Após subir por dois dias seguidos, dólar recua para R$ 4,19

Após subir por dois dias seguidos, dólar recua para R$ 4,19

Ibovespa reagiu após maior queda desde março de 2019 e subiu 1,74%, fechando aos 116.478,98 pontos

AE

Moeda americana terminou a terça em baixa de 0,39%

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O dólar voltou a cair, após subir nas últimas duas sessões e bater em R$ 4,23 ontem. Enquanto aguardam o final da reunião de política monetária dos Estados Unidos, que termina nesta quarta-feira, investidores aproveitaram o dia mais calmo no exterior para realizar lucros após a valorização de ontem. O dólar caiu nesta terça-feira ante a maioria de moedas emergentes e de países exportadores de commodities. Aqui, fechou em baixa de 0,39%, a R$ 4,1932.

O diretor de estratégia de moedas da BK Asset Management, Boris Schlossberg, observa que houve melhora no apetite por risco hoje, após um dia tenso ontem, em meio às preocupações dos efeitos do coronavírus na atividade econômica chinesa e mundial. Ele observa que a doença continuou a se multiplicar, superando 4 mil infectados hoje, e mais países, como Filipinas e Alemanha, registraram casos, e há pouca dúvida de que haverá efeitos na atividade neste primeiro trimestre. Houve ainda a confirmação de caso suspeito no Brasil. Mas hoje os investidores aproveitaram para corrigir excessos da véspera.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que está monitorando o câmbio, mas a alta recente do dólar não está contaminando as expectativas de inflação e nem afetando as variáveis de risco. Para ele, o movimento atual do câmbio destoa do ano passado, pois o Credit Default Swap (CDS), um dos termômetros mais importantes do risco Brasil, está caindo. Hoje, voltou a operar abaixo de 100 pontos, voltando para os menores patamares em dez anos.

As declarações de Campos Neto foram interpretadas como uma sinalização de que não haverá intervenção no mercado de câmbio por agora, avalia um diretor de tesouraria de um banco. A fala do presidente do BC em conjunto com as menções recentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que um ambiente de juros baixos implicam nível de dólar mais alto, indica que o governo está confortável com o câmbio no atual patamar, observa este executivo. Nesse sentido, enquanto Campos Neto discursava, o dólar tocou a máxima do dia R$ 4,2166.

Além dos desdobramentos do coronavírus, a reunião do Fed amanhã pode mexer no mercado internacional de moedas. A expectativa é de manutenção dos juros, mas atenções vão recair sobre a entrevista coletiva do presidente Jerome Powell, avaliam os economistas do Deutsche Bank. A rápida disseminação do vírus tem levado ao aumento da aposta que o Fed pode ter que cortar juros este ano e a expectativa é ver se Powell faz comentários ou é questionado sobre este novo fator de risco para a economia mundial.

"Powell provavelmente vai evitar fazer projeções específicas, considerando as incertezas que cercam a natureza do coronavírus neste momento. Contudo, ele deve observar que a disseminação do vírus pode levar a redução temporária do crescimento global, particularmente na Ásia emergente, como ocorreu em 2002/2003 com a epidemia do Sars", escrevem os economistas do Deutsche Bank.

Ibovespa

Após ter registrado ontem sua maior perda em porcentual (-3,29%) desde março de 2019, o Ibovespa reagiu nesta terça-feira e encerrou a sessão não distante das máximas do dia, em alta de 1,74%, aos 116.478,98 pontos. Assim, o principal índice da B3 volta a acumular ganhos no mês, de 0,72%, mas ainda em baixa de 1,60% no combinado das duas primeiras sessões da semana. O giro financeiro totalizou R$ 20,2 bilhões, com o Ibovespa oscilando entre mínima de 114.474,61 e máxima de 116.796,70 pontos.

As ações de varejo, entre as vencedoras até aqui no ano, continuam a ser demandadas, com destaque para Magazine Luiza (+5,93%) e Via Varejo (+5,32%), acumulando respectivamente ganhos de 20,01% e de 31,07% em janeiro, e estendendo avanço do ano passado. O noticiário corporativo colocou Azul (+8,58%) e Sabesp (+4,74%) no grupo das cinco maiores altas da sessão, entre os componentes do Ibovespa.

Assim como as de siderúrgicas, ações como as da Vale (+1,37%) e Petrobras (+2,35% na ON e 2,75% na PN), entre as mais punidas do dia anterior, ensaiaram recuperação nesta terça-feira, apesar das incertezas que pairam sobre o coronavírus, que desde a semana passada, e especialmente ontem, impôs-se como principal fator para os negócios. "Hoje, os 'bargain hunters' caçadores de descontos apareceram após o forte ajuste de ontem, que proporcionou um ponto de entrada especialmente para o investidor de longo prazo", diz Maurício Pedrosa, estrategista da Áfira Investimentos.

Ele considera que, no curto prazo, os movimentos devem continuar refletindo notícias sobre o coronavírus, sejam positivas, como a possibilidade de uma vacina, ou negativas, como a avaliação de que a doença pode suprimir até 1,2 ponto porcentual do PIB chinês se a dificuldade em contê-la se prolongar. "Aqui, o contexto permanece o mesmo: com os juros em baixa, acaba a comodidade do brasileiro, de não tomar risco, sustentando a migração da renda fixa para a variável como uma perspectiva nova", acrescenta Pedrosa.

Para Renato Chain, estrategista da Arazul, apesar de os juros induzirem a migração do investidor doméstico para ações, o espaço para avanço do Ibovespa em 2020 tende a ser menor do que no ano passado e, com um grau maior de volatilidade este ano, operações de arbitragem ganharão importância. "A Bolsa subiu muito no ano passado e, em 2020, precisará haver concretização da expectativa, nos resultados das empresas e nos indicadores econômicos", observa Chain, que trabalha com perspectiva de Ibovespa a 130 mil pontos no fechamento do ano.

Juros

A curva de juros doméstica encerrou a terça-feira em leve 'desinclinação', com os contratos de curto prazo sustentando o viés de alta visto desde a primeira etapa dos negócios, enquanto os de médio e longo prazos, que oscilavam perto dos ajustes na parte da manhã, tiveram alívio à tarde. A ligeira pressão sobre a ponta curta foi atribuída a uma correção da forte queda de ontem, mas que não alterou as apostas majoritárias de redução da Selic no Copom da semana que vem. Já os longos passaram a exibir recuo discreto a partir da menor aversão ao risco no exterior na etapa vespertina e com o dólar se firmando abaixo dos R$ 4,20.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou a etapa regular e a estendida em 4,335%, de 4,32% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou a regular em 5,50% e a estendida em 5,47%, de 5,512% ontem. O DI para janeiro de 2025 terminou a regular com taxa na mínima de 6,21%, e fechou a estendida em nova mínima, de 6,17%, de 6,272% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,661% para 6,60% (regular) e 6,57% (estendida). A ponta longa encerrou a sessão regular nas mínimas, na medida em que o exterior melhorou, abrindo alguma oportunidade para quem queria aplicar. "Tem ainda o dólar em queda e o próprio efeito do trecho curto abrindo um pouco", explicou a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira.

As preocupações com os efeitos econômicos da disseminação do coronavírus, que já matou mais de 100 pessoas na China, não se dissiparam, com relatos de aumento de casos na França e confirmação do governo brasileiro de que o País tem um caso suspeito - o Ministério da Saúde classificou o vírus como 'perigo iminente'. Porém, a tensão teve algum alívio após autoridades americanas afirmarem que não houve casos novos nos Estados Unidos, que seguem em cinco e sem evidências de transmissão em solo americano. Com isso, as bolsas ampliaram a alta e o dólar voltou a cair, permitindo também o recuo da ponta longa.

Internamente, a agenda de indicadores com potencial de influenciar as taxas foi fraca e mesmo a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi absorvida sem maiores efeitos. Em evento do banco Credit Suisse, ele disse que o Banco Central olha o avanço do dólar sob os prismas das expectativas de inflação e se isso está contaminando outras variáveis de risco, mas que nenhuma destas variáveis por enquanto desperta preocupação.

Segundo Patricia, a desaceleração das pressões inflacionárias, sobretudo a provocada pela alta dos preços das carnes, tem sido mais rápida do que o esperado, o que está animando o mercado. "A expectativa é de que o movimento duraria no primeiro trimestre, mas a volta tem sido mais rápida, como indicou o IPCA-15 mais fraco em janeiro", afirmou.


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