hospedagem confirmada, enquanto outras 49 seguem em negociação. A lista consolidada, contudo, só será publicada pela ONU no primeiro dia da conferência. A PF, que ativou seu plano de ação já no início de outubro, trata o evento como o maior desafio logístico e diplomático recente do país.
O planejamento da Polícia Federal reconhece três eixos centrais que tornam esta COP 30 singular. O primeiro é a natureza diplomática: a agenda climática atrai nações com visões antagônicas, exigindo um manejo de segurança sensível às dinâmicas geopolíticas.
O segundo eixo é, talvez, o mais simbólico para a capital paraense: a liberdade de expressão. Belém sediará a conferência após edições em países com maiores restrições às liberdades civis e um período pandêmico. O Brasil, e especificamente a Amazônia, consolida-se como palco principal para a manifestação de povos originários e movimentos sociais. A PF informou que atuará para proteger todos os participantes e estabelecer perímetros claros, buscando uma "convivência harmônica" entre os protestos e o funcionamento da cidade.
Por fim, o terceiro eixo é a logística amazônica. A PF anunciou um reforço específico na segurança migratória e aeroportuária, observando padrões internacionais para a recepção de chefes de Estado e dirigentes de organismos internacionais, em coordenação direta com o Ministério das Relações Exteriores.
A menos de duas semanas do início das reuniões, Belém ajusta seus últimos detalhes. A cidade prepara-se para receber o calor (e as tensões) dos debates climáticos globais.