Servidores públicos estaduais protestam contra reestruturação do IPE Saúde

Servidores públicos estaduais protestam contra reestruturação do IPE Saúde

Simers afirma, no entanto, que há avanços com governo para revisão dos honorários aos credenciados com o convênio

Felipe Faleiro

Protesto seguiu pela avenida Borges de Medeiros até o Palácio Piratini

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Centenas de servidores públicos estaduais protestaram, na manhã desta quarta-feira, em Porto Alegre, contra o projeto de reestruturação do IPE Saúde apresentado na semana passada pelo governador Eduardo Leite. Eles saíram em caminhada da sede do instituto, no bairro Praia de Belas, e seguiram até o Palácio Piratini. A manifestação teve a presença de sindicatos e representantes de movimentos sociais. O protesto repete ato realizado na mesma data em 2022, porém, na época, a mudança no convênio médico público, cujo passivo é de R$ 250 milhões, não estava na pauta.

“Este ato é contra mais este ataque do governo Leite que quer colocar esta conta, o problema da má gestão do IPE, nas costas do servidor. Segundo os próprios números do governador, o instituto seria inclusive superavitário. Esta pauta deve ser de toda a sociedade, pois são mais de 1 milhão de servidores do Estado que dependem do IPE Saúde”, salientou o presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do RS (Sintergs), Antônio Augusto Medeiros, que afirma representar mais de 7,8 mil servidores ativos e inativos. “O governo está aplicando uma lógica de plano de saúde no IPE, mas não é assim”, pontuou Medeiros.

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e Brigada Militar acompanharam o protesto, que teve o apoio de um trio elétrico. Em um momento de caráter simbólico, os manifestantes também solicitaram a presença do presidente do órgão público, Bruno Jatene, para “assinar a ficha de filiação”, instalando uma mesa em frente a entrada principal do instituto. 

Procurado, o IPE disse que Jatene “se colocou à disposição para receber alguns manifestantes”, mas eles não foram até o gabinete. Em nota, o instituto afirmou que há “transparência e diálogo em relação às mudanças apresentadas pelo governo”, e que, desde a semana passada, “estão sendo realizadas reuniões com diversas entidades representativas da sociedade, servidores, deputados e demais setores envolvidos para que as diferentes perspectivas possam ser ouvidas e analisadas em prol das melhorias que são necessárias para a sustentabilidade do sistema”.

Reforçou ainda que a reestruturação “tem o objetivo de promover o reequilíbrio financeiro e a qualificação do serviço prestado pelo IPE Saúde, tornando o instituto moderno e sustentável, garantindo um melhor atendimento a toda sociedade gaúcha”.

O projeto de reforma no convênio público, que ainda será encaminhado à Assembleia Legislativa, prevê, entre outros itens, ampliação da alíquota cobrada dos titulares, de 3,1% para 3,6%, o início da contribuição para dependentes, mensalidades conforme a faixa etária e o aumento de 40% para 50% da coparticipação para consultas e exames.

Presidente do Simers, Marcos Rovinski, se reuniu com secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, nesta quarta | Foto: Viviane Dreher/Simers

Tom “harmônico” marca reunião do Simers com Casa Civil sobre IPE

Enquanto o protesto ocorria, o presidente do Sindicato Médico do RS (Simers), Marcos Rovinski, esteve reunido no Piratini com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos. A categoria pleiteia mudanças no IPE Saúde, que tem causado descredenciamentos de médicos, bem como a revisão do pagamento de honorários aos profissionais, algo que não ocorre desde 2011. Conforme Rovinski, o tom do encontro foi considerado “harmônico”. 

Os médicos credenciados ao IPE Saúde estão paralisados desde o último dia 10. A mobilização ocorrerá ao menos até o próximo dia 2, quando farão nova assembleia geral. Neste período, somente consultas e atendimentos de urgência e emergência são realizados. “Sinto que há interesse em modificar o atual status que não muda há 12 anos. É tudo uma questão de detalhes”, sinalizou o presidente do Simers após a reunião. 

Também de acordo com ele, o governo estuda aumentar o valor destinado aos honorários em mais R$ 140 milhões ao ano, a fim de contemplar a categoria paralisada. Hoje, eles representam por volta de R$ 200 milhões do orçamento do IPE Saúde. “Ainda é um valor abaixo do que acreditamos que deva ser o padrão, que é o CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos). Mas o governo vê com bons olhos a possibilidade de reavaliar este valor, dependendo da aprovação do projeto”, disse Rovinski.


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