Carvão está em rota de ascensão no RS
Estado tem quase 90% das reservas do mineral no Brasil
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Com apoio de tecnologias, tornou-se possível reduzir os impactos ambientais, tão combatidos no passado, e ampliar as possibilidades de uso desse mineral, como na produção de fertilizantes, apesar de a maior parte do carvão servir para processos de geração de energia. Segundo o presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Edivilson Brum, é preciso desmistificar conceitos antigos e mostrar as diversas possibilidades.
“Devemos investir agora e aproveitar as potencialidades do carvão mineral para não nos arrependermos no futuro, como ocorreu com o desmonte de hidrovias e ferrovias”, ressalta. Na sua avaliação, os benefícios econômicos são grandes com a valorização do carvão, impulsionando a geração de empregos e a arrecadação de impostos e atraindo investimentos.
Mesma opinião tem o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan. Segundo ele, é o momento de abrir a discussão sobre o carvão e elaborar uma política industrial específica no Brasil. “É preciso ter investimento em tecnologia, haver mais massa crítica (profissionais especializados) e recursos. Somente desta forma poderemos mostrar a importância e o potencial dessa riqueza chamada carvão mineral”, enfatiza.
Carvão presente na vida de muitas gerações
Não é difícil ouvir comentários de que “a cidade cresceu em torno do carvão” nas ruas de Minas do Leão, na Região Carbonífera. E é verdade. A importância está presente inclusive no nome do município. E o impacto social é imensurável. Muitas famílias se mudaram para a cidade em busca de trabalho e construíram as suas vidas em torno do ciclo do carvão. A mineração faz parte da história de gerações passadas e do presente dos atuais moradores.
O funcionário da CRM Paulo Custódio é um exemplo. Com quase 36 anos de serviços prestados à empresa, ele passou por vários setores — oficina de manutenção, almoxarifado e mineração. Mas recorda com saudades e nostalgia da mineração subterrânea. Por sete anos, atuou na extração a 120 metros de profundidade do solo. “Era uma adrenalina muito boa de trabalhar, que superava o medo”, recorda.
O interesse pela mineração veio, em parte, do exemplo dos tios, que atuavam na mina. Hoje, trabalha no maquinário a poucos metros de distância do filho Charles, que cursa Engenharia Automotiva e Mecânica e faz estágio. A ligação similar se repete com outros trabalhadores, unidos pela força do carvão.
3,5 milhões de toneladas/ano
No Estado, a CRM tem duas áreas em mineração, em Minas do Leão e Candiota, com capacidade para 3,5 milhões toneladas/ano. A produção de Candiota se destina à Usina Termelétrica Presidente Médici, da Eletrobras, e a de Minas do Leão a mineradoras de Santa Catarina. Atualmente, a Companhia conta com 476 funcionários, sendo que a maior parte atua em Candiota.
Prefeita quer política própria
Para que o carvão ganhe mais espaço, a prefeita de Minas do Leão, Silvia Maria Lasek Nunes, acredita ser necessária uma política de investimentos. Com isso, os custos das operações com o carvão, principalmente por conta da questão energética, podem ser reduzidos, tornando o produto mais competitivo. “Caso contrário, seremos sempre o plano B”, ressalta.