Após as severas ocorrências climáticas de maio do ano passado, surgiu com ainda mais força o debate sobre a necessidade de tornar permeáveis a superfície das grandes cidades. Asfalto e cimento estão entre as barreiras que dificultam que a água se infiltre no solo e baixe com mais rapidez em caso de alagamentos, e a busca por alternativas ganhou ainda mais urgência.
Regiões de Porto Alegre antes pouco arborizadas receberam ações que buscam mudar não apenas a paisagem, mas reduzir a temperatura média e dar mais capacidade de absorção ao solo. De acordo com a Secretaria de Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade da Capital (Smamus), bairros da zona Norte da cidade, somados a Bom Fim, Praia de Belas e Cidade Baixa receberam 3,1 mil árvores nos últimos sete meses.
“Este processo começou em 2019, porém enfrentamos dificuldades em encontrar uma empresa que assumisse o serviço. Depois, a pandemia interferiu, só conseguimos de fato uma empresa em março do ano passado e por conta das enchentes, o trabalho só engrenou a partir de junho”, explicou a coordenadora de arborização urbana da Smamus, Verônica Riffel.
Conforme a responsável, o município investiu R$ 3 milhões e outras 400 mudas serão plantadas até o fim do contrato com a prestadora de serviços, em março deste ano. Contudo, a empresa não quis renovar e uma nova licitação será realizada ainda no primeiro semestre de 2025.
“Queremos dar continuidade ao trabalho. Identificamos que a zona Norte tem baixa cobertura arbórea. Além disso, bairros como Cidade Baixa e Bom Fim, com muito asfalto, se tornam as chamas ilhas de calor, e as árvores são importantes para a redução da temperatura”, detalhou.
Segundo a Smamus, Porto Alegre tem uma taxa de arborização de 46%. É um índice considerado ótimo pela pasta, uma vez que a recomendação internacional é de 30%.
Verônica cita que o plantio envolve outro benefício, entre eles a abertura de canteiros em calçadas antes totalmente cobertas por cimento ou outro tipo de pavimento que impede a absorção da água.
“São dois benefícios, a abertura de canteiros permite que as árvores se desenvolvam com saúde, e contribuem nesta questão dos alagamentos. São plantios inteligentes, de espécies adequadas aos espaços urbanos e longe de redes elétricas ou da iluminação pública”, garantiu a especialista.