Consumidores são surpreendidos fechamento do Mercado Público em Porto Alegre

Consumidores são surpreendidos fechamento do Mercado Público em Porto Alegre

Estabelecimentos de serviços considerados não essenciais cumprem nesta terça-feira o primeiro dia de medidas mais restritivas no combate ao coronavírus

Cláudio Isaías

Mercado Público foi fechado em Porto Alegre

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Os estabelecimentos comerciais de Porto Alegre cumpriram nesta terça-feira as medidas do decreto municipal que tenta conter o avanço da Covid-19 na Capital. Quem foi pego de surpresa pelas novas regras anunciadas pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior foram os frequentadores do Mercado Público.

Na manhã de hoje, o serviço de vigilância do Mercado Público perdeu a conta de quantas pessoas queriam acessar o local. "Muita gente afirmou que não sabia que o local vai ficar fechado pelos próximos 15 dias", destacou um dos quatro vigilantes postados na frente do portão central no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico. Somente os funcionários puderam acessar o prédio que funcionou sem clientes.

O Mercado Público funciona apenas por meio de telentrega ou no sistema de pegue e leve (takeaway) com acesso externo. O aposentado Marcelo Freitas Santini, residente no bairro Santana, lamentou o fechamento do Mercado Público. "Podiam organizar a entrada limitada de pessoas e com todos os dispositivos de segurança como o uso de máscara e higienização das mãos", destacou. Um dos mais tradicionais e movimentados centro de compras da cidade amanheceu num completo silêncio na manhã chuvosa de terça-feira. 

Em uma barbearia na rua Andrade de Neves, no Centro Histórico, os proprietários colocaram um cartaz para informar os clientes sobre o fechamento do estabelecimento. A previsão de reabertura foi marcada para o dia 22 de julho. Na avenida Padre Cacique, no bairro Menino Deus, uma concessionária de veículos colocou à disposição do público um telefone para o atendimento digital.

Já uma academia localizada na avenida Wenceslau Escobar, na zona Sul, os proprietários trataram de avisar os alunos sobre a interrupção das atividades presenciais pelas próximas duas semanas. Pelo decreto, as academias não podem funcionar, inclusive em shopping centers, condomínios e clubes sociais. 


Foto: Guilherme Almeida

A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel/RS), Maria Fernanda Tartoni, disse que as medidas do novo decreto foram tomadas para aumentar a segurança das pessoas e achatar a curva para diminuir a contaminação da Covid-19. "Infelizmente, não podemos pagar as contas com restrições tão grandes. Nossa maior preocupação é com a situação do transporte público", destacou.

Segundo ela, com a redução do uso do vale-transporte, a entidade teme que haja limitação em número de linhas e horários de ônibus. "A medida pode impactar e dificultar o ir e vir dos nossos colaboradores que estão trabalhando para garantir a renda e o sustento de suas famílias. Esperamos que os governantes colaborem para sairmos em pé deste momento tão difícil da nossa história", acrescentou. 

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL/RS), Vitor Augusto Koch, ressaltou que os lojistas gaúchos estão enfrentando uma crise econômica sem precedentes, ao serem forçados a manter fechadas as portas de seus estabelecimentos comerciais. Segundo ele, em todo o Rio Grande do Sul milhares de empregos já foram e continuam sendo eliminados e muitas lojas não devem retomar suas atividades após a pandemia da Covid-19.

Nos meses de março, abril e maio, por exemplo, foram extintos, apenas no comércio, 33 mil postos de trabalho, o equivalente a 30% do total de empregos no Estado no período, que totalizou 122 mil. "Em média, têm sido fechados 11 mil postos de trabalho por mês no varejo gaúcho. Este padrão tenderia a recuar em junho, mas com o recrudescimento das equivocadas restrições ao funcionamento do comércio, provavelmente em julho o Rio Grande do Sul superará a casa dos 55 mil desempregados no comércio", acrescentou Koch.

A FCDL/RS reiterou sua convicção de que o comércio não é o ambiente que contribui para a disseminação do coronavírus no Rio Grande do Sul. "Observando todos os protocolos de distanciamento e segurança sanitária, é possível ao comércio poder trabalhar e contribuir para a preservação de vidas, de empregos e de geração de renda, mesmo em áreas de bandeira vermelha", ressaltou.

Koch afirmou que os lojistas gaúchos estão fazendo a sua parte neste sentido, investindo em álcool em gel, em máscaras para colaboradores e clientes, e na conscientização para se evitar aglomerações nos estabelecimentos comerciais.   


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