Bolsa resiste à pressão de vendas e dólar vai a R$ 4,19

Bolsa resiste à pressão de vendas e dólar vai a R$ 4,19

Real se mantém com o pior desempenho ante a divisa dos EUA entre 34 moedas fortes e emergentes

AE

Ibovespa fechou o dia aos 116.704,21 pontos

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O catalisador proporcionado pela leitura positiva sobre o IBC-Br de novembro na primeira etapa do pregão deu lugar a alguma pressão de vendas à tarde, especialmente de estrangeiros, levando o Ibovespa a 115.961,42 pontos na mínima do dia, antes de neutralizar a realização para fechar em alta moderada, de 0,25%, a 116.704,21 pontos, após perda de 1,04% no dia anterior. Na máxima foi aos 117.105,58 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 20,3 bilhões, bem abaixo do observado ontem, quando havia sido fortalecido pelo vencimento de opções sobre o índice - no dia 20, será a vez de opções sobre ações. Na semana, o índice acumula ganho de 1,04% e, no mês, de 0,92%.

Nestes 11 primeiros pregões do ano, o Ibovespa teve fechamento positivo em apenas quatro, nos dias 2 - quando renovou máxima histórica, a 118.573,10 pontos -, 13, 14 e hoje, em trajetória distinta da progressão quase linear que prevaleceu em dezembro.

Em janeiro, até o dia 14, o fluxo líquido de saída de recursos estrangeiros da B3 chega a R$ 5,014 bilhões. O investidor doméstico vinha aproveitando a oferta disponibilizada por estrangeiros para manter as compras, mas tem se mostrado atento a sinais mais fracos que chegaram da economia, com a recente série sobre a produção industrial, as vendas do varejo e a atividade de serviços em novembro.

Parte desta cautela havia sido moderada mais cedo, com a leitura acima do esperado para o IBC-Br de novembro, em alta de 0,18%, comparada a mediana a -0,10% para o mês - este efeito positivo foi de certa forma diluído, na medida em que as leituras de outubro e setembro foram revisadas hoje, para baixo. Com a perspectiva mais fraca para a economia, o dólar à vista chegou a ser negociado a R$ 4,2008 na máxima do dia, mas acabou por se acomodar a R$ 4,1902 (+0,14%) no fechamento.

Considerando os ajustes graduais observados neste princípio de ano, o Ibovespa permanece em nível de pontuação alto e, na falta de catalisadores para novos ganhos, é natural uma pausa antes da temporada de balanços locais, que se aproxima, aponta Glauco Legat, analista-chefe da Necton.

Ele chama atenção também para a situação do estrangeiro, e que o fluxo de saída observado desde o ano passado não deve ser tratado com exagero. "É preciso olhar o agregado como um todo", diz Legat, referindo-se ao estoque significativo de recursos mantidos pelos estrangeiros por aqui, sem esquecer que o país compete em nível global pela atenção do investidor, em momento no qual a economia americana mostra vigor. Assim, em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq voltaram a renovar recordes de fechamento nesta quinta-feira, com ganhos entre 0,8% e 1% na sessão.

Dólar

O dólar teve novo dia de alta e voltou a tocar no patamar de R$ 4,20 na máxima do dia. Nos 11 pregões de 2020, a moeda americana caiu apenas em dois, acumulando alta de 4,4% até hoje. Com isso, o real se mantém com o pior desempenho ante a divisa dos Estados Unidos em uma lista de 34 moedas fortes e emergentes. A divisa dos EUA subiu no exterior hoje por causa da divulgação de bons indicadores da economia americana. No mercado interno, prosseguiu a preocupação dos investidores com o crescimento da atividade econômica, embora o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) tenha vindo melhor que o previsto, com crescimento de 0,18% em novembro. O dólar à vista fechou em alta de 0,14%, a R$ 4,1902.

O dólar operou em queda pela manhã, chegando a recuar na mínima para R$ 4,1608, com a publicação do indicador do BC. Mas com a divulgação nos EUA de números bons, como as vendas no varejo, o dólar se fortaleceu no exterior. O DXY, que mede o comportamento da moeda americana ante uma cesta de divisas fortes, operava em queda, mas passou a subir. O dólar também subiu ante divisas emergentes, com destaque para a Rússia (+0,49%), Colômbia (+0,63%) e África do Sul (+0,28%).

O movimento de recomposição de posições dos investidores prosseguiu hoje, com a consolidação da visão de que o real deve seguir mais desvalorizado, ao contrário do que se esperava anteriormente. Profissionais de câmbio também notaram aumento da demanda por hedge em dólar, o que favorece a pressão no câmbio.

"Do ponto de vista macroeconômico, não faz sentido o dólar estar neste nível", afirma o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. O cenário externo, observa ele, também ficou menos adverso, sobretudo após a assinatura do acordo comercial inicial entre Estados Unidos e China. Um dólar mais condizente seria na casa dos R$ 4,05.

Para Velloni, o baixo diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo segue pesando e também as preocupações com um crescimento menos forte do que o esperado, após os recentes indicadores mais fracos. Um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte, diz ele, pode trazer mais recursos externos para, por exemplo, projetos de infraestrutura. Mas pelo que se desenha, o primeiro semestre deve ser marcado por um PIB mais fraco e ainda dúvidas sobre o avanço das reformas de Jair Bolsonaro no Congresso.

Notícias de captações externas de empresas brasileiras, que podem representar entrada de recurso no País, reduziram um pouco o ritmo de alta perto do fechamento. O Itaú Unibanco lançou emissão de US$ 1,5 bilhão em bônus. Já a Globo Comunicação e Participações pretende captar US$ 300 milhões. A Klabin e a Rede D'Or também estão com emissões no exterior esta semana.

Juros

A aceleração da cotação do dólar nesta tarde com a moeda chegando a tocar os R$ 4,20, deu mais gás ainda aos juros futuros na sessão de hoje, provocando aceleração firme das taxas nos vencimentos de médio e longo prazo. Nos mais curtos, a surpreendente alta do IBC-Br em novembro deu espaço para correção de excessos em alguns contratos, como o janeiro de 2021. A precificação de corte da Selic para fevereiro seguiu na faixa dos 60%.

No começo da tarde, o dólar virou para o positivo, em meio ao movimento de investidores reforçando apostas contra o real. Depois de romper os R$ 4,19, a moeda chegou a tocar os R$ 4,20 perto das 16h.

O componente câmbio passou a pressionar ainda mais os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI). As taxas já tinham viés de alta desde a abertura, depois de o IBC-Br ter avançado 0,18% em novembro (ante mediana negativa de 0,10% da pesquisa do Projeções Broadcast) e em meio aos leilões do Tesouro.

"Houve um mau humor generalizado com os ativos brasileiros hoje, sem um motivo aparente. O câmbio voltando a R$ 4,20, a bolsa caindo enquanto o S&P 500 renova máxima", afirmou a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour Chachamovitz.

Desta forma, a taxa do DI para janeiro de 2021 subiu de 4,390% no ajuste de ontem para 4,450% (regular) e 4,445% (estendida). A do DI para janeiro de 2023 saltou de 5,560% para 5,690% (regular) e 5,660% (estendida). A do DI para janeiro de 2025 avançou de 6,320% para 6,430% (regular) e 6,410% (estendida). E a do DI para janeiro de 2027 foi de 6,710% para 6,820% (regular) e 6,800% (estendida).


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