Dólar à vista cai 0,49% puxado por indicadores que apontam uma economia mais fraca dos EUA

Dólar à vista cai 0,49% puxado por indicadores que apontam uma economia mais fraca dos EUA

Real também teve um desempenho mais forte que o de seus pares

Estadão Conteúdo

Ibovespa retomou a tendência de ganhos e encerrou a sessão desta quinta, 21, em alta de 1,05%, aos 132.182,01 pontos, renovando mais uma vez o recorde no fechamento

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Indicadores divulgados nesta quinta, 21, e que apontaram para uma economia mais fraca que a esperada nos Estados Unidos reforçaram a tese de corte nos juros do país a partir de março e levaram o dólar a fechar em baixa, tanto no comparativo com o real quanto em relação a outras moedas fortes e de países exportadores de commodities.

O real, porém, teve um desempenho mais forte que o de seus pares, em parte por causa de comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repisando que a taxa básica de juros, a Selic, deve cair a um ritmo de 0,50 ponto porcentual nos próximos meses, sem aceleração nos cortes. Isso ajudou a manter o dólar em baixa, mesmo diante de uma leve recuperação nas taxas dos Treasuries na segunda metade do pregão.

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, aponta que a linguagem do Banco Central em relação à trajetória de juros é um pouco mais cautelosa quando comparada à dos dirigentes do banco central dos Estados Unidos, onde alguns membros do comitê de política monetária admitem que os juros podem cair antes do esperado. "Isso acaba explicando desempenho mais favorável do real. Real é um dos melhores desempenhos quando olha emergentes", disse o economista.

Na abertura do pregão, o real também foi favorecido pela aprovação da medida provisória da subvenção do ICMS no Senado. A medida determina que empresas não poderão mais retirar da base de cálculo dos impostos federais (CSLL e IRPJ) os benefícios (subvenções) concedidos pelos Estados e relativos ao ICMS. Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da casa de análises Quantzed, ressalta que o mercado está monitorando o quadro fiscal como um todo e que a qualquer sinal de falta de compromisso com as contas públicas pode haver venda de ativos de risco e busca por investimentos mais seguros, como o dólar.

A percepção de que o Brasil está "fazendo o dever de casa" no momento joga a favor do real, segundo Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Comércio (FAC). Segundo ele, a aprovação da reforma tributária e o contexto de crescimento econômico com desaceleração da inflação e queda de juros contribui para que o mercado veja o País com bons olhos.

O dólar à vista caiu 0,49%, a R$ 4,8877, mais perto da máxima (R$ 4,8997) que da mínima (R$ 4,8645) intradia.

Ibovespa

Depois de ter sucumbido a um movimento de realização de lucros nesta quarta, 20, o Ibovespa retomou a tendência de ganhos e encerrou a sessão desta quinta, 21, em alta de 1,05%, aos 132.182,01 pontos, renovando mais uma vez o recorde no fechamento.

A aprovação da medida provisória da subvenção de ICMS pelo Senado na noite de ontem, o aumento dos preços de minério de ferro na China e o sinal positivo de Nova York após dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos puxaram os ganhos. O índice manteve-se em terreno positivo durante toda a sessão, desde a mínima de 130.822,35 pontos (+0,01%).

Na máxima, chegou a subir aos 132.276,93 pontos (+1,09%), menos de 100 pontos aquém do maior nível intradia, de 132.340,75, registrado na véspera. Mesmo com a tendência de redução da liquidez no fim do ano, o giro financeiro alcançou hoje os R$ 19,7 bilhões. A recuperação hoje foi disseminada, com ganhos 58 dos 86 papéis do Ibovespa e em todos os índices setoriais da B3. Mas o destaque foi o segmento de materiais básicos, que, no agregado, avançou 2,62%, puxado por Vale ON (+3,33%). Sozinha, a empresa respondeu por 0,49 ponto porcentual da alta do Ibovespa, beneficiada pelo aumento de 3,53% dos preços do minério de ferro em Dalian, devido ao baixo estoque da commodity na China.

No fim do dia, mesmo os papéis da Petrobras recuperaram o fôlego e ficaram próximos da estabilidade, depois de terem passado toda a sessão em queda, acompanhando a baixa em torno de 0,4% dos preços do petróleo. Petrobras PN subiu 0,03% e Petrobras ON teve variação zero. "Ontem, a Bolsa passou por um natural, aguardado e saudável respiro, com uma realização de lucros em meio à fadiga dos mercados internacionais. Hoje, voltamos a ver o mesmo processo de alta de antes, até porque temos visto uma melhora dos prêmios nessa reta final de aprovação de medidas do governo pelo Legislativo", afirma o analista da Empiricus Research Matheus Spiess.

O sinal positivo dos mercados de ações em Nova York também contribuiu com o desempenho do Ibovespa, em um dia de altas para Dow Jones (+0,87%), S&P 500 (+1,03%) e Nasdaq (+1,26%), após ajustes na véspera. A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) americano do terceiro trimestre, menor do que o esperado, e a revisão de dados de inflação do país para baixo deram ao mercado o sinal para aumentar o apetite por risco e precificar ainda mais cortes nos juros do país.

"Isso ajuda a amparar a virada dovish recente da comunicação do Fed e, se sustentado, abre a porta para cortes de juros mais cedo do que nós esperamos, em setembro", disse em relatório o economista principal da consultoria Oxford Economics para os EUA, Michael Pearce.

No fim da tarde, a curva de juros americana precificava 150 pontos-base de cortes nos juros e início do ciclo já em março, com 71,6% de probabilidade. As maiores altas do índice ficaram com Braskem PNA (+7,07%), Soma ON (+5,41%), Gol PN (+5,35%) e Usiminas PNA (+3,75%). Na ponta oposta, as maiores perdas foram de Casas Bahia ON (-5,12%), Alpargatas PN (-2,25%), IRB Brasil Re ON (-2,02%) e MRV ON (-1,84%).

Juros

Os juros futuros fecharam o dia com viés de alta, perto dos ajustes desta quinta, 20, num ambiente de liquidez que vem sendo cada vez menor com a proximidade das festas de fim de ano. O mercado tentou realizar lucros a partir do avanço das taxas dos Treasuries e em meio ao leilão grande de títulos prefixados. Porém, a correção foi limitada pela perspectiva de desinflação global reforçada após dados fracos nos Estados Unidos e pelo avanço da agenda econômica no Congresso, com a expectativa pela votação do Orçamento de 2024 e do projeto de tributação das apostas esportivas.

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e as entrevistas dos dirigentes do Banco Central foram acompanhados, mas sem impacto sobre a curva. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,060%, de 10,049% ontem no ajuste.

O DI para janeiro de 2026 terminou com taxa de 9,61%, de 9,59%. A taxa do DI para janeiro de 2027 passou de 9,67% para 9,72%, e a do DI para janeiro de 2029, de 10,07% para 10,11%. Os juros dos Treasuries, que seguem como referência importante para a renda fixa no mundo todo, recuavam pela manhã, influenciados pelo crescimento de 4,9% do PIB dos EUA, levemente abaixo do esperado (5,2%), e pelo núcleo do índice de preços gastos com consumo (PCE) com alta de 2%, em linha com a meta do Federal Reserve para inflação, ambos referentes ao terceiro trimestre.

Os indicadores estimularam ainda mais as apostas de queda de juros nos EUA em 2024, com o mercado chegando hoje a precificar um orçamento total de 175 pontos-base. Nesse contexto global, foi difícil para o mercado aqui engatar uma realização, ainda mais com o dólar em queda firme, chegando nas mínimas à casa de R$ 4,86. No fim da primeira etapa, porém, os yields passaram a subir.

A curva local acompanhou, mas com alta moderada até porque, apesar da inversão de sinal, o retorno da T-Note de dez anos, por exemplo, manteve-se abaixo de 3,90%. Ainda na primeira etapa, a oferta robusta do Tesouro trouxe volatilidade às taxas na B3, especialmente no miolo, onde estavam concentrados os maiores lotes do leilão. O Tesouro ofertou 23 milhões de LTN, sendo 1 milhão para 1/10/2024, 12 milhões no papel para 1/10/2025 e 10 milhões para 1/7/2027, com venda efetiva total de 20,5 milhões. Nas NTN-F, a instituição ofertou 1,5 milhão e colocou 1,350 milhão.

O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, diz não ver espaço para uma realização consistente na curva na medida em que a dinâmica para a renda fixa segue bastante favorável, dada a perspectiva de continuidade da desinflação e a tendência de menor volatilidade nos Treasuries.

"Se o cenário global se confirmar benigno, a inflação continuar caindo e não houver mudança da meta fiscal, a Selic pode chegar a 9,5%", afirmou. A expectativa da Monte Bravo por ora é de taxa terminal de 10,00%, mas deve ser revisada para baixo.

Na avaliação de Mathias, a ponta curta está com pouco prêmio, mas poderá ter uma nova pernada caso se desenhe a trajetória de Selic em um dígito. "A ponta longa ainda tem prêmio, especialmente nas NTN-B", afirma, citando que o cenário de inflação pode ficar ainda mais favorável considerando a expectativa de mais valorização do câmbio, com possíveis novas levas de fluxo para a bolsa e renda fixa.

"O dólar pode chegar a R$ 4,70 ainda no primeiro semestre." Mathias, da Monte Bravo, disse que o Relatório de Inflação não trouxe nada que mudasse a percepção sobre a Selic. Na entrevista, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, enfatizou que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é adequado e que "próximas reuniões" significam duas, portanto, com sinalização até março. Reafirmou que o ritmo não está diretamente ligado ao resultado fiscal do governo nem com medidas específicas de arrecadação ou corte de despesas.


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