Após cair dois dias consecutivos, dólar tem dia de alta e termina em R$ 5,13

Após cair dois dias consecutivos, dólar tem dia de alta e termina em R$ 5,13

Bolsa fechou em alta de 0,89%, aos 93.828,61 pontos, o quinto ganho consecutivo

AE

Moeda norte-americana operou com queda forte ante divisas principais, mas subiu ante real

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Após cair 5,5% em dois dias, o dólar teve um dia volátil hoje, mas terminou a quinta-feira em alta de 0,81%, cotado em R$ 5,1311. A moeda norte-americana operou com queda forte ante divisas principais, sobretudo o euro, por conta de estímulos adicionais do Banco Central Europeu (BCE), mas subiu ante pares do real, como os pesos do México, Colômbia e Chile. O movimento tanto no exterior como no mercado doméstico foi de realização de ganhos, de acordo com profissionais das mesas de câmbio. O dólar futuro para julho subia 1,07% às 17h50, a R$ 5,1260.

Também contribuiu para pressionar o câmbio a visão de economistas e nas mesas de juros que o Banco Central pode cortar a taxa básica, a Selic, para além da reunião de junho. Hoje o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central, disse em live organizada pela Febraban avalia que a taxa básica, a Selic, pode cair abaixo dos 2,25%, caso o risco-país e as projeções de inflação continuem caindo. Sobre o câmbio, Mesquita avalia que é possível que o dólar fique mais comportado no segundo semestre, por conta da busca por retornos passada a fase mais grave da pandemia de coronavírus.

O economista-chefe em Nova Iorque do banco Natixis para a América Latina, Benito Berber, comenta que foi a melhora de fatores no mercado externo que contribuiu para o rali do real nos últimos dias. Ele calcula que, não fosse a forte piora do risco político no mês passado, o dólar teria sido negociado mais perto de R$ 5,00 do que de R$ 6,00 em maio.

Para o economista do Natixis, com o cenário político ainda complicado, em meio a diversas investigações envolvendo presidente Jair Bolsonaro, e o ambiente de baixos juros, o real deve se depreciar pela frente. Berber projeta o dólar em R$ 5,40 nos próximos seis meses, R$ 5,20 em nove meses e R$ 5,15 em 12 meses. Ele estima queda de 0,75 ponto porcentual na Selic, levando a taxa para 2,25%.

Hoje o BCE anunciou ampliação de seu programa em mais 600 bilhões de euros e os economistas na Europa do Morgan Stanley não descartam mais um aumento de 400 bilhões de euros, provavelmente em março de 2021. "A decisão surpreendeu positivamente o mercado, avalia o banco americano. Logo após o anúncio, o dólar à vista bateu mínimas, a R$ 5,0266. Já o euro se valorizou, ajudando a enfraquecer o dólar.

Após a reunião do BCE, o foco do mercado agora é o relatório mensal de emprego dos Estados Unidos, que será divulgado nesta sexta-feira. Os analistas do banco Wells Fargo projetam fechamento de 8 milhões de vagas na economia americana e taxa de desemprego saltando para 20%.

Ibovespa

Pela primeira vez no ano, o Ibovespa conseguiu emendar nesta quinta-feira a quinta sessão em terreno positivo, algo que não ocorria desde o intervalo entre os dias 2 e 6 de dezembro de 2019. Naquela ocasião, em escalada rumo ao topo, o índice teve variações mais modestas, entre 0,03% e 1,23%, então na faixa entre 108.927,83 e 111.125,75 pontos, nos respectivos fechamentos. Nesta quinta-feira, a referência da B3 chegou a se inclinar a uma moderada realização de lucros após o quarto ganho consecutivo, uma série também sem precedentes em 2020 - até então, a melhor sequência era de três ganhos.

Ao final, o Ibovespa teve alta de 0,89%, aos 93.828,61 pontos, assim como ontem no maior nível de fechamento desde 6 de março (97.996,77). Hoje, saiu de mínima na sessão a 92.220,80 pontos, acumulando até aqui ganho de 7,35% na semana, com giro financeiro mais uma vez forte, a R$ 31,2 bilhões. No ano, cede agora 18,87%.

Na máxima do dia, o índice foi hoje aos 94.132,30 pontos, no maior nível desde 9 de março, quando saía dos 97.982,08 na abertura para 86.067,20 pontos no fechamento daquela sessão. Por volta das 15h, o Ibovespa renovava as máximas da sessão, impulsionado pelas ações de commodities e especialmente bancos, que operavam em baixa mais cedo e passaram para terreno positivo, embora com ganhos um pouco moderados no encerramento, ainda assim revertendo a realização de juros que prevalecia na sessão.

Na semana, o segmento, de grande peso no índice e um dos mais atrasados no ano em relação ao Ibovespa, acumula ganhos na casa de dois dígitos, entre 12,39% para Bradesco ON e 19,37% para a Unit do Santander. No ano, as ações de bancos ainda cedem entre 25,87% (Itaú Unibanco) e 35,41% (Santander). Hoje, a Unit do banco espanhol liderou o setor na B3, em alta de 3,57% no fechamento.

Na ponta do Ibovespa, Minerva subiu hoje 7,31%, com JBS na quarta posição (+4,22%), após terem figurado entre as maiores perdedoras do dia anterior. O segmento de proteína animal, assim como o de papel e celulose (Suzano +4,51%, terceiro melhor desempenho do dia), vinha sendo beneficiado pelo avanço do dólar que, em ciclo de alta, elevava a geração de receitas em reais das exportadoras - agora, o dólar tem devolvido os ganhos, acumulando até aqui perda de 3,89% na semana.

Entre as blue chips, Vale ON fechou hoje em alta de 3,73%, em terreno positivo assim como Petrobras ON (+0,45%), enquanto a PN da estatal cedeu 0,19%, em dia de desempenho moderadamente positivo para o Brent de agosto (+0,50%), a US$ 39,99 por barril, no fechamento da ICE. Em Nova Iorque, os três índices mantiveram perdas moderadas ao longo da sessão, com Nasdaq na ponta, em baixa de 0,69% no encerramento, enquanto o blue chip Dow Jones virava para obter leve ganho de 0,05%.

"Os dados econômicos mais recentes - como a produção industrial no Brasil - e especialmente no exterior, como os PMIs da Europa, têm se mostrado menos piores do que se temia. Há uma disponibilidade de liquidez que, em um ambiente de juros negativos no mundo desenvolvido, e baixos pelo padrão histórico em emergentes como o Brasil, acaba inclinando o investidor a assumir risco em busca de retorno", aponta Shin-Lai, estrategista-chefe da Upside Investors Research.

Segundo ele, a rapidez observada na recuperação do índice da B3, em um contexto ainda muito difícil para a economia brasileira diante da expectativa de forte recessão no ano e de elevação do desemprego, coloca o Ibovespa já relativamente próximo ao que seria o topo do "novo normal", na faixa entre 95 mil e 105 mil pontos.

"Chega uma hora que, a considerar a perspectiva de resultados para as empresas e para a economia em um cenário muito incerto quanto à pandemia no País, fica difícil achar uma ação para comprar que já não tenha ficado cara", acrescenta o estrategista da Upside. A diminuição do risco-país, conforme a pontuação dos CDS, em parte refletindo um quadro mais acomodado para a política brasileira em relação ao observado no fim de abril e o começo de maio, contribui para que o investidor estrangeiro identifique oportunidades de ingresso nos ativos daqui. "Mas o estrangeiro, quando entrar, tende a ficar pouco tempo, até que haja sinais sólidos de recuperação da economia", observa Shin.

Juros

Após duas sessões de forte recuo nas taxas, o mercado de juros ensaiou uma realização de lucros nesta quinta-feira aproveitando o noticiário mais fraco e a agenda local de indicadores esvaziada e, ainda, na esteira da leve piora no câmbio. As taxas passaram o dia em leve alta, mas, no fim da sessão regular, as curtas já estavam nos ajustes de ontem.

O ajuste foi limitado pela manutenção da trégua no cenário político, da perspectiva positiva sobre a reabertura das economias e ambiente de liquidez farta, endossado hoje pelo anúncio do pacote de estímulos do Banco Central Europeu (BCE). Nos vencimentos curtos, a realização também não teve força para avançar, dados os sinais de que há espaço para corte de 0,75 ponto porcentual na Selic em junho e para mais 0,25 ponto em agosto, reforçados por declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 3,01% (mínima), de 3,00% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,662% para 5,71%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,71%, ante 6,642% ontem.

Para o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii, como as taxas recuaram muito esta semana, em meio a indicadores econômicos fracos e ambiente "interessante para a Selic cair", é natural haver alguma acomodação. "Mas falta um catalisador negativo para uma correção firme", disse.

Ele observa que, nos últimos dias e ontem, com endosso da mensagem de Kanczuk, no curtíssimo prazo, o DI para janeiro de 2021 foi para baixo de 2,25%, mostrando que o mercado vê margem para mais cortes da Selic depois de junho além dos 0,75 ponto. Este vencimento fechou hoje com taxa de 2,175%. Kanczuk, em evento da Brazilian American Chamber of Commerce, indicou que não vê 2,25% como "algo fixo" e que "não podemos cruzar", nem como "lower bound".

No quadro de apostas para a decisão do Copom em junho, a precificação mostra 60% de chance de corte de 0,75 ponto e 40% de chance de corte de 0,50 ponto. Para o Copom de agosto, a precificação indica 80% de possibilidade de redução de 0,25 ponto. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.

Por fim, nem mesmo outra megaoferta de títulos prefixados pelo Tesouro foi capaz de impor grande pressão na curva. Dado o aumento do apetite ao risco e da percepção de liquidez farta nos últimos dias, o Tesouro Nacional elevou a oferta de prefixados no leilão desta quinta-feira ante o da semana passada. A instituição ofertou 14 milhões de LTN (12 milhões na semana passada) e vendeu 12,6 milhões, enquanto o lote de NTN-F passou de 100 mil (vendeu 50 mil) na semana passada para 300 mil hoje, absorvido integralmente.


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