São Lourenço do Sul vai decretar situação de emergência após chuvas afetarem a cidade

São Lourenço do Sul vai decretar situação de emergência após chuvas afetarem a cidade

Município ainda se recupera da enchente de maio e enfrenta novos problemas causados por fortes chuvas, granizo e danos à infraestrutura

Guilherme Sperafico
Nível do Arroio São Lourenço começa a baixar, enquanto o município contabiliza os estragos

Nível do Arroio São Lourenço começa a baixar, enquanto o município contabiliza os estragos

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São Lourenço do Sul, que ainda vive sob o estado de calamidade decretado pela enchente de maio, vai declarar situação de emergência devido às fortes chuvas que atingiram a cidade nos últimos dias. Desde o último domingo, a cidade acumulou cerca de 280 milímetros de chuva. Além disso, o granizo afetou mais de 10 mil pessoas, porém sem maiores transtornos. Ao todo, 11 residências sofreram estragos relevantes pelas pedras de gelo, principalmente na área urbana.

O prefeito Rudinei Härter confirma que, apesar do estado de calamidade ainda vigente, a nova situação crítica exige medidas emergenciais. "Vamos decretar situação de emergência dentro do estado de calamidade. Estamos lidando com problemas sérios na área rural, e a previsão de mais chuva na próxima semana nos preocupa", afirmou Härter.

A Defesa Civil local atuou, especialmente para monitorar o arroio São Lourenço, que transbordou e ameaçou as áreas ribeirinhas. Cerca de 300 famílias que vivem nas proximidades do arroio foram alertadas e instruídas a procurar locais mais seguros, caso houvesse necessidade. Seis famílias chegaram a ser removidas e levadas para abrigos, mas já retornaram às suas casas depois que o nível da água voltou a diminuir.

O arroio São Lourenço era a principal preocupação. A água chegou a sair do leito, atingindo moradores ribeirinhos, mas a situação está voltando à normalidade, informou a Prefeitura.

No interior, o cenário foi ainda mais crítico, com a queda de várias pontes e destruição de bueiros, além de estradas completamente danificadas.

A situação das estradas impacta diretamente a economia local, especialmente para os produtores rurais. Muitos deles enfrentam dificuldades de acesso para escoar a produção e para o transporte de leite e ração para o gado. "Temos produtores que estão perdendo até 500 litros de leite por dia porque não conseguem transportar. As estradas não têm acesso e muitos locais ainda estão sendo contabilizados. Algumas das estradas foram cortadas, e os caminhões não conseguem passar", lamentou o prefeito.

Outro ponto que preocupa a administração municipal é o fornecimento de energia, que continua irregular em várias partes da cidade e no interior. "Há locais que foram visitados por cinco equipes, e o problema ainda não foi resolvido. Isso está afetando a produção e a vida de muitas famílias", afirmou Härter. O prefeito destacou que, embora o Governo do Estado tenha prestado um apoio importante, a ajuda federal tem sido insuficiente. "O Governo do Estado tem sido essencial, com recursos e apoio, mas do Governo Federal recebemos muita conversa e pouca ação", desabafou.

Enquanto a situação volta gradativamente à normalidade, as autoridades mantêm a preocupação com a previsão de novas chuvas na próxima semana, o que pode agravar ainda mais os problemas já enfrentados pela população. "Estamos reerguendo a cidade da enchente de maio, mas cada nova chuva deteriora o que já foi recuperado, principalmente no interior", ressaltou Härter.

Na área da Educação, as aulas foram suspensas no interior devido às condições das estradas, enquanto na área urbana apenas uma escola foi diretamente afetada pelas chuvas. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Armando das Neves teve que suspender as aulas após a água invadir o prédio. "A água entrou pelas tomadas e ralos, trazendo risco de eletricidade. Foi uma situação preocupante, mas conseguimos proteger o mobiliário e equipamentos novos que recebemos após a enchente de maio", explicou a vice-diretora da escola, Terusca Martins Barbosa.

A instituição, que atende 250 alunos, deve retomar as aulas na segunda-feira, após a conclusão dos trabalhos de limpeza e manutenção.

Com as estradas ainda deterioradas, o acesso aos produtores rurais e a entrega de alimentos para o gado são as maiores preocupações da administração municipal. “Caminhões não conseguem chegar às áreas de confinamento de gado, o que afeta diretamente a alimentação de cerca de 10 mil cabeças de gado que estão destinadas à exportação. O produtor não sabe fazer para poder alimentar o gado", conclui Härter.


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