Trabalhadores dos Correios decidem entrar em greve a partir desta quinta-feira
Decisão foi informada após assembleia realizada nesta quarta-feira e tem vigência por prazo indeterminado
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Os trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Sul decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira, dia 8. A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta quarta-feira, em Porto Alegre e em seis subsedes nas regiões de Caxias do Sul, Vale do Sinos, Santa Cruz do Sul, Pelotas, Litoral e Vale dos Sinos.
A categoria, em campanha salarial, reivindica concurso público imediato para carteiro e outras funções operacionais, reajuste salarial com aumento real, revisão da mensalidade do plano de saúde, retorno do pagamento de 70% das férias e extensão do pagamento de 30% da periculosidade para carteiros motoristas, entre outras demandas. Segundo o Secretário-Geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Correios no RS (SINTECT-RS), Alexandre Nunes, a categoria chegou ao limite após 14 reuniões sem avanços significativos nas negociações com a empresa.
Nunes afirmou que a proposta apresentada pela empresa apenas replicava as cláusulas do acordo de 2023, adiando o reajuste de 6,05% para janeiro de 2025 e sem abordar as demais questões fundamentais para os trabalhadores. Ele criticou a empresa por anunciar um concurso público, fundamental para diminuir a sobrecarga de trabalho, enquanto simultaneamente lançou um Plano de Demissão Voluntária. "Os trabalhadores estão adoecendo, física e mentalmente, têm os salários mais baixos entre todas as estatais, e sequer conseguiram recuperar tudo que foi retirado do ACT em 2020", destacou Nunes.
Após a reunião, Nunes confirmou que os trabalhadores decidiram aderir à paralisação, que já ocorre em outros estados. "Decidimos iniciar a greve por tempo indeterminado em nosso Estado. Amanhã é dia de luta e mobilização. Todo mundo bem cedinho deve estar na frente do seu local de trabalho. Vamos fazer um grande ato", disse ele em vídeo divulgado pelo Sintect. "Queremos que a direção da empresa faça uma proposta justa para os trabalhadores", acrescentou.
Nunes também questionou a utilização crescente de terceirizados, como motoboys e motoristas particulares, para fazer as entregas, prática que ele descreveu como uma "uberização" dos serviços dos Correios. Segundo ele, algumas unidades possuem apenas trabalhadores terceirizados, sem nenhum concursado, o que compromete a qualidade do atendimento à população.
Propostas e concursos
A assessoria dos Correios informou que as agências seguirão em operação apesar do movimento de greve. A empresa adotou medidas para cobrir ausências pontuais e localizadas. Conforme o presidente Fabiano Silva dos Santos, a companhia irá manter a posição de negociar.
Os Correios alegam que propuseram aumento de 6,05% nos salários a partir de janeiro de 2025, mais aumento de 4,11% nos benefícios a partir de agosto de 2024. Outra melhoria proposta pelos Correios é o aumento de 20% na função “motorizado” para os motociclistas e motoristas.
A empresa ainda acrescentou o pagamento de um vale alimentação/refeição extra no valor de R$ 50,93, nos meses de agosto a dezembro de 2024, para empregadas e empregados com remuneração até R$ 7,3 mil, e o pagamento de um vale extra (o “vale-peru”) de R$ 1.120,47 para todas as empregadas e os empregados, a ser pago no mês de dezembro de 2024.
Sobre o plano de saúde, o processo de alteração do regulamento para redução da coparticipação de 30% para 15% tem previsão de implementação no próximo mês, após a realização de ajustes necessários para adequação às normas vigentes.
Além disso, os Correios estão com concurso público aberto para vagas da área de medicina e segurança do trabalho e em processo para realização do concurso público nacional para vagas de nível médio e superior, com início das contratações previsto para dezembro.