Carvão está em rota de ascensão no RS

Carvão está em rota de ascensão no RS

Estado tem quase 90% das reservas do mineral no Brasil

Mauren Xavier

Na mina de São Vicente Norte, em Minas do Leão, o carvão é extraído pela CRM com destino a Santa Catarina

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O Rio Grande do Sul tem quase 90% das reservas de carvão mineral do Brasil. O "ouro negro" no passado foi o responsável por impulsionar a economia e desenvolver regiões gaúchas, em especial a Carbonífera. No entanto, passou as últimas décadas tendo sua produção reduzida e sendo praticamente ignorado aos olhos dos grandes investidores. Mas depois de tanto tempo quase inerte, uma nova corrente tem dado visibilidade às potencialidades do carvão mineral.

Com apoio de tecnologias, tornou-se possível reduzir os impactos ambientais, tão combatidos no passado, e ampliar as possibilidades de uso desse mineral, como na produção de fertilizantes, apesar de a maior parte do carvão servir para processos de geração de energia. Segundo o presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Edivilson Brum, é preciso desmistificar conceitos antigos e mostrar as diversas possibilidades.

“Devemos investir agora e aproveitar as potencialidades do carvão mineral para não nos arrependermos no futuro, como ocorreu com o desmonte de hidrovias e ferrovias”, ressalta. Na sua avaliação, os benefícios econômicos são grandes com a valorização do carvão, impulsionando a geração de empregos e a arrecadação de impostos e atraindo investimentos.

Mesma opinião tem o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan. Segundo ele, é o momento de abrir a discussão sobre o carvão e elaborar uma política industrial específica no Brasil. “É preciso ter investimento em tecnologia, haver mais massa crítica (profissionais especializados) e recursos. Somente desta forma poderemos mostrar a importância e o potencial dessa riqueza chamada carvão mineral”, enfatiza.

Carvão presente na vida de muitas gerações

Não é difícil ouvir comentários de que “a cidade cresceu em torno do carvão” nas ruas de Minas do Leão, na Região Carbonífera. E é verdade. A importância está presente inclusive no nome do município. E o impacto social é imensurável. Muitas famílias se mudaram para a cidade em busca de trabalho e construíram as suas vidas em torno do ciclo do carvão. A mineração faz parte da história de gerações passadas e do presente dos atuais moradores.

O funcionário da CRM Paulo Custódio é um exemplo. Com quase 36 anos de serviços prestados à empresa, ele passou por vários setores —  oficina de manutenção, almoxarifado e mineração. Mas recorda com saudades e nostalgia da mineração subterrânea. Por sete anos, atuou na extração a 120 metros de profundidade do solo. “Era uma adrenalina muito boa de trabalhar, que superava o medo”, recorda.

O interesse pela mineração veio, em parte, do exemplo dos tios, que atuavam na mina. Hoje, trabalha no maquinário a poucos metros de distância do filho Charles, que cursa Engenharia Automotiva e Mecânica e faz estágio. A ligação similar se repete com outros trabalhadores, unidos pela força do carvão.

3,5 milhões de toneladas/ano

No Estado, a CRM tem duas áreas em mineração, em Minas do Leão e Candiota, com capacidade para 3,5 milhões toneladas/ano. A produção de Candiota se destina à Usina Termelétrica Presidente Médici, da Eletrobras, e a de Minas do Leão a mineradoras de Santa Catarina. Atualmente, a Companhia conta com 476 funcionários, sendo que a maior parte atua em Candiota.

Prefeita quer política própria

Para que o carvão ganhe mais espaço, a prefeita de Minas do Leão, Silvia Maria Lasek Nunes, acredita ser necessária uma política de investimentos. Com isso, os custos das operações com o carvão, principalmente por conta da questão energética, podem ser reduzidos, tornando o produto mais competitivo. “Caso contrário, seremos sempre o plano B”, ressalta.



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