Banco Mundial eleva previsão de crescimento da América Latina em 2023, mas cita vento contrário

Banco Mundial eleva previsão de crescimento da América Latina em 2023, mas cita vento contrário

Entidade entende que continente respondeu bem à pandemia

AE

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O Banco Mundial elevou a perspectiva de crescimento para a região da América Latina e o Caribe neste ano para 2,0%, ante 1,4% anteriormente. O organismo, com sede em Washington DC, espera que essa taxa de expansão acelere nos próximos anos, mas alerta para "ventos contrários" sob as frentes social, fiscal e também no mercado de trabalho, em relatório publicado nesta quarta-feira, 4. 

Na visão do organismo, a América Latina e o Caribe têm conseguido responder bem aos diferentes choques pós-pandemia, reforçando suas políticas macroeconômicas e o combate à inflação, o que tem sustentado a melhora das projeções para a região nos últimos seis meses. Além de melhorar sua previsão para 2023, o Banco Mundial espera que o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) acelere para 2,3% e 2,6% em 2024 e 2025.

De acordo com o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, William Maloney, a inflação na região melhorou e as expectativas estão bem ancoradas. A inflação regional, excluindo a Argentina e a Venezuela, é de 4,4% ante 6,4% dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e dos 8,6% do Leste da Europa.

Mas o núcleo da inflação, que exclui os voláteis preços de energia e alimentos, ainda é persistente, reforçando que há mais trabalho a ser feito, alertou o economista. "Por outro lado, o Brasil e o Chile já começaram a reduzir suas taxas de juros e isso ajudará a retomar o crescimento no futuro", disse Maloney, em coletiva de imprensa para comentar as novas projeções do Banco Mundial.

Crescimento anêmico

O crescimento projetado para a região, contudo, é insuficiente para reduzir a pobreza e gerar empregos, enquanto limitações fiscais impedem que sejam feitos os investimentos necessários, alerta o organismo.

"Sem um crescimento maior, o bem-estar das famílias diminui, o espaço fiscal limitado restringe investimentos que poderiam promover o crescimento e atender às necessidades sociais. Ambos contribuem para minar o consenso social necessário para implementar reformas em qualquer esfera", diz o Banco Mundial, em relatório.

De acordo com o organismo, as perspectivas de "crescimento anêmico" na região da América Latina e Caribe não são apenas danos colaterais da pandemia e refletem questões estruturais antigas. Além disso, o cenário macroeconômico global tende a continuar desfavorável. "As elevadas taxas de juro globais agravam o aumento da dívida contraída durante a crise e os governos enfrentam dificuldades com o espaço fiscal", afirma.

O Banco Mundial estima a relação dívida/PIB da América Latina e Caribe em 64%, patamar que é inferior aos 67% do ano anterior. O nível está, porém, acima dos 57% registrados em 2019 e as altas taxas de juros aumentaram o ônus do serviço da dívida, alerta o organismo.

Conectividade digital

Para o Banco Mundial, a região continuará enfrentando três desafios que se reforçam mutuamente: o baixo crescimento, a limitação do espaço fiscal e a insatisfação dos cidadãos. Um caminho para enfrentar essas restrições, diz, é ampliar a conectividade digital.

Há amplo acesso à Internet móvel na América Latina, mas há uma lacuna de cobertura, com áreas sem rede de banda larga e que atingem 7% da população, o que representa um público de 45 milhões de pessoas, conforme o Banco Mundial. Já a internet fixa está presente em 74% dos domicílios urbanos, mas em apenas 42% dos domicílios rurais. "O potencial de se conectar a região para o crescimento e a inclusão ainda não é plenamente explorado", avalia o Banco Mundial, em relatório.

Apesar disso, segundo o organismo, a conectividade digital não é uma "bala de prata" para o crescimento e pode exacerbar as desigualdades sociais existentes na ausência de investimentos necessários. Cálculos do Banco Mundial apontam que o uso de redes e ferramentas digitais pode ajudar a reduzir a grande parcela do PIB - até 4% - perdida pela ineficiência nos gastos públicos e pelo desperdício de recursos.


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