Com dúvidas sobre vacinação contra Covid-19 no Brasil, dólar fecha em leve alta, a R$ 5,12

Com dúvidas sobre vacinação contra Covid-19 no Brasil, dólar fecha em leve alta, a R$ 5,12

Ibovespa teve um dia de volatilidade, marcado por vacina, exterior e fiscal, terminando aos 113.793,06 pontos

AE

Ajuste fiscal também ajudou a desencadear um movimento de realização de ganhos no dólar

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O dólar operou em momento distintos nesta terça-feira, caindo pela manhã, com entrada de fluxo externo, até a mínima de R$ 5,06, e voltando a subir pela tarde, quando foi a R$ 5,13 e o real passou a operar descolado de seus pares, como o peso mexicano. Profissionais das mesas de câmbio relatam que começou a pesar nas cotações um fator novo, as dúvidas sobre o processo de vacinação em massa no Brasil contra a Covid-19, que ficaram aparentes na tarde de hoje após uma reunião do governo com governadores. Além disso, os ruídos fiscais voltaram desde ontem a ganhar força e crescem os temores sobre o encaminhamento do ajuste fiscal em 2021, hoje em meio à rumores de pressão para prorrogação do auxílio emergencial e do estado de calamidade. No fechamento, o dólar à vista terminou em alta de 0,15%, cotado em R$ 5,1275. O dólar futuro para janeiro encerrou com alta de 0,32%, a R$ 5,1165.

Operadores ressaltam que a indefinição sobre a vacinação e o ajuste fiscal acabaram ajudando a desencadear um movimento de realização de ganhos, após as quedas recentes do dólar, que até ontem no início da tarde chegavam a 7% em 30 dias. A liquidez mais fraca do mercado desde ontem contribuiu para a maior volatilidade, destaca o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.

"A gente fica surpreso que o Brasil não consiga apresentar um plano que ataque o fiscal de maneira crível", destaca o gestor Carlos Woelz, da Kapitalo. "O governo não está falando como vai ser o ajuste e tem ainda discussão atual de aumentar os gastos", disse ele em evento do Itaú hoje. Woelz vê que o real subvalorizado, em alguns casos, 20%, considerando diversas métricas, como o diferencial de juros e a balança de pagamentos. Mas para a moeda brasileira voltar para preços mais justos, o ponto principal é a melhora fiscal. "Precisa ter apenas um plano e vontade de seguir o plano."

O sócio da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, no mesmo evento, destaca que a questão fiscal é um limitador para a melhora do real, com dólar ainda operando acima do preço justo no Brasil, que seria na casa dos R$ 4,20. Para o gestor, o presidente Jair Bolsonaro acaba ficando "premido" para gastar mais, ainda que seja para furar de forma temporária o teto de gastos. Mas Stuhlberger alerta que se o governo furar o teto em 2021 seria muito ruim, mesmo que isso seja feito de forma provisória. Neste caso, a depreciação cambial se acentuaria, levando os juros mais longos para patamar superior ao atual, que já estão altos. "O Brasil sempre foi muito gastador."

Além da questão fiscal, um plano de vacinação para o coronavírus no Brasil começou a entrar no radar dos investidores, num momento em que outros países começam seus processos. O Reino Unido deu a largada hoje. O estrategista-chefe de investimento na América Latina da BlackRock, Axel Christensen avalia que a distribuição eficiente da vacina contra a doença deve estimular uma recuperação do crescimento das diversas economias, por isso a importância do tema. "As notícias positivas sobre as vacinas são importante divisor de águas", afirmou o estrategista da BlackRock.

Ibovespa

Um vaivém de notícias em relação aos planos de vacinação no Brasil e renovadas dúvidas fiscais fizeram com que o Ibovespa se descolasse pontualmente do exterior na etapa da tarde desta terça-feira, 8, e operasse com volatilidade. A força de Nova Iorque, contudo, garantiu que o índice permanecesse na casa dos 113 mil pontos no fechamento. Por lá, a esperança renovada de estímulos fiscais trouxe fôlego aos ativos de risco, com as máximas históricas do S&P 500 e do Nasdaq.

O Ibovespa terminou a sessão aos 113.793,06 pontos, com alta de 0,18%. Termômetro da volatilidade diária, o índice foi aos 114.381,14 pontos na máxima, às 12h11, e desceu aos 112.820,31 pontos na mínima, às 15h03.

Na etapa matutina, que culminou na máxima acima dos 114 mil pontos, a visão de que não haverá flexibilização do teto de gastos - como foi cogitada ontem no Congresso, segundo apurou o Broadcast- garantiu o embalo. Mas, o fôlego não se manteve.

Perto das 15h, circulou nas mesas de operação o rumor de que há parlamentares articulando pela prorrogação do Estado de calamidade e do pagamento do auxílio emergencial. Embora não haja disposição de alguns políticos-chave para tal medida (principalmente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia), o processo de sucessão no comando do Congresso inspirou cautela por parte dos agentes do mercado.

No mesmo momento das mínimas da sessão, a percepção do mercado sobre o processo de vacinação contra a Covid-19 no Brasil se turvou, depois de declarações de governadores após reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Na sequência, o mercado de ações voltou a subir após o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, dizer que a empresa pedirá o uso emergencial de vacinas à Anvisa e que estuda uma forma de facilitar o transporte e a armazenagem das doses.

Murillo afirmou que a imunização poderia começar logo após o produto ser liberado pela agência reguladora e estimou que as primeiras doses do imunizante chegam ao Brasil em janeiro.

Suavizou toda essa oscilação o forte desempenho do mercado americano nesta tarde. Lá, cresce a percepção de que o Congresso vai aprovar um novo pacote fiscal, clamado pelo presidente eleito, Joe Biden. O avanço dos planos de vacinação também influenciaram os principais índices.

No desempenho corporativo do índice, impulsionadas por novos comentários sobre a privatização da empresa e a retomada de cobertura por parte do BTG Pactual, as ações de Eletrobras foram os destaques de alta - o papel ON saltou 5,92% e o PNB avançou 4,99%. Mas o maior avanço foi da BRF (8,69%), após a empresa estimar investimentos de aproximadamente R$ 55 bilhões nos próximos dez anos.

Na ponta oposta, a Usiminas cedeu 4,29%, em dia de pressão de exportadoras.

Juros

Os juros tiveram uma sessão volátil, sobretudo à tarde, oscilando ao sabor do noticiário sobre o cenário fiscal e da vacinação contra covid no Brasil, com picos de estresse na última hora da etapa regular. No fechamento da etapa estendida, porém, estavam com viés de baixa. O IPCA de novembro acima das estimativas pressionou a curva num primeiro momento, mas foi absorvido depois com a leitura dos preços de abertura e não alterou a percepção que o mercado já tinha para o Copom de amanhã, de manutenção da Selic em 2% e do forward guidance do Banco Central (BC). O índice também contribuiu para elevar o interesse no leilão de NTN-B, que teve a oferta de até 1,1 milhão colocada integralmente.

Por outro lado, o desconforto com o cenário fiscal e político emergiu com o vaivém do relatório da PEC Emergencial que começou ainda ontem no fim da tarde, com as divergências em torno da vacina contra a covid expostas após reunião de governadores com o Ministério da Saúde.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,07% (regular) e 3,035% (estendida), de 3,064% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2023 passou de 4,425% para 4,45% (regular) e 4,40% (estendida). O DI para janeiro de 2025 fechou a regular em 6,07% e a estendida em 6,03%, de 6,084% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 encerrou a regular em 6,89% e a estendida em 6,88%, de 6,913% ontem.

A curva fechou hoje precificando em torno de 97% de chance de Selic estável amanhã, mesmo com o IPCA de novembro subindo 0,89%, superando o teto das previsões de 0,85%. "Os indicadores qualitativos continuam com comportamento dentro do esperado para o estágio do ciclo econômico. É de se esperar que com a passagem dos choques de preços na margem, a inflação de núcleos volte para patamar mais baixo e compatível com o nível de ociosidade da economia", afirmam os economistas Rafael Cardoso e Antonio Castro, do Banco Daycoval.

Vitor Carvalho, sócio-gestor da LAIC-HFM, explica que o mercado está apostando na ideia de que a inflação vai perder força no ano que vem após o fim do auxílio emergencial e dada a perspectiva de piora no mercado de trabalho, além do fato de o dólar estar bem comportado. "O mercado segue operando o alívio estatístico do IPCA em 2021, mantendo a leitura de que a inflação ainda está controlada", disse.

As taxas chegaram a oscilar em baixa com a queda do dólar no meio do dia, mas o incômodo com o quadro fiscal se mantém como o bode na sala. Nos últimos dias, o sentimento era de que o teto de gastos estava assegurado em 2021, mas ontem essa percepção começou a balançar, com a divulgação de uma primeira versão do relatório da PEC Emergencial que abria caminho para gastos fora do teto. O relator da PEC, senador Márcio Bittar (MDB-AC), enviou uma nova versão aos senadores que não prevê despesas fora do teto.

O noticiário sobre a vacinação contra a covid seguiu no centro das atenções e acentuando a volatilidade dos ativos. As divergências entre governadores em torno do calendário no Brasil vieram à tona após uma reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Nos preocupa o governador de São Paulo dizer que vai iniciar vacinação em 25 de janeiro. Isso coloca em jogo a credibilidade dos demais governadores", afirmou o mandatário de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).


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