Com nova taxa Selic, dólar fecha em alta, em R$ 5,29

Com nova taxa Selic, dólar fecha em alta, em R$ 5,29

Bolsa termina a quarta-feira em alta de 1,57%, aos 102.801,76 pontos, com ações de commodities

AE

Moeda norte-americana teve alta de 0,14%

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Em novo dia de volatilidade no câmbio, o dólar firmou alta nos negócios da tarde desta quarta, na medida em que se aproximava o final da reunião do Banco Central para definir a nova taxa de juros do Brasil, a Selic. A expectativa, além de nova redução da taxa, é ver o que os dirigentes vão sinalizar pela frente. Profissionais das mesas de câmbio dizem que se o BC deixar a porta aberta para futuros cortes, a pressão vai aumentar ainda mais no dólar. No exterior, a moeda americana caiu ante divisas fortes, para a mínima desde maio de 2018, e também recuou nos emergentes, em dia de indicadores mistos da atividade dos Estados Unidos e sem avanço nas negociações sobre o pacote fiscal americano.

Em sessão de expectativa pela decisão do BC, o real acabou ficando com o pior desempenho ante 34 moedas mais liquidas no mercado internacional. No fechamento, o dólar à vista encerrou em alta de 0,14%, cotado em R$ 5,2930, mas na máxima do dia foi a R$ 5,32. Já o dólar futuro para setembro, subia 0,27% às 17h30, em R$ 5,3020.

O BC deve divulgar o resultado da reunião de política monetária pouco depois das 18h. No Congresso hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil "ficou décadas com o câmbio artificialmente baixo", porque os juros eram altos, o que prejudicou a indústria.

Para o economista-chefe e sócio da Apex Capital, Alexandre Bassoli, a taxa de juros é baixa de forma inédita, mas ao mesmo tempo o Brasil convive com um nível elevado de risco fiscal, sobretudo após ser um dos países que mais elevaram gastos públicos com a pandemia. "Nesse contexto, é razoável que haja cautela muito grande em relação a quais vão ser os efeitos de novas reduções dos juros na dinâmica do câmbio", disse ele, hoje, em live do BTG Pactual. Um dos riscos é mais brasileiros decidindo alocar parte de seus recursos no exterior, o que pressionaria ainda mais o câmbio.

Para o economista-chefe da gestora Novus Capital, Tomás Goulart, o BC pode sinalizar fim do ciclo de cortes, mas querer deixar a porta "minimamente aberta" para nova redução. Ao mesmo tempo, ele observa que os juros historicamente baixos no Brasil têm importância para explicar a alta volatilidade recente no câmbio. Por isso, caso o BC sinalize que vai parar de reduzir a Selic, a volatilidade pode se reduzir. Para hoje, ele espera redução de 0,25 ponto porcentual, levando a Selic para 2%.

No exterior, em meio à indefinição sobre o pacote de socorro fiscal dos Estados Unidos, o dólar testou hoje novas mínimas. O índice DXY, que mede a moeda americana ante divisas fortes, como o euro e o iene, caiu para a casa dos 92 pontos, no menor patamar desde maio de 2018. "Sem pacote fiscal, sem alívio para o dólar", observa o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Enquanto o pacote não vem, Manimbo destaca que os recentes indicadores mistos da economia americana só contribuem para deixar o dólar ainda mais enfraquecido.

Ibovespa

Depois de quatro dias em ajuste negativo, e de dois nos quais se descolou do exterior, o Ibovespa voltou esta quarta, 5, a caminhar na mesma direção das ações globais, ao fechar em alta de 1,57%, aos 102.801,76 pontos, limitando ganhos que até a virada para a tarde se mantinham acima de 2% na sessão, e que chegaram a ficar abaixo de 1%. O principal índice da B3 saiu de mínima na abertura a 101.219,98 pontos, escalando até alcançar, na máxima, os 103.762,66 pontos, mas perdeu fôlego logo no início do segundo tempo, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, falava à Comissão Mista da Reforma Tributária.

Nela, o governo deu sinal de que pretende insistir na criação de um novo imposto sobre transações eletrônicas, ideia mal recebida tanto pelo Congresso como pelo mercado, que veem semelhanças entre o tributo e a CPMF. Guedes procurou dissociar a proposta do que é percebido como uma tentativa de ressuscitar em nova roupagem a contribuição sobre movimentações financeiras, extinta em 2007. "Não dá para o rico se esconder atrás do pobre falando que esse imposto é regressivo. O rico é quem mais faz transações, quem mais consome serviços digitais, de saúde, de educação, lancha, caviar, e está isento", afirmou o ministro.

"Não podemos ter nenhuma sombra de absolutismo: nem acharem que o ministro pode impor um imposto à sociedade, nem acharem que podem proibir esse debate. Nem o ministro pode impor um imposto que a sociedade não quer, nem um relator, presidente da Câmara, Senado ou da República pode impedir que se debata qualquer imposto", disse Guedes. Questionado pelos parlamentares, o ministro reafirmou que a equipe econômica pretende tributar também lucros e dividendos - outro ponto mal recebido pelo mercado.

"A dúvida para o mercado é que o governo como um todo está apostando no Renda Brasil e o Guedes está tentando achar uma forma de financiar isso. Nesta reunião de hoje, ficou claro que a aceitação (ao novo imposto) é negativa. Tirando o Ministério da Economia, todo mundo está querendo gastar. Lá na frente, para financiar o déficit, sabemos como termina: tem de elevar juros", observa Eduardo Cavalheiro, sócio-gestor da Rio Verde Investimentos. "O que ajudou a segurar hoje foram as ações de commodities, em meio à avaliação de que a China, para se contrapor à incerteza na relação com os EUA, tende a privilegiar um modelo de desenvolvimento mais voltado para dentro, com investimentos em infraestrutura, o que eleva os preços do aço, do minério, do petróleo", acrescenta.

Assim, em dia de forte desempenho das ações de Petrobras (+6,43% na PN e +6,45% na ON), com a progressão dos preços do petróleo sendo induzida também por dados de estoque dos EUA, o Ibovespa manteve-se em alta, quase neutralizando as perdas na semana (agora -0,11%) e limitando as do ano a 11,11%. Destaque também para ganho de 2,45% em Vale ON, em dia mais uma vez em boa parte desfavorável, ainda que moderadamente, para o segmento de bancos, o de maior peso na composição do índice e que ao final foi na maioria levemente ao azul, na véspera da votação em comissão do Senado de projeto sobre tabelamento de juros do cheque especial e do cartão de crédito.

"O governo não conseguiu impedir que a proposta do senador Álvaro Dias fosse à votação, e a expectativa agora é de que possa derrotá-la na comissão", diz Cavalheiro, da Rio Verde. Na ponta do Ibovespa, Klabin subiu hoje 9,78%, com recepção muito positiva ao balanço e às indicações da fabricante de papel e celulose, que contribuíram para melhorar a perspectiva para o setor. Logo em seguida, vieram Multiplan (+8,03%) e Iguatemi (+7,76%), com recepção também positiva ao balanço da operadora de shoppings. No lado oposto, Hypera cedeu 2,84%, Ambev, 1,64% e Cielo, 1,36%. O giro financeiro totalizou R$ 30,5 bilhões na sessão.

"O mercado de ações vem de um rali de 45 a 60 dias, com o começo da saída da pandemia. A partir de agora, temos um choque de realidade, com uma recuperação mais gradual da economia e dos diversos setores - muitos ficaram caros, houve excessos, e o mercado tende a ficar mais seletivo. Ainda vemos oportunidades em papéis que não estiveram tão na moda e estão com valuation mais atrativo, como Vale, JBS e BR Distribuidora", diz Marcelo Audi, sócio-gestor da Cardinal Partners.

No plano doméstico, é fundamental que a agenda de reformas continue a caminhar, em momento no qual a questão fiscal permanece no foco dos investidores, destaca também o gestor da Cardinal. "É importante que haja um sinal de continuidade nas regras de controle fiscal criadas até aqui - perder o teto de gastos seria um mau caminho", aponta Audi. "Há pressão por gastos adicionais, como a transformação do auxílio emergencial em despesa permanente. Se o governo conseguir um aperfeiçoamento, com aumento da transferência de renda em base ampliada, sem impacto fiscal negativo, seria um avanço."

"Temos de ter certeza de que, com reformas, o caminho da disciplina fiscal permanecerá, e o ponto mais importante para construção é daqui ao quarto trimestre. Sem a contribuição dos estímulos à economia, especialmente os concedidos aos mais pobres, a economia começa a se enfraquecer a partir de setembro", conclui Audi.

Taxas de Juros

Em novo dia de volatilidade no câmbio, o dólar firmou alta nos negócios da tarde desta quarta, 5, na medida em que se aproximava o final da reunião do Banco Central para definir a nova taxa de juros do Brasil, a Selic. A expectativa, além de nova redução da taxa, é ver o que os dirigentes vão sinalizar pela frente. Profissionais das mesas de câmbio dizem que se o BC deixar a porta aberta para futuros cortes, a pressão vai aumentar ainda mais no dólar. No exterior, a moeda americana caiu ante divisas fortes, para a mínima desde maio de 2018, e também recuou nos emergentes, em dia de indicadores mistos da atividade dos Estados Unidos e sem avanço nas negociações sobre o pacote fiscal americano.

Em sessão de expectativa pela decisão do BC, o real acabou ficando com o pior desempenho ante 34 moedas mais liquidas no mercado internacional. No fechamento, o dólar à vista encerrou em alta de 0,14%, cotado em R$ 5,2930, mas na máxima do dia foi a R$ 5,32. Já o dólar futuro para setembro, subia 0,27% às 17h30, em R$ 5,3020.

O BC deve divulgar o resultado da reunião de política monetária pouco depois das 18h. No Congresso hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil "ficou décadas com o câmbio artificialmente baixo", porque os juros eram altos, o que prejudicou a indústria.

Para o economista-chefe e sócio da Apex Capital, Alexandre Bassoli, a taxa de juros é baixa de forma inédita, mas ao mesmo tempo o Brasil convive com um nível elevado de risco fiscal, sobretudo após ser um dos países que mais elevaram gastos públicos com a pandemia. "Nesse contexto, é razoável que haja cautela muito grande em relação a quais vão ser os efeitos de novas reduções dos juros na dinâmica do câmbio", disse ele, hoje, em live do BTG Pactual. Um dos riscos é mais brasileiros decidindo alocar parte de seus recursos no exterior, o que pressionaria ainda mais o câmbio.

Para o economista-chefe da gestora Novus Capital, Tomás Goulart, o BC pode sinalizar fim do ciclo de cortes, mas querer deixar a porta "minimamente aberta" para nova redução. Ao mesmo tempo, ele observa que os juros historicamente baixos no Brasil têm importância para explicar a alta volatilidade recente no câmbio. Por isso, caso o BC sinalize que vai parar de reduzir a Selic, a volatilidade pode se reduzir. Para hoje, ele espera redução de 0,25 ponto porcentual, levando a Selic para 2%.

No exterior, em meio à indefinição sobre o pacote de socorro fiscal dos Estados Unidos, o dólar testou hoje novas mínimas. O índice DXY, que mede a moeda americana ante divisas fortes, como o euro e o iene, caiu para a casa dos 92 pontos, no menor patamar desde maio de 2018. "Sem pacote fiscal, sem alívio para o dólar", observa o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Enquanto o pacote não vem, Manimbo destaca que os recentes indicadores mistos da economia americana só contribuem para deixar o dólar ainda mais enfraquecido. 


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