Transporte coletivo volta a operar com frota reduzida em Guaíba

Transporte coletivo volta a operar com frota reduzida em Guaíba

Decisão do TRT-RS determinou que 30% do transporte público volte a circular

Fernanda Bassôa

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O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) determinou nesta quinta-feira que 30% da frota do transporte público da cidade de Guaíba volte a circular prestando serviço à comunidade. Os rodoviários da empresa Expresso Assur – que presta serviço ao Município - cruzaram os braços na terça-feira em virtude da falta de pagamento de parte do salário de dezembro e da integralidade do 13º salário, além de cesta básica e vale-alimentação. 

Na liminar, proferida pelo vice-presidente do TRT-RS, desembargador Francisco Rossal de Araújo, foi determinado que os trabalhadores ficam obrigados a garantir, durante o movimento grevista, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. “É evidente que a não prestação de serviço de transporte coletivo pode colocar em risco a população de Guaíba, em especial, quanto ao acesso à saúde, em momento tão delicado no que diz respeito à pandemia causada pela Covid-19”, justificou o desembargador. Em caso de descumprimento, a multa diária foi fixada em R$ 5 mil, a ser paga pelo sindicato. 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Guaíba, Luís Carlos Veiga Martins, disse que os trabalhadores acataram a decisão da Justiça e ao meio-dia desta mesma quinta  puseram três veículos a circular, bem como efetivo para operar. “É muito injusto o que estão fazendo com o trabalhador. Desde o início de 2020 o funcionário tem recebido com atraso seu salário. Falta comida na mesa do trabalhador. Contas de água, luz e gás estão em atraso. Queremos uma solução adequada.” Segundo ele, as dívidas recaem sobre 120 trabalhadores 

O diretor da empresa Expresso Assur, Cristian Isse, explica que a falta de receita se deve a uma série de fatores decorrentes dos últimos anos. “A previsão de carregamento de passageiros, que não se confirmou, as mudanças das linhas de ônibus implementadas pela Prefeitura em 2017 que fizeram cair em 20% a receita, bem como a concorrência do transporte clandestino de passageiros, motoristas de aplicativo e por fim, a pandemia.” Cristian fala que há desequilíbrio no contrato e que o serviço de transporte paralelo ilegal gera problemas graves para a empresa.

“Além disso, entre abril e dezembro, período da pandemia, perdemos 70% do faturamento. Aderimos ao programa do governo federal, com redução de salário e jornada. Isso se encerrou em dezembro e a folha retornou 100%. Esse fator também nos gerou dificuldade. Não tivemos nenhum apoio do poder público.” O diretor explica que está em negociação, na busca por uma alternativa para quitar os débitos. Entretanto, hoje não há uma previsão para que isso aconteça. 

A Prefeitura de Guaíba foi procurada, mas ainda não se manifestou. 


Correio do Povo
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