Após bater em R$ 4,40 pela manhã, dólar perde força e fecha em R$ 4,39

Após bater em R$ 4,40 pela manhã, dólar perde força e fecha em R$ 4,39

Ibovespa fecha em baixa aos 113 mil pontos com cautela de investidores

AE

Pelo quarto dia seguido, moeda norte-americana bate recorde do Plano Real

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Depois de bater em R$ 4,40 pela manhã, a alta do dólar perdeu força, em movimento puxado pela divulgação do índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que veio com dados bem piores que o esperado. Perto do fechamento, e com volume menor de negócios, a divisa passou a operar ao redor da estabilidade, com o investidor evitando fazer maiores apostas por conta dos dias que o mercado ficará fechado no Brasil no carnaval, enquanto opera normalmente no exterior. Na semana, o dólar acumula alta de 2,15%, terminando a sexta-feira em R$ 4,3927, novo patamar recorde do Plano Real.

O real teve o pior desempenho no mercado internacional de moedas esta semana, considerando uma cesta de 34 divisas. No México, o dólar subiu 1,90%, no Chile, 1,40% e na Rússia, 0,80%. Entre os países desenvolvidos, o pior desempenho ficou com o iene, onde a divisa americana avançou 1,65%.

O PMI composto dos Estados Unidos caiu este mês ao menor nível desde 2013 na leitura preliminar de fevereiro e fez a moeda americana rapidamente perder força no mercado financeiro internacional. Aqui, o dólar atingiu a mínima do dia após o anúncio do indicador, cotado em R$ 4,3725. Na máxima, foi a R$ 4,4066.

"O PMI está em território recessivo", observa o economista da consultoria inglesa Capital Economics, Michael Pearce. O indicador caiu para 49,6 este mês e, pela metodologia, números abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade. Com isso, aumentou o temor de que a economia americana também será afetada pela epidemia do coronavírus. Até então, a visão que os impactos seriam mais limitados que em outras regiões do planeta vinha fortalecendo o dólar, fazendo o índice DXY, que mede o comportamento da moeda ante uma cesta de divisas fortes, atingir os níveis mais altos em três anos. Hoje o indicador caiu 0,60%.

Mas a visão é que a tendência segue de alta do dólar no mercado internacional. O grupo financeiro holandês ING vê como uma "questão de tempo" até o DXY superar o patamar de 100 pontos, atingido pela última vez no começo de 2017. Eles observam que o dólar ainda segue como principal refúgio do investidor nestes tempos de incertezas com o coronavírus.

 

 

No Brasil, além da pressão do dólar vindo do exterior, o analista de moedas do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, ressalta que vem contribuindo para o enfraquecimento do real a decepção com o ritmo da atividade econômica, o que realimentou expectativas de mais cortes de juros. Ele não vê o Banco Central cortando juros ao menos até o quarto trimestre, o que deve ajudar a dar algum fôlego ao real. A previsão do CIBC é de dólar a R$ 4,00 no final do ano.

Ibovespa

O sentimento de cautela dos investidores se ampliou na segunda etapa do pregão desta sexta-feira, 21, véspera do feriado prolongado para o Carnaval. As novas posições assumidas abriram espaço para aumentar o ritmo de queda do Ibovespa. O índice à vista amargou perdas desde a manhã em sintonia com seus pares globais. Largou do nível dos 114 mil pontos da abertura para encerrar aos 113.681,42 pontos, em baixa de 0,79%. Assim, a semana termina com recuo de 0,61% na rentabilidade, acumulando -0,07% em fevereiro. O giro financeiro hoje foi de R$ 21,6 bilhões.

"É complicado e muito perigoso passar o Carnaval montado enquanto o exterior estará funcionando", disse Luiz Mariano De Rosa, sócio da Improve Investimentos.

Na sessão de hoje, um dos catalisadores do mau humor externo, de acordo com De Rosa, foi a contabilização dos recuos nos resultados das empresas, principalmente no exterior, em relação às metas traçadas para janeiro. A desaceleração ou até prejuízos vieram em razão da baixa produção ocasionada em unidades na China, que tiveram impacto do surto de coronavírus. "A boa notícia é que ainda tem o ano inteiro para recuperar. Antes ter esse evento em janeiro do que em junho", afirmou o sócio da Improve.

Hoje o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse acreditar que o coronavírus ainda pode ser contido. "Não podemos olhar para trás e nos arrepender de não ter aproveitado a janela de oportunidade que temos", ponderou, em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça.

Nicolas Balafas, operador da Atuação Investimentos, chama a atenção para o fato de que, internamente, os ruídos que vêm de Brasília em torno do andamento das reformas estruturais também prejudicam o desempenho da Bolsa e a sua atratividade pelo olhar dos investidores estrangeiros. De acordo com a B3, até anteontem, o saldo acumulado de recursos de não-residentes era negativo em R$ 10,126 bilhões em fevereiro e em R$ 29,284 bilhões no acumulado deste ano.

Juros

O mercado de juros terminou com taxas de lado nos contratos até o miolo da curva, enquanto as longas voltaram a fechar com alta moderada, mantendo o ganho de inclinação que se via ontem e também hoje pela manhã. Sem novidades no dia que pudessem alterar a perspectiva para a política monetária nos próximos meses, os curtos rondaram os ajustes, enquanto os longos seguiram pressionados pela aversão ao risco no exterior, que levou o dólar para R$ 4,40 nas máximas da manhã. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,185% (regular e estendida), de 4,195% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 passou de 4,671% para 4,68% (regular) e 4,69% (estendida). A taxa do DI para janeiro de 2027 subiu de 6,411% para 6,47% (regular) e 6,49% (estendida).

Na semana, a curva também manteve-se inclinada, com os principais contratos de curto e médio prazo mostrando estabilidade ou ligeira redução, em torno de 5 pontos-base ante os níveis da sexta-feira passada, enquanto os DIs longos tiveram ganho de cerca de 15 pontos-base.

Em função do feriado prolongado, quando os mercados externos funcionarão normalmente na quinta e sexta-feira e os negócios locais estarão suspensos, a sessão foi marcada por movimentos de zeragens de posição, especialmente na parte da manhã. "À tarde, o mercado esteve mais neutro", disse o trader da Quantitas Asset, Matheus Gallina.

Depois da forte disseminação do coronavírus na China, começa a preocupar agora o avanço da epidemia pelo mundo, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertando para o crescimento do número de casos no Irã e Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, grandes empresas já acusam os efeitos sobre sua produção e demanda, o que vai dando ao investidor a dimensão dos estragos. No Brasil, nos últimos dias várias instituições revisaram suas estimativas para o crescimento este ano para perto de 2%.

"O mercado teve um dia de mais cautela porque vai para o feriadão. Embora considere que o risco de queda nos juros não seja muito elevado, a ponta longa começa a embutir o risco de a aversão externa pegar no câmbio e na inflação. Mas é algo incipiente, não aposta firme", disse André Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura.

Internamente, a agenda trouxe apenas os indicadores do setor externo em janeiro, que não chegaram a afetar diretamente a curva, mas as questões políticas continuam no radar. Nas taxas, rumores sobre uma possível saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, que estaria com o cargo em risco por causa da fraqueza da economia, ainda não chegam a fazer preço, mas também não estimulam a tomada de risco. "O mercado reagiu até de forma tranquila ao que foi visto mais como ruído do que risco. Pegou um pouco nas inclinações", disse o trader da Quantitas Asset, Matheus Gallina.


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