Com foco na PEC Emergencial, dólar fecha em R$ 5,79

Com foco na PEC Emergencial, dólar fecha em R$ 5,79

Ibovespa encerrou em alta de 0,65%, aos 111.330,62 pontos

AE

Moeda norte-americana seguiu rondando os R$ 5,80 na maior parte do pregão

publicidade

O dólar teve um dia de acomodação hoje, após piora da tarde de ontem. No mercado futuro, a moeda americana chegou a encostar em R$ 5,90 no final da segunda-feira, com o temor de fatiamento da PEC Emergencial e após a notícia de anulação da condenação de Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, esses fatores seguiram ecoando nas mesas de operação, mas houve algum alívio após parlamentares prometerem que o texto da PEC a ser votado em plenário amanhã será o que foi aprovado no Senado na semana passada, considerado positivo para o rating brasileiro pela agência Moody's por preservar o teto de gastos. Apesar da melhora hoje, também ajudada pelo exterior positivo, com recordes das bolsas em Nova Iorque, a moeda norte-americana seguiu rondando os R$ 5,80 na maior parte do pregão.

O dólar futuro e o à vista operaram em direções divergentes nesta terça-feira, porque o maior ajuste nas cotações na tarde de ontem da notícia do Lula e declarações de Bolsonaro sobre possível desidratação da PEC Emergencial ocorreram após o fechamento do mercado à vista. Por isso, o dólar spot encerrou o dia em alta de 0,33%, a R$ 5,7974, enquanto o dólar futuro para abril caiu 1,28%, cotado em R$ 5,8065.

A Câmara vota a PEC Emergencial nesta quarta-feira, em dois turnos. O presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), prometeu manter a "ideia base" do texto aprovado pelo Senado. Mais cedo, o relator da PEC Emergencial na Câmara, Daniel Freitas (PSL-SC), afirmou que o texto da PEC a ser votado é o que passou pelo Senado na semana passada, apesar das pressões para mudanças.

Um diretor de Tesouraria destaca que novamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está atuando como "bombeiro" em Brasília para tentar convencer os deputados a aprovarem o texto sem alteração. Hoje Campos Neto se reuniu com Lira. "O Brasil novamente chegou a flertar com o abismo", destaca este profissional, relatando que o próprio Bolsonaro estava articulando ontem para retirar medidas da PEC, para favorecer policiais. Para este executivo, foi preciso a Bolsa chegar a cair 4% e o dólar ir a R$ 5,90 para criar um senso de realidade em Brasília. Mas o dólar ainda perto dos R$ 5,80 hoje é uma indicação de que o mercado ainda quer "ver para crer" como será a votação, opina ele.

Para os estrategistas do Goldman Sachs, a decisão de anular as condenações eleva as incertezas sobre a economia e a política brasileira, podendo ter efeitos na atividade econômica, ao levar empresários a adiar gastos, e nos juros. Nome muito competitivo para a eleição de 2022, um ambiente de alta polarização política e dúvidas sobre as políticas econômicas de Bolsonaro até a corrida presidencial do ano que vem pode adicionar "ventos contrários" para a retomada em curso da atividade econômica, comenta o banco americano. Este quadro pode levar o Banco Central elevar os juros de forma mais rápida.

Ibovespa

Após queda de quase 4% no dia anterior, o Ibovespa retornou a campo positivo, nesta terça-feira, deixando em segundo plano o choque causado pela recuperação dos direitos políticos do ex-presidente Lula, com anulação das sentenças da Justiça federal do Paraná por Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje, o mercado voltou a olhar para o que está logo à frente, ou seja, a votação amanhã da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados. Ainda que moderada ao longo da tarde, contribuiu para a recuperação parcial não apenas o dia positivo no exterior, com ganho de 3,69% no Nasdaq e de 1,42% no S&P 500, como também a indicação, pelo relator na Câmara, deputado Daniel Freitas (PSL-SC), de que o texto da PEC a ser levado ao plenário será "exatamente o que veio do Senado".

O sinal positivo veio em momento no qual se temia flexibilização de última hora, após indicação de que o presidente Jair Bolsonaro estaria negociando nova desidratação da PEC Emergencial, para beneficiar servidores da segurança pública. Após as declarações de Freitas, o Ibovespa passou a testar a linha de 112 mil pontos, chegando a 112.524,50 pontos na máxima do dia, bem distante da mínima da sessão, a 109.343,23 pontos. Ao final, o índice da B3 mostrava alta bem mais modesta, de 0,65%, aos 111.330,62 pontos, com giro financeiro a R$ 44,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa ainda perde 3,36%, limitando o ganho a 1,18% no mês - em 2021, cede 6,46%.

"A PEC tirou o foco do Lula, contribuindo também para segurar um pouco o dólar. Temos uma situação fiscal crítica e a recolocação de Lula como eventual candidato em 2022 reforça a questão do populismo para os anos à frente. Temos hoje um governo dito liberal, que deveria estar mais focado em questões fiscais - e não está tanto quanto deveria, o que terá efeitos para 2022 e 2023", observa Marina Braga, líder de alocação na BlueTrade.

"Aqui, apesar do dia bem favorável lá fora, não tivemos um gatilho forte para levar o Ibovespa mais acima, depois do que se viu ontem. O mercado está ainda um pouco grogue, fazendo pausa para respirar. Tudo que não se queria para 2022 era polarização entre Lula e Bolsonaro, com Centro enfraquecido - mas é o que parece estar se desenhando. Vai haver volatilidade, mas com juros reais perto de zero ou negativos, o custo de oportunidade continua muito pequeno, ainda que a Selic venha a subir a partir da semana que vem, gradualmente como se espera", diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo, que antecipa aumento de 0,50 ponto porcentual para a taxa de juros de referência na reunião de março. "Ainda há tempo para o governo fazer reformas, mesmo na pandemia", acrescenta.

"Com Lula elegível, o risco é a antecipação do calendário, com medidas eleitoreiras já em 2021, o que seria um problema. Precisamos ver como este risco eleitoral antecipado fará o governo 'performar' daqui em diante. Não vejo espaço para Lula aparecer muito agora, nem creio que seja de seu interesse", conclui Knudsen.

Na ponta do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para o setor de proteína animal, com Minerva em alta de 6,14%, e BRF, de 5,98%, à frente de Suzano, com 5,06%, e Braskem, com 4,27%. No lado oposto, Lojas Americanas cedeu 5,70%, B2W, 5,25%, e Via Varejo, 4,85%. Entre as blue chips, destaque para alta de 2,32% em Petrobras PN e de 1,86% na ON, com Vale ON em baixa de 1,00% no fechamento, em dia de forte queda do minério de ferro na China (-5,70% em Qingdao). O desempenho dos bancos foi majoritariamente positivo na sessão, à exceção de BB ON (-0,72%) e de Santander (-0,23%).

Juros

A terça-feira foi de volatilidade no mercado de juros. As taxas estiveram bastante pressionadas pela manhã, desaceleraram o ritmo de alta no meio da tarde, mas perto do fechamento o alívio também já era limitado. A informação de que o texto da PEC que vai recriar o auxílio emergencial a ser votado amanhã na Câmara será o mesmo que veio do Senado, dada pelo relator Daniel Freitas (PSL-SC) no começo da segunda etapa e confirmada mais tarde pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi determinante para a melhora da curva, num dia em que o cenário externo, com rendimento dos Treasuries em queda, desta vez não atrapalhou. Ao mesmo tempo, foi insuficiente para uma virada no humor dos agentes, que operaram também de olho no noticiário relacionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está, por ora, livre para disputar a eleição em 2022. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) em linha com o consenso não mexeu com as taxas e o leilão do Tesouro surpreendeu pela oferta grande de NTN-B (1,1 milhão) numa manhã de estresse.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 4,01% (regular) e 4,00% (estendida), de 3,960% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 avançou de 7,276% para 7,38% (regular) e 7,35% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 8,03% (regular) e 7,99% (estendida), de 7,864%.

Os temas internos prevaleceram durante todo o dia, especialmente aqueles que envolvem os riscos políticos e fiscal. Mal os agentes digeriam a decisão do ministro do STF Edson Fachin, ontem, de anular as condenações de Lula na Lava Jato, um novo estresse foi instalado com a chance de a PEC Emergencial ser desidratada para atender à pressão de algumas categorias. O Broadcast Político informou ontem à noite que o presidente Bolsonaro havia aberto negociação para liberar, na PEC, a possibilidade de progressão e promoção de servidores públicos. À tarde, Freitas descartou este risco. "O mercado operou atrelado a esta questão doméstica e melhorou depois na esteira da fala do relator", disse o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves.

Segundo Freitas, o texto que veio do Senado tem sido o balizador das conversas. "É o momento que devemos olhar para o País e não especificamente para as corporações uma classe ou outra", disse o deputado. Lira, que se reuniu com o presidente no fim da manhã, disse que Bolsonaro "recebeu muito bem, tranquilo e sereno" a decisão pela manutenção do texto. Ele afirmou que a ideia é votar a admissibilidade do texto hoje em plenário e os dois turnos da proposta amanhã.


Azeite gaúcho conquista prêmio internacional

Produzido na Fazenda Serra dos Tapes, de Canguçu, Potenza Frutado venceu em primeiro lugar na categoria “Best International EVOO” do Guía ESAO

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895