Voluntários dão novas cores a casas afetadas pela enchente no Quilombo do Areal, em Porto Alegre
Berço do samba na Capital, local histórico recebe revitalização de grupo de artistas plásticos neste final de semana
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O frio intenso deste final de semana não é impeditivo para um grupo de voluntários pôr a mão nas tintas e dar vida nova para dezenas de residências duramente afetadas pela enchente no berço do samba em Porto Alegre, o Quilombo do Areal, bairro Menino Deus. Este é o primeiro mutirão do projeto “Paredes com Propósito”, idealizado pelo artista visual Jotapê Pax e pela produtora cultural Kami Rosito, e que terá novas edições a cada 15 dias em outros locais.
Com tintas e materiais artísticos doados por empresas, eles percorrem as casas e estabelecimentos, deixando sua arte por onde passam. “Entendemos que a cor nestes locais, independentemente de haver arte ou não, já é algo artístico. Só de revitalizar o ambiente, deixar mais colorido e ter este acolhimento da comunidade, vamos conseguir transformar o dia deles e fazer com que esta memória da enchente vire algo que ressignifique suas próprias moradias”, comentou Jotapê.
Segundo ele, o projeto foi amplamente aceito pelos voluntários, alguns dos quais também foram atingidos pelas inundações, quanto pelas comunidades envolvidas. “A gente conta com a parceria das lideranças nos locais”, relatou o artista. Doações de pessoas físicas também estão sendo aceitas. A iniciativa Paredes com Propósito ainda tem o apoio de ONGs e de um instituto vinculado a uma plataforma de crowdfunding. O link para conhecer o projeto na plataforma é este.
A intenção de Jotapê é levar o projeto para a região metropolitana, Vale do Taquari e zona sul do estado, ao menos. O grafiteiro e artista plástico Maick “Sei Lá” relatou que a ideia foi iniciar pelo Areal por ser uma área mais central de Porto Alegre, portanto de acesso mais facilitado à maioria dos artistas, e a revitalização em si é algo motivador e inspirador. “O pessoal está sendo muito receptivo. A estética de tudo isto aqui vai mudar. Antes da enchente, as pessoas daqui já estavam em uma situação de mais necessidade, e isto deverá trazer até uma melhoria no bem-estar”, disse.
Morador da comunidade e um dos responsáveis pelo projeto social Areal do Futuro, que, entre outras atividades, promove o bloco carnavalesco de mesmo nome, Paulo Cezar Silveira, o Paulinho, contou que a água chegou a atingir perto de dois metros de altura em alguns locais, afetando as famílias, que precisaram sair de suas residências e se alojar em vários outros lugares. “É muito importante isto que está acontecendo. É a primeira vez que tudo está sendo pintado. Recebemos bastante pessoas de fora, inclusive artistas, gente que quer conhecer o espaço, e está sendo bem bacana mesmo”, afirmou ele.