Com cenário internacional, dólar fecha em R$ 4,99

Com cenário internacional, dólar fecha em R$ 4,99

Esta é a primeira vez, desde 26 de março, que moeda norte-americana fica abaixo dos R$ 5,00

AE

Bolsa terminou o dia em alta de 0,86%, com ganho de 8,28% na semana

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O dólar à vista fechou a sexta-feira em R$ 4,9909, a primeira vez que a moeda americana termina abaixo de R$ 5,00 desde 26 de março. Na semana, acumulou queda de 6,52%, a maior baixa semanal em quase 12 anos, desde os cinco dias encerrados em 31 de outubro de 2008 (-7,35%). Nesta sexta-feira, o peso determinante para o enfraquecimento do dólar no Brasil e perante países emergentes em geral foi o cenário externo, após a surpresa com o relatório de emprego dos Estados Unidos, mostrando criação de 2,5 milhões de vagas em maio enquanto Wall Street previa fechamento de mais de 8 milhões de postos de trabalho. No mercado futuro, o dólar para julho recuava 2,99%, a R$ 4,9745 às 17h45.

Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 4,93 no início da tarde, movimento provocado por rápida desmontagens de posições contra o real e também relatos de entrada de capital externo.

A surpresa com o relatório de emprego dos EUA estimulou busca por ativos de risco mundialmente e as bolsas subiram na Europa e em Nova York. Aqui, o Ibovespa chegou a superar na máxima os 97 mil pontos. Logo após a divulgação do documento, o presidente Donald Trump afirmou que a economia americana vai se recuperar "como um foguete", contribuindo para elevar ainda mais o otimismo dos investidores com a retomada das atividades pós-pandemia.

"O relatório de emprego de maio foi uma surpresa positiva dramática", afirma o diretor do Credit Suisse, Jeremy Schwartz, alertando que o número, apesar da euforia causada nos mercados, pode não representar uma tendência. "O relatório não muda drasticamente nossas perspectivas para o mercado de trabalho americano", escreveu em relatório comentando os números.

O presidente da gestora AZ Quest, Walter Maciel, avalia que o exterior positivo combinado com uma trégua política ajudou a melhorar os preços dos ativos brasileiros. No cenário externo, a perspectiva é de que a China vai voltar a crescer e seguir comprando minério de ferro e alimentos do Brasil, o mesmo paras as economias dos EUA e na Europa, todos parceiros comerciais importantes do Brasil, disse ele. Ao mesmo tempo, com a piora da atividade doméstica, as importações brasileiras devem cair, mas com a manutenção das vendas externas, o saldo comercial se amplia. "Vai começar a sobrar dólar no sistema. O saldo comercial crescente faz com que o dólar tenda a cair", disse ele hoje em live da Genial Investimentos.

No cenário doméstico, o presidente da AZ Quest observa que a tensão política diminuiu após o presidente Jair Bolsonaro sentar com os presidentes da Câmara e do Senado e com os governadores e ainda vetar o aumento de salário de servidores. Apesar da melhora do real, Maciel alerta que se o ambiente voltar a se deteriorar, por exemplo, com piora novamente do ambiente político ou medidas populistas de aumento de gastos públicos, o dólar volta a subir.

Ibovespa

O otimismo amparado na leitura muito acima do esperado para o mercado de trabalho dos EUA em maio, alimentando a perspectiva de recuperação global em V pós-pandemia, contribuiu decisivamente para que o Ibovespa encadeasse nesta sexta-feira a sexta sessão de ganhos, algo que não ocorria desde outubro, acumulando alta de 8,28% na semana, a maior desde o período que antecedeu a Páscoa. Nesta sexta-feira, o principal índice da B3 perdeu fôlego depois das 16h, em alta mais modesta no fechamento do que a observada mais cedo na sessão, aos 94.637,06 pontos (+0,86%) no encerramento, saindo de mínima a 93.838,60 e chegando na máxima do dia a 97.355,75 pontos.

Uma sequência de seis ganhos não ocorria desde o intervalo entre os dias 9 e 16 de outubro de 2019, separado pelo fim de semana de 12 e 13 de outubro, sessões ao longo das quais o Ibovespa se manteve entre 101.248,78 e 105.422,80 pontos naqueles respectivos fechamentos, refletindo então a expectativa para a votação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado ainda naquele mês e, no exterior, sinais de que a China buscava àquela altura um acordo, ainda que parcial, com os EUA.

Na máxima de hoje, o Ibovespa foi ao maior nível desde 9 de março, então aos 97.982,08 pontos no pico intradia daquela sessão. No fechamento de hoje, aproximou-se um pouco mais da marca de 6 de março, quando encerrou aos 97.996,77 pontos. O ganho desta semana, de 8,28%, foi o maior desde a semana encerrada em 9 de abril, pré-Páscoa, quando o Ibovespa avançou 11,71%, colhendo então o maior avanço semanal desde o início de março de 2016 (+18,01%). Em um mês, os ganhos do índice estão agora em 19,08%. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 38,4 bilhões, mais uma vez bem elevado, com o índice da B3 limitando agora as perdas do ano a 18,17%.

"Aos 97 mil pontos na máxima de hoje, os que entraram primeiro já começam a realizar um pouco, para colocar no bolso - assim, limitou a alta aqui em relação ao dia muito positivo lá fora, especialmente em Nova York. Todo mundo no mercado sabe que o segundo semestre será difícil, mas ninguém quer ficar fora deste movimento da Bolsa", observa Ari Santos, operador de renda variável da Commcor. Ele considera que alguma realização ocorra antes de o Ibovespa retomar os 100 mil pontos. "Por volta do dia 15 a 17, a coisa tende a ficar um pouco mais clara, com a reabertura da economia e o aguardado corte de juros pelo Copom. Juros ainda mais baixos podem ajudar a retomada econômica", acrescenta o operador.

A redução da percepção de risco contribui para que o investidor estrangeiro volte a olhar os ativos brasileiros, ainda que muitos fatores de incerteza permaneçam no horizonte, especialmente em relação à persistência da pandemia e, em consequência, o grau de reabertura da economia local.

Assim, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 852,811 milhões na B3 no pregão da última quarta-feira, quando o Ibovespa fechou em alta de 2,15%, aos 93.002,14 pontos, com giro financeiro a R$ 39,4 bilhões. Em junho, nos três primeiros pregões, o saldo ficou positivo em R$ 1,785 bilhão, resultado de R$ 41,427 bilhões em compras e de R$ 39,641 bilhões em vendas - um desdobramento animador, na medida em que a B3 não registra saldo mensal positivo desde setembro de 2019. No acumulado até aqui em 2020, os estrangeiros já retiraram R$ 75,061 bilhões.

No exterior, a surpreendente retomada da geração de vagas no mercado de trabalho americano em maio levou o presidente Donald Trump a celebrar que os EUA se recuperarão com o ímpeto de um "foguete". Wall Street também comemorou, com o blue chip Dow Jones em alta de 3,15% no fechamento de hoje, enquanto S&P 500 e Nasdaq tiveram ganhos acima de 2% na sessão.

Espelhando também o apetite por risco, em dia de queda ante divisas de emergentes o dólar renovava mínimas frente ao real no início da tarde, caindo a R$ 4,9348, para fechar aos R$ 4,9909, em baixa de 2,73% na sessão e acumulando perda de 6,52% na semana, o que colocou a ação da exportadora Suzano, de papel e celulose, na ponta negativa do Ibovespa, em queda de 3,89% na sessão, superada apenas por Totvs (-4,29%).

No lado oposto, Azul subiu 10,90%, à frente de Yduqs (+9,83%), Gol (+9,74%) e Via Varejo (+6,45%). Entre as ações de commodities, destaque para Petrobras PN (+3,13%) e ON (+3,11%), enquanto Vale ON cedeu 1,89%, tendo acentuando as perdas à tarde e contribuído para segurar o Ibovespa. Acumulando ganhos de dois dígitos na semana, as ações de bancos também avançaram nesta sessão, embora limitando a alta na parte final, ajudando a segurar o índice de referência da B3 - destaque para Bradesco ON (+2,30%).

Antes mesmo da divulgação do payroll, já se notava demanda por ativos de risco nos mercados internacionais, após a informação de que a Opep e aliados, grupo conhecido como Opep+, concordou em estender corte na oferta de petróleo até o fim de julho. Assim, os contratos do Brent para agosto encerraram em alta de 5,78%, aos US$ 42,30 por barril, no fechamento da ICE. Destaque absoluto do dia, o relatório sobre o mercado de trabalho americano em maio trouxe inesperada criação de 2,509 milhões de vagas, quando se esperava destruição de 8 milhões de postos no mês.

Juros

Os juros futuros fecharam em alta, com exceção dos vencimentos de curtíssimo prazo que terminaram ao redor da estabilidade, sem alterações no quadro de apostas para o Copom. As taxas deram sequência ao movimento de realização de lucros iniciado ontem, mas o ritmo de ajuste hoje foi um pouco mais firme do que ontem e, diferentemente da véspera, amparado por um volume consistente de contratos negociados. Nas mesas de renda fixa, a trajetória é vista mesmo como uma correção, e não como piora na percepção de risco, até porque o clima externo segue positivo e, na seara política, as tensões arrefeceram.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 3,01% para 3,07% e a do DI para janeiro de 2025, de 5,712% para 5,80%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa a 6,77%, de 6,712% ontem no ajuste. No balanço da semana, a curva perdeu inclinação.

Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, afirma que aparentemente a curva esteve na contramão do bom humor dos demais ativos locais e do apetite ao risco nos mercados internacionais, mas "na verdade não". "A correção é ligeiramente mais pronunciada justamente no miolo em função da melhora nas expectativas, na medida em que o mercado fica mais otimista com o Brasil e com o mundo", disse. Ele afirma que, apesar dos problemas fiscais e políticos, a avaliação é de que a crise forçou o presidente Jair Bolsonaro a dialogar com o Congresso, via Centrão, o que enfraquece as chances de ruptura institucional e, ao mesmo tempo, eleva a expectativa em relação à retomada da agenda de reformas no pós-crise.

Pela manhã, as taxas de curto prazo chegaram a operar em alta firme, em reação a novas declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, em live da XP Investimentos. Após a grande repercussão de sua fala na quarta-feira, de que 2,25% pode não ser o "lower bound" para a Selic, hoje o diretor explicou que esta discussão está longe de ser consensual dentro do Copom. "Minha leitura é a de que não falamos de 'lower bound' no Brasil", disse. Para ele, continuar baixando juro é "navegar em mares nunca antes navegados". Mas acrescentou que, se o BC seguir baixando a Selic, continuará a ter efeito de aumento da inflação.

Ao longo da sessão, porém, a pressão diminuiu, levando as taxas dos contratos que vencem ainda este ano, mais sensíveis às expectativas para as próximas decisões do Copom, para perto da estabilidade. A precificação para o Copom de junho na curva, a exemplo de ontem, segue mostrando 60% de chance de corte de 0,75 ponto porcentual da Selic, ante 40% de probabilidade de corte de 0,50 ponto. Para agosto, o quadro também não mudou, com 80% de chance de queda de 0,25 ponto e 20% de probabilidade de manutenção. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.


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