Alternativas energéticas são apresentadas em evento em Luxemburgo
40ª Edição da Iasp reúne especialistas até sexta-feira para discutir diversos temas relacionados à inovação
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Evolução pressupõe criação e inovação. E, em alguns casos, até mesmo a destruição. O conceito de “destruição criativa” foi cunhado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, na década de 1940. Um exemplo simples: a chegada do CD, para ouvir música, representou a destruição das tecnologias antigas, como K7 e discos de vinil – hoje uma realidade apenas para os ouvidos mais refinados. A criação de uma nova tecnologia colocou fim a outras, assim como a chegada dos serviços de streaming (Spotify, entre outros) fez o CD parecer um produto jurássico. Se já sabemos que a evolução acontece assim, a grande questão é saber o que o futuro nos reserva?
A resposta mais óbvia é que tudo passará pela tecnologia, a mesma que permitiu a Amazon, uma empresa que começou vendendo livros pela internet, oferecer hoje atendimento médico on-line. Há algum tempo o mundo já trabalha com o conceito de megatrends (megatendências), que buscam, de alguma maneira, oferecer respostas. Alguns destes cenários foram mostrados na 40ª Edição da Iasp (Associação Internacional de Parques Científicos e Áreas de Inovação), em Luxemburgo. A quarta-feira apresentou novidades, por exemplo, na área energética.
Há uma corrida em busca de alternativas ao petróleo. Por inúmeras razões. Porque o combustível fóssil tem reservas limitadas, por um lado. Por outro, porque há uma vertente científica que atribui as mudanças climáticas ao aumento da emissão de carbono. Bradley Ladewig, professor e pesquisador da Universidade de Luxemburgo, fez um alerta: “Em 2021 tivemos enchentes na Alemanha vistas apenas cem anos atrás. O problema é que fenômenos assim devem se repetir, não mais com um intervalo de um século, mas a cada cinco ou dez anos”, afirmou. Dentro das alternativas aos combustíveis fósseis, o hidrogênio aparece como a grande esperança, algo que já virou realidade em alguns casos. A Austrália exporta o combustível renovável para o Japão, utilizando barcos. O grande desafio ainda é a segurança. Quem assistiu ao filme Oppenheimer – que conta a história da corrida pela bomba nuclear na Segunda Guerra Mundial – viu que nos anos 1940 já se discutia a bomba H, de hidrogênio, dado o seu potencial de destruição. Este, porém, parece ser um obstáculo que está sendo superado.
Durante a Iasp, Raquel Ubarrechena, diretora do Parque Tecnológico do País Basco, anunciou que o local (em Bilbao) será o primeiro a ser abastecido com hidrogênio verde, aquele em que a energia utilizada para a eletrólise da água (separação do hidrogênio do oxigênio) provém de fontes renováveis, como parques eólicos ou fotovoltáicos. O combustível renovável será distribuído por tubulações, como já ocorre hoje com o gás natural. Há um consenso: toda mudança assusta. Mas o melhor antídoto para este temor veio da provocação apresentada pela primeira palestrante do evento, Daria Krivonos, do Copenhagen Institute for Future Studies. “Que tal olharmos para as incertezas do futuro como um recurso que nos desafia, e não como um erro?”, disse.
Durante o evento, Ebba Lund, CEO da IASP, anunciou as próximas edições e confirmou Porto Alegre na agenda, ao lado de Coreia do Sul, Reino Unido e Canadá.
Alagamentos
O Quarto Distrito é o grande pilar para a transformação pretendida por Porto Alegre. Além de oportunidades de negócios e de crescimento econômico, trata-se da revitalização de uma das áreas mais degradadas da cidade e esquecida por décadas. As chuvas recentes mostraram mais uma vez a necessidade de solucionar a drenagem da região. O diretor do Escritório +4D, Vicente Perrone, que integra a comitiva, em Luxemburgo, afirma que a solução deve passar pela concessão do Dmae à iniciativa privada. O valor da outorga deve ser direcionado para obras de drenagem. Antes disso, porém, já há previsão de uma nova casa de bombas, para atender à região. Outras melhorias estão amarradas ao projeto do entorno da Arena do Grêmio, inconcluso até o momento. A prefeitura já obteve aval para R$ 300 milhões junto ao Banco Mundial. Estes recursos deverão ser investidos , principalmente, para melhoria da mobilidade na região, outro grande problema a ser resolvido.
Brasil bem na foto
A maior comitiva do encontro é da Tailândia. O Brasil ficou em segundo lugar, com representantes, principalmente, de Minas Gerais – e, claro, Porto Alegre. Na sequência aparecem grupos da China, Suécia, Espanha e Reino Unido. Boa parte deles deverá estar na capital do Rio Grande do Sul, em março do próximo ano, para a IASP Latin America.
Breve glossário da inovação
- Hub – é um espaço que estimula a interação entre atores de diferentes áreas, em prol de ideias inovadoras. Em Porto Alegre, o Instituto Caldeira é um bom exemplo.
- Parque – podem ser científicos, tecnológicos ou de inovação. Muitos deles são, inclusive, mistos.
- Áreas – são pequenas áreas em torno de parques ou hubs.
- Distritos – são grandes áreas urbanas, destinadas à inovação, concentrando empresas e profissionais de diversas áreas. Em Porto Alegre, o chamado Quarto Distrito está em fase de transformação, neste sentido.