Com foco na votação da PEC Emergencial, dólar fecha em R$ 5,60

Com foco na votação da PEC Emergencial, dólar fecha em R$ 5,60

Bolsa não conseguiu segurar a linha de 112 mil até o fechamento e limitou a alta a 0,27%

AE

Ibovespa terminou o dia aos 110.334,83 pontos

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O dólar reduziu o ritmo de queda nos negócios da tarde desta segunda-feira, voltando para a casa dos R$ 5,60. Com isso, o real passou a operar bem descolado de seus pares, com a moeda norte-americana caindo 1,1% no México e África do Sul e quase 2% na Turquia, e também do Ibovespa, que chegou a subir mais de 2%. Incertezas domésticas acabaram prevalecendo. O foco dos investidores é a votação da PEC Emergencial, prevista para a quarta-feira, e a dúvida é se vai contemplar cortes de gastos. Há ainda preocupações sobre o avanço acelerado da pandemia e a possibilidade da adoção de novas medidas restritivas pelo País. Nem mesmo o superávit comercial de US$ 1,152 bilhão em fevereiro trouxe algum alívio.

No primeiro fechamento de março, o dólar terminou em leve queda de 0,09% no mercado à vista, cotado em R$ 5,6006. No futuro, o dólar para abril fechou em alta de 0,68%, aos R$ 5,6475. No final da tarde, com o mercado à vista já fechado, o dólar futuro bateu máximas com a notícia de que o governo pode compensar a desoneração do diesel com aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos.

Pela manhã, a notícia da aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto por Joe Biden na Câmara em Washington fez o dólar cair para a mínima do dia, a R$ 5,55, com o real acompanhando seus pares emergentes. Pela tarde este movimento continuou nos demais emergentes e moedas como os dólares da Austrália, Canadá e Nova Zelândia. O comportamento mais calmo hoje dos retornos (yields) do Tesouro americano, ainda que se mantenham em patamares altos, e o aumento nos preços das commodities estão ajudando estas moedas, observa o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Mas o real segue na contramão.

"A deterioração das expectativas persiste", comenta o economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho. O foco agora é a votação, adiada da semana passada para esta quarta-feira (3), da PEC Emergencial. O economista avalia que um texto desidratado, sem contrapartidas de cortes do mesmo montante que o aumento do auxílio, pode levar a uma nova piora das expectativas dos agentes, incluindo para inflação e os juros.

"Auxílio sem sustentabilidade fiscal é tiro no pé", comentam os estrategistas da Blueline Asset Management. "O desarranjo financeiro, que pode ser desencadeado caso o auxílio não tenha nenhum tipo de contrapeso fiscal, tornaria a ajuda de renda inócua ao longo do tempo, pois traria aumento de inflação, contração das condições financeiras e menor crescimento." O presidente Jair Bolsonaro disse hoje que está quase tudo pronto para recriar o auxílio, que será de R$ 250 e vai durar 4 meses.

Ibovespa

O Ibovespa chegou a mostrar ganhos acima de 2% no melhor momento da tarde, em máxima a 112.445,12 pontos, mas não conseguiu segurar a linha de 112 mil no fechamento, nem mesmo a de 111 mil, em alta bem moderada a 0,27%, aos 110.334,83 pontos, saindo de abertura a 110.035,82, praticamente na mínima do dia. O discreto avanço ocorre após o índice ter cedido 8,4 mil pontos na semana passada, quando acumulou perda de 7,09%, a maior desde o fim de outubro. Retomada mais forte era favorecida até o fim da tarde pela melhora do humor global, com aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão nos EUA e de vacina contra Covid-19 da Johnson & Johnson. Em Nova Iorque, os ganhos chegaram a 3,01% (Nasdaq) no fechamento desta segunda-feira.

Na B3, a alta sofreu moderação pouco antes das 17h, com relato do Broadcast, baseado em fontes em Brasília, de que está em consideração no governo a possibilidade de aumento da tributação de bancos para compensar a desoneração de impostos federais sobre o diesel. As ações do segmento, que já vinham na maioria em baixa, acentuaram as perdas, chegando a 3,01% para Itaú PN e a 3,30% para Bradesco PN, enquanto BB ON, que se recuperava de quedas recentes, também foi para o negativo, em baixa de 0,68% no encerramento. Na B3, o giro financeiro ficou em R$ 39,3 bilhões e, no ano, o Ibovespa cede 7,30%.

"Agora que os EUA têm três vacinas altamente eficazes, as expectativas para a (obtenção de) imunidade de rebanho em algum momento do verão (no hemisfério norte) devem liberar poder de compra que estava reprimido", observa em nota o analista Edward Moya, da OANDA em Nova Iorque, observando que a progressão dos rendimentos dos Treasuries pode ser conciliada a mercado acionário em alta, em ambiente de crescimento econômico - leitura favorecida hoje por dados sobre a atividade industrial no país em fevereiro, em desempenho sólido.

"Após uma verdadeira novela que teve início ainda no mandato de Donald Trump, o pacote de US$ 1,9 trilhão foi aprovado na Câmara e agora segue para o Senado, o que reduz parte da incerteza sobre o horizonte dos mercados. E não é apenas o mercado acionário que foi impactado positivamente: os (yields dos) Treasuries (de 10 anos), depois de 'rali' dos rendimentos a 1,6%, tiveram queda a 1,4%", diz Lucas Collazo, especialista da Rico Investimentos. "Por aqui, o foco segue na votação da PEC Emergencial, esperada para esta semana. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que o auxílio emergencial será pago até junho deste ano em parcelas de R$ 250, apesar da PEC Emergencial ainda não ter acordo para votação. A leitura do parecer deve ocorrer amanhã", acrescenta Collazo.

"Caminhávamos para uma correção técnica hoje, vindo o Ibovespa de uma série negativa, que abre espaço para o índice buscar recuperar a linha de 115 mil pontos, possivelmente ainda nesta semana. Vale (ON +4,28%, a R$ 98,57) foi fundamental para o desempenho de hoje, nesta circunstância perfeita para a empresa, de dólar e minério de ferro em alta - é uma ação que pode buscar os R$ 100, R$ 105. Banco do Brasil também chegou a mostrar bom desempenho após ter sofrido na semana passada com os rumores sobre troca de comando em estatais", diz Marcio Gomes, analista da Necton Investimentos.

Assim como BB, as ações PN (-1,08%) e ON (-0,63%) da Petrobras também perderam força e viraram no fim da sessão, no dia em que a empresa anunciou o quinto aumento de combustíveis no ano, mesmo após a recente decisão do presidente Jair Bolsonaro de afastar Roberto Castello Branco do comando da estatal. O novo reajuste foi interpretado a princípio como sinal de resiliência da empresa à tentativa de interferência em sua política de preços, antes da efetivação de mudança na presidência da empresa, que precisará ser submetida à Assembleia Geral Extraordinária.

No dia de estreia do Assaí na B3, houve extrema volatilidade dos papéis resultantes da cisão com o Grupo Pão de Açúcar. Enquanto o Assaí chegou a subir mais de 400%, a ação do Pão de Açúcar mostrava perda de 65,84% no fechamento desta segunda-feira, bem à frente de Cielo (-6,11%) e de Yduqs (-4,61%). No lado oposto, Assaí (+385,73%), com PetroRio em alta de 5,53% e Hapvida, de 5,29%.

Juros

Os juros futuros fecharam a sessão em alta, pressionadas pela retomada do avanço no rendimento dos Treasuries, piora na percepção fiscal e política e aumento dos riscos inflacionários. As máximas foram atingidas no fim da tarde, com maior pessimismo sobre o encaminhamento da PEC Emergencial e também a informação de que o governo avalia aumentar a tributação de bancos para compensar ao menos em parte a isenção de impostos federais sobre combustíveis.

Os vencimentos intermediários e longos foram os mais afetados, o que inclinou mais a curva a termo, com a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 já de volta à marca de 8%, não vista desde abril. Em meio à tensão com o presidente Jair Bolsonaro, a Petrobras anunciou mais uma rodada de reajustes nos preços de combustíveis, reforçando os receios com a inflação. No exterior, a aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão na Câmara dos Representantes dos EUA ajudou as bolsas, mas pesou sobre o mercado de títulos, reverberando na curva local.

A taxa do DI para janeiro de 2022 encerrou em 3,805% (regular) e 3,875% (estendida), de 3,769% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 5,72% (regular) e 5,80% (estendida), de 5,598% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 7,226% para 7,37% (regular) e 7,47% (estendida), e a do DI para janeiro de 2027 encerrou em 7,97% (regular) e 8,07% (estendida), de 7,854% no ajuste, sendo o pico desde 27/04/2020 (8,42%).

Na sexta-feira, a ponta longa até havia tido alívio assegurado pela pausa no rali dos Treasuries, mas hoje os yields voltaram a subir, com a T-Note projetando 1,45% nas máximas da manhã, em reação ao pacote. "O clima melhorou para as ações, mas continua muito negativo para o mercado de juros. Temos essa pressão externa há algumas semanas e aqui o imbróglio político bate mais forte no DI e no câmbio", avalia o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

No fim da sessão regular, as taxas ampliaram a alta e bateram máximas, com o dólar reduzindo as perdas e tocando novamente R$ 5,60 e maior cautela com a PEC Emergencial. O mercado acompanha com certo ceticismo as negociações em torno do texto que vai permitir a retomada do auxílio, mas com compensações fiscais. E teme novo adiamento da votação, marcada para quarta. "O receio com a possível votação da PEC Emergencial na quarta-feira, ainda sem contrapartida e com a possibilidade de poder ser novamente prorrogada, segue deixando os ativos locais mais pressionados, especialmente a curva de juros", disse o operador de renda fixa da Renascença DTVM Luis Felipe Laudisio dos Santos.

No meio da sessão estendida, houve nova rodada de máximas, atribuídas à notícia de que o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos está na mesa de negociação para compensar a desoneração do diesel e dos combustíveis, segundo apurou o Estadão/Broadcast. "Afetou primeiro a bolsa, puxou o dólar e o DI, que já estava estressado, andou também", comentou o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima.


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