Prefeitura de Capela de Santana irá processar CSG após rompimento de asfalto na ERS 240

Prefeitura de Capela de Santana irá processar CSG após rompimento de asfalto na ERS 240

Administração afirma buscar solução desde 2017 para trecho rompido na última segunda-feira, que causou alagamentos e remoção de famílias

Felipe Faleiro

Alagamentos em Capela de Santana ontem à noite e ERS 240 colapsada agora pela manhã

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A Prefeitura de Capela de Santana, no Vale do Caí, irá acionar no Tribunal de Justiça do RS (TJRS) a Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), concessionária administradora da ERS 240, após o rompimento do asfalto e consequente aumento generalizado no fluxo de água, na altura do quilômetro 20,5, por volta das 21h da última segunda-feira, e irá orientar que as famílias afetadas façam o mesmo, de acordo com o prefeito Alfredo Machado. Ele atribui o problema, que causou alagamentos em diversas ruas no bairro Primavera, às ações emergenciais feitas pela CSG na rodovia nos últimos dias.

Ao todo, conforme o coordenador da Defesa Civil Municipal, Leomar de Almeida, 25 residências no bairro Primavera foram atingidas pela água até então acumulada no lado oposto da via. 18 pessoas ficaram desabrigadas, totalizando três famílias. Elas foram transferidas para o Centro de Convivência do município de maneira temporária. "Ali acumulou muita água a partir do último dia 1º. Acabou se transformando em uma espécie de barragem. A concessionária, na última sexta-feira, colocou uma bomba por baixo do asfalto para puxar a água represada, já que estava correndo o risco de arrebentar”, relatou o prefeito.

A própria rodovia, segundo ele, segurava o fluxo, mas a intervenção da CSG causou as rachaduras e o colapso do trecho. Com isso, o excesso de água seguiu aos arroios das Amoras e Mineiro, que passa próximo às casas. Ainda conforme o prefeito, uma solução é cobrada para a área desde janeiro de 2017, ainda quando a ERS 240 era administrada pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Sendo de competência estadual, e depois privada, a rodovia naquele ponto não pode receber obras do município.

Machado comenta que o ideal seria a construção de galerias por baixo da rodovia, algo que está sendo feito somente agora, depois do incidente. Quanto ao alagamento em si, por volta da meia-noite a água já havia baixado novamente, conforme Almeida, e de menos de dez ruas diretamente atingidas, apenas uma ainda pode estar com alguma inundação nesta manhã. “Acreditamos que amanhã as famílias já possam voltar para suas casas”, explicou o coordenador da Defesa Civil Municipal. Capela de Santana está com decreto de situação de emergência reconhecido pelo governo federal em razão das enchentes, e ainda há em abrigos quatro famílias, somando cerca de 15 pessoas.

CSG dá sua versão sobre o ocorrido

Procurada, a CSG afirmou, em nota, ainda pela manhã, que a empresa está focada na rodovia “para restabelecimento do tráfego, em colocar a rodovia trafegável para a população”. “Nossa equipe está no local e avalia danos. Ainda não temos uma previsão de como será a obra e quanto tempo levará. Faremos os levantamentos de possíveis prejuízos e responsabilidades”, salientou a CSG, que já iniciou o conserto da rodovia.

À tarde, a empresa ampliou sua versão sobre o ocorrido. Conforme a concessionária, o desmoronamento foi ocasionado pelo “colapso do dispositivo formado por três linhas de tubos de concreto com diâmetro de um metro, que não suportaram a pressão da água acumulada”. Explicou que, na sexta-feira, instalou bombas hidráulicas para diminuir a água, alocando duas linhas de tubos de seis polegadas, através de um corte na camada superficial no pavimento, com profundidade de 50 centímetros.

Disse ainda que “o trecho onde foi realizada a intervenção é composto por um aterro com altura superior a 12 metros. Portanto, o corte superficial para a instalação dos tubos não teve qualquer relação com a ruptura do pavimento e, consequentemente, com a passagem do volume de água”. Além das fortes chuvas, a CSG afirmou que soube da informação da ruptura de três açudes e uma represa de pequeno porte a montante, que podem ter desaguado no local de ruptura, e disse que está apurando o possível fato.

Informou também que está trabalhando na limpeza do local, que está sinalizado, e que instalará uma galeria de dois metros de altura pelo mesmo tamanho de largura. Após, fará a reconstrução da via. A área em questão está sinalizada. Desvios podem ser feitos por dentro do município de Capela de Santana, pela estrada do Passo da Taquara e pela ERS 124, em Montenegro e Pareci Novo, até a ERS 122, em São Sebastião do Caí.


Correio do Povo
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