“Tu acaba se acostumando”, relata morador que sobrevive com falta de luz, água e gás natural em Porto Alegre
Bairros da capital, principalmente os que seguem com áreas alagadas, são os que mais sofrem com desabastecimento de serviços essenciais
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Gerador para carregar o celular e carne assada com o que ainda resta de alimento que não precisa ser cozido. Ficar em casa em uma região com desabastecimento de serviços básicos tornou-se uma verdadeira prova de resistência para muitos moradores de Porto Alegre, principalmente para os que ainda estão ocupando áreas atingidas pela enchente, seja por conta do medo de saques ou pela vontade de já estar por casa quando a situação melhorar.
Um destes casos é vivido desde o início do mês pelo morador de um condomínio do bairro Humaitá, Allan Scharnberg, que é policial civil. Ele conta que acabou ficando no local para ajudar nos resgates e também para fazer a segurança dos apartamentos. Entretanto, a falta de luz, água e gás natural tornou essa rotina mais difícil. “A gente conseguiu um gerador para carregar lanternas e o celular. Por um tempo teve gás para tomar banho e aquecer água. Mas da última semana para cá não teve mais. Então tem ficado cada vez mais difícil”, relatou.
Ele fala ainda que outros moradores estão fazendo refeições comunitárias, com carne assada e pão, pois não há condições para cozinhar arroz ou feijão, por exemplo. Existe também o receio de quando a luz será restabelecida na região. Segundo Scharnberg, os apartamentos do térreo foram gravemente afetados, o que pode causar problemas com as tomadas molhadas, como curto-circuito.
“Para ser sincero, tu acaba se acostumando com essas condições. Nos primeiros dias, tomar banho de balde é ruim, mas depois já acaba se tornando normal. O grande impacto mesmo foi ficar sem gás. Mesmo estando sem água e sem luz desde o primeiro dia, com o gás dava para esquentar água para o café, para tomar banho, para cozinhar. Se isso pudesse ser restabelecido, ajudaria muito”, completou o morador do Humaitá.
Dmae
Conforme o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) de Porto Alegre, há intermitência dos sistemas São João e Moinhos de Vento. Por isso, não é possível precisar os pontos da capital que estão sofrendo com desabastecimento de água. Entretanto, o próprio departamento que esses casos são mais comuns de ocorrerem nos bairros localizados nas pontas da rede: Sarandi, Jardim Itu-Sabará, Morro Santana, Rubem Berta, Petrópolis, MontSerrat e a parte alta da Lomba do Pinheiro.
CEEE Equatorial
Já a CEEE Equatorial informa que, na manhã desta terça-feira, cerca de 72 mil clientes estão em energia em sua área de concessão, sendo 46 mil em Porto Aletre. Destes, cerca de 44 mil clientes estão desabastecidos por motivos de segurança, atendendo solicitações da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e prefeitura. Entretanto, a companhia informou não ser possível fazer um mapeamento por bairros mais afetados pela falta de luz.
Sulgás
Motivo de maior preocupação para o morador do Humaitá, a Sulgás anunciou a contratação de mergulhadores profissionais para ajudar na manutenção de válvulas do sistema de distribuição do gás natural. Segundo a companhia, os principais pontos com desabastecimento na capital ocorrem na zona Norte, principalmente em áreas residenciais como os bairros Humaitá e Sarandi, em função das áreas alagadas. Cerca de 7,7% dos consumidores de gás natural em Porto Alegre tiveram o fornecimento interrompido. A retomada, ainda conforme a Sulgás, ocorrerá de acordo com as condições técnicas de segurança das pessoas.