Unisinos apresenta dados do impacto das inundações na atividade econômica no RS
Evento no Campus Porto Alegre da universidade reuniu prefeitos de municípios atingidos e autoridades do Estado
publicidade
A Unisinos apresentou na manhã desta quinta-feira, dados sobre o impacto das inundações na atividade econômica dos municípios no Rio Grande do Sul, em evento que reuniu prefeitos de municípios atingidos e autoridades do Estado, no campus Porto Alegre. O objetivo foi mostrar os números por cidades e regiões, e como os resultados podem afetar o desenvolvimento desses locais.
O método que prevê os impactos foi desenvolvido pelos professores pesquisadores da Escola de Gestão e Negócios, Marcos Lélis, Magnus dos Reis e Camila Flores Orth. A iniciativa surgiu após conversas com as prefeituras de Porto Alegre e de São Leopoldo, e contou com apoio da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul.
Lélis explicou que o levantamento foi realizado por município atingindo pelas enchentes, para que se possa entender a realidade econômica de cada um, visto que os efeitos foram heterogêneos entre eles. “Um número fechado para o Rio Grande do Sul, como um todo, pode não representar as realidades regionais. Por isso, o esforço de trabalhar com as informações municipais para, depois, estimar o efeito no Estado”, comentou.
O estudo também trouxe uma expectativa do possível processo de recuperação da atividade econômica. “Essa caracterização torna-se importante para estimar quanto tempo o crescimento econômico pode tornar-se positivo. A temporalidade da volta à normalidade da atividade econômica ajuda em estimar o tamanho e o tempo necessário de auxílio financeiro dos governos federal e estadual para os municípios mais afetados”, informou o professor.
Os resultados obtidos chamaram atenção em dois aspectos: os municípios que podem apresentar as maiores perdas; e, em termos de importância econômica, quais municípios mais afetados. Segundo os dados, os municípios mais impactados refletem aqueles que tiveram mais pessoas atingidas, uma vez que, a estimativa leva em consideração essa variável. Eldorado do Sul encabeça a lista sendo a cidade mais afetada em termos de atividade econômica, podendo contrair 36,3% em maio de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. “Mesmo depois de quatro meses após o evento climático, estima-se que a atividade econômica continue em processo de queda, quando comparado com o mesmo período de 2023”, reforçou Lélis.
Entre as cidades com maiores economias que foram atingidas, Canoas e São Leopoldo estão à frente da lista com uma previsão de queda de 19,8% e 18,3%, respectivamente, em maio deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior. Na sequência, aparecem Guaíba (11%), Triunfo (10,7%) e Porto Alegre (5,3%). “Salienta-se que esses municípios podem representar, aproximadamente, 53% das perdas de atividade econômica do Estado”, destacou o professor.
Para a economia do Rio Grande do Sul, o estudo aponta, até o mês de agosto, uma possível perda de até 4,2% do crescimento da atividade econômica esperada para o ano de 2024, sendo considerado nulo uma vez que a expectativa de crescimento do PIB gaúcho era entre 4% e 4,5%. “Assim, o resultado do ano da atividade econômica, entre crescimento ou queda, estaria atrelado ao que pode ocorrer nos quatro últimos meses de 2024”, apontou Lélis.
O cenário ainda se mostrou mais preocupante ao detalhar o crescimento do PIB do Rio Grande do Sul desde 2022, quando, dois anos antes, o Estado já vinha enfrentando diferentes estiagens com intensidades diversas. O levantamento, que apontou um resultado quase nulo até agosto de 2024, indicou que o PIB estaria 1,2% abaixo do alcançado em 2021, enquanto o PIB nacional pode alcançar um valor 8,1% superior na mesma comparação. “Com efeito, o conjunto de eventos climáticos, ocorridos nos últimos três anos, pode representar uma perda no crescimento acumulado, nestes mesmos anos, de 9,4% do Rio Grande do Sul, quando comparado com o Brasil”, ressalta.
Todas as estimas apresentadas têm o intuito de otimizar as ações de recuperação para as regiões mais afetadas, com os municípios podendo dimensionar a quantidade de recursos necessários para recuperar a atividade econômica da região. Os representantes dos municípios e autoridades ainda terão acesso ao método desenvolvido para aplicação podendo calcular os efeitos em cada município.