Com a compra das vacinas Pfizer, dólar zera alta e sai dos R$ 5,75 para R$ 5,63

Com a compra das vacinas Pfizer, dólar zera alta e sai dos R$ 5,75 para R$ 5,63

Em sessão volátil, Bolsa termina aos 111.183,95 pontos

AE

Dólar teve leve queda de 0,03%

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Não foi a injeção de US$ 2 bilhões de recursos nesta quarta-feira pelo Banco Central que ajudou a conter a disparada do dólar, que bateu em R$ 5,77, mas a notícia de que o governo federal fechou a compra de lotes de 100 milhões da vacina da Pfizer e da Janssen. Em poucos minutos, em virada surpreendente, o dólar zerou a alta e saiu da casa dos R$ 5,75 para R$ 5,63, nas mínimas do dia. Declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, quase em paralelo ao anúncio das vacinas, prometendo respeitar o teto de gastos também tiveram peso importante na melhora do câmbio.

No fechamento de hoje, o dólar encerrou perto da estabilidade, em leve queda de 0,03%, a R$ 5,6643. No mercado futuro, o dólar para abril caiu 1,12%, cotado em R$ 5,6235.

"Tudo vai depender de vacina, vacina é fundamental. Se a gente conseguir ter uma quantidade suficiente de vacina até o primeiro semestre, pode dar uma acelerada no segundo semestre e ter um crescimento maior, caso contrário, pode ter crescimento menor", comentou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, em live nesta tarde. A projeção do economista é de crescimento de 3% em 2021." "Essa segunda onda está sendo muito poderosa", disse Camargo.

Camargo observa, porém, que está havendo falta de vacinas no mundo, com países que compraram e ainda não conseguiram as doses. "Na hora em que os países desenvolvidos conseguirem vacinar a maior parte de sua população, vai sobrar vacina no mundo." Em um horizonte de tempo, isso pode ocorrer no segundo semestre. "O problema do Brasil é conseguir a vacina agora." A dúvida é quando a Pfizer vai disponibilizar estas vacinas do contrato com o Brasil, ressaltou o economista. Do ponto de vista de reativação da atividade econômica, o quanto antes o País tiver as doses, melhor.

"Se a gente conseguir trazer essas 100 milhões de doses, é algo já relevante. Quanto mais rápido a gente andar, traz fôlego maior para a atividade econômica", comentou a sócia-diretora da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, na mesma live. "O quadro pandêmico está pior do que se imaginava e as dúvidas em relação ao quadro fiscal estão muito fortes", disse ela, prevendo Produto Interno Bruto (PIB) negativo no primeiro trimestre.

"Estamos vendo o câmbio em outro patamar, em R$ 5,75, o Banco Central tentando brigar, colocando dinheiro no mercado, e claro, é super difícil. Os fatores que estão por trás o BC não consegue mudar", afirma a economista. Em seu cenário, ainda está a manutenção do pilar fiscal no Brasil, com o teto respeitado e sem gastos fora, além da aprovação da PEC Emergencial.

"Tirar o Bolsa Família do teto de gastos seria péssimo", disse Camargo. No final da tarde, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que "são infundadas todas as especulações sobre furar o teto. Tanto o Senado quanto a Câmara votarão as PECs sem nenhum risco ao teto de gastos, sem nenhuma excepcionalidade ao teto."

Ibovespa

O Ibovespa teve fim de tarde desta quarta-feira em ritmo de montanha-russa, saindo de perdas superiores a 3% no pior momento, a caminho então do menor nível de fechamento desde 23 de novembro, aos 107.465,78 pontos na mínima da sessão, para tocar máxima a 112.398,24 pontos, em alta de 0,77%, então levemente acima do encerramento da última quinta-feira. Ao fim, o índice da B3 mostrava leve baixa de 0,32%, aos 111.183,95 pontos, com giro financeiro a R$ 48,8 bilhões. Na semana, o índice acumula ganho de 1,04%, com perdas a 6,58% no ano.

Tuíte do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que são infundadas as especulações de que o teto de gastos será furado, e a sinalização de que o governo federal pretende comprar vacinas da Pfizer e da Janssen ocorriam durante este abrupto movimento. "Por si, é pouco para justificar tamanha oscilação. O que temos é muita volatilidade, inclusive no exterior", observa Pedro Paulo Silveira, gestor da Nova Futura Investimentos. "As notícias, o pano de fundo, ainda são os mesmos: ruins."

Este começo de março dá continuidade ao padrão visto a partir da segunda quinzena de fevereiro, quando o Ibovespa iniciou correção que o tiraria dos 120 mil pontos, no fechamento do dia 17, para 107,3 mil na mínima intradia de ontem, acompanhando a combinação de agravamento da pandemia no País - desconectado da melhora no exterior, especialmente EUA - e de incerteza sobre as finanças públicas, acentuada por falta de avanço nas reformas e por ensaio de populismo na gestão econômica, com intervenção em estatal e possível furo no teto de gastos.

Assim, no dia em que foi anunciado o retorno do Estado de São Paulo à fase vermelha, a mais restritiva, o avanço acima do esperado na margem para o PIB do quarto trimestre foi recebido como evento passado, e o Ibovespa tendeu entre os 107 mil e os 109 mil pontos durante boa parte da tarde.

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo federal fez todo possível para evitar que "tivéssemos um caos no Brasil" e que, "instalando-se um caos, a gente não sabe o que pode acontecer". O infectologista americano Anthony Fauci, conselheiro do governo Joe Biden, demonstrou preocupação com a escalada da pandemia no País. "É muito difícil a situação em que o Brasil se encontra", afirmou o médico ao ser questionado sobre o assunto durante coletiva de imprensa. O cientista também se mostrou disposto a discutir com autoridades brasileiras medidas para enfrentar a crise sanitária. Fauci frisou que a imunidade temporária que os indivíduos adquirem após serem infectados pelo vírus não protege contra as novas cepas.

"O Brasil está aparecendo como fator de risco pandêmico, em situação fora de controle. Isso num momento em que o mercado tem exigido mais prêmio de risco para financiar a maior economia do mundo, inclinando a curva de juros nos EUA", o que afeta a atratividade dos emergentes, observa Jefferson Laatus, estrategista do Grupo Laatus. O avanço do populista Bolsonaro sobre o liberal Paulo Guedes obscurece a percepção do mercado para esta segunda metade de governo, afetando os ativos brasileiros de forma conjunta, acrescenta Laatus. "O 'Chicago boy" não existe mais, é como se tivesse virado um soldado que segue o general como se fosse a Lei. O mercado está precificando, cada vez mais, a teimosia e incoerência de Bolsonaro."

"Tivemos dia um pouco mais pesado lá fora, com esta pressão sobre os yields dos Treasuries, e aqui estamos navegando mares bravios, com muitas informações desencontradas sobre como ficará o fiscal: a cada hora é uma coisa, há muita informação cruzada sobre isso", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Entre os carros-chefes do Ibovespa, Petrobras ON e PN chegaram a mostrar perdas acima de 6%, para fechar respectivamente em baixa de 4,29% e 3,64%, com a decisão de quatro conselheiros de deixar a empresa após o governo ter encaminhado a substituição do economista Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, em meio à insatisfação de Bolsonaro com os reajustes nos preços de combustíveis, especialmente o diesel. Embora sem o mesmo peso sobre os preços da ação, chegou à atenção do mercado a volumosa operação com opções de venda da Petrobras depois de reunião palaciana em Brasília na qual a substituição teria sido definida, o que pode resultar em investigação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para alta de 4,61% para PetroRio, à frente de Magazine Luiza (+3,50%) e de Bradesco ON (+2,02%). Maior perda do Ibovespa na sessão, Pão de Açúcar caiu 5,61%.

Juros

Os juros fecharam a sessão regular em alta, a sexta consecutiva, movimento que vem sendo determinado desde a semana passada pelo agravamento das preocupações fiscais e com a pandemia; pelo avanço do rendimento dos Treasuries, que hoje voltaram a flertar com a marca de 1,50% no caso da T-Note de dez anos; e pelo reforço nas apostas de elevação da Selic.

Na etapa estendida, porém, declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reafirmando o compromisso com o teto de gastos e a notícia de que o Ministério da Saúde vai comprar vacinas contra a Covid da Pfizer e da Janssen trouxeram forte alívio. O PIB de 2020 e do quarto trimestre melhor do que a mediana das estimativas até ajudou a melhorar os cálculos de carry over para 2021, mas pouco foi capaz de mexer com as taxas, na medida em que o atual contexto da pandemia deve pesar sobre a atividade nos primeiros meses de 2021.

Após encerrarem a regular nas máximas, as taxas devolveram mais de 40 pontos na estendida no caso dos vencimentos intermediários e longos. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a regular em 4,01%, de 3,884% ontem no ajuste, fechando a estendida em 3,81%. A do DI para janeiro de 2025, após terminar a regular em 7,77%, terminou a estendida em 7,31%, de 7,496% ontem no ajuste. As taxas para janeiro de 2027 e janeiro de 2031 encerraram a regular em 8,42% e 9,05% (de 8,124% e 8,763% nos ajustes), tendo fechado a estendida em 7,93% e 8,59%.

Ao longo da quarta-feira, o cenário de cautela foi endossado pelo pessimismo com a PEC que vai assegurar o pagamento do auxílio emergencial, dia em que também o governo de São Paulo anunciou a entrada do Estado na fase vermelha a partir de sábado. O mercado temia a possibilidade de o Bolsa Família ser retirado da regra do teto de gastos, diante da pressão de lideranças no Congresso. O alívio veio após Lira afirmar, no Twitter, que "são infundadas todas as especulações sobre furar o teto". "Tanto o Senado quanto a Câmara votarão as PECs sem nenhum risco ao teto de gastos, sem nenhuma excepcionalidade", disse.

Com isso, a inclinação, que na etapa regular era de 442 pontos-base - considerando o diferencial entre o DI para janeiro de 2022 e janeiro de 2027 - caiu para 412 pontos na estendida, ante 425 pontos ontem. Favoreceu o movimento também a decisão do Ministério da Saúde de comprar as vacinas da Pfizer e da Janssen, após meses rejeitando propostas destas empresas. Segundo a Pasta, o ministro Eduardo Pazuello pediu para a sua equipe "acelerar" os contratos e a compra com a Pfizer poderia ser concluída ainda hoje.

De todo modo, a devolução de prêmios foi pequena e a curva segue muito empinada, com os vencimentos longos tendo subido quase 100 pontos desde a última terça-feira. Segundo o Banco Fator, o andamento instável da PEC, com dúvidas sobre o teto de gastos e o programa de emergência, se mistura com as incertezas da pandemia, da vacinação, do distanciamento, das ações de Bolsonaro que aumentam a incerteza, uma certa sensação de que o Copom está atrás da curva, de que o Fomc vai ter que mudar de ideia. "Tudo somado, sobe o dólar, sobem os juros", afirma o relatório do banco, elaborado pelo economista-chefe José Francisco Lima Gonçalves.

André Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, atribuiu a piora nos últimos dias à percepção de um processo gradual de mudança no perfil da orientação da política econômica, de liberal para desenvolvimentista, a partir do episódio da mudança no comando da Petrobras. "O cenário envolve uma preocupação em grande escala com as questões reformistas e ajuste fiscal", afirmou.


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